Até 2010 havia crédito horário para atribuir aos professores que desempenhavam as funções relacionadas com a gestão do Plano Tecnológico da Educação nas escolas, o que deixou de se verificar este ano letivo (2011/2012).



No entanto os equipamentos tecnológicos continuam nas escolas, sem que haja condições para que se faça a sua manutenção, alerta a ANPRI.



A associação que representa em Portugal os professores de informática avançou recentemente com uma proposta que procura dar resposta à contenção económica sentida, mas também proporcionar condições para que se faça a necessária manutenção dos equipamentos, "rentabilizando o avultado investimento realizado em prol da integração das TIC em contexto educativo", referia esta semana num comunicado.



Os objetivos e enquadramento da proposta foram apresentados ao TeK por Fernanda Ledesma, da direção da ANPRI, numa curta entrevista.



TeK: O que levou à necessidade de criar esta proposta?

Fernanda Ledesma:
O que levou à necessidade de criar esta proposta foi o facto do equipamento existente nas escolas poder estar a degradar-se por falta de manutenção. Tendo em conta, que este ano letivo (2011/2012) foi reduzida ou cortada a carga horária atribuída aos professores com competências nesta área para o desempenho destas funções.

Uma vez que as escolas também não possuem condições financeiras para contratualizar empresas para este serviço é necessário ponderar outras soluções.



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TeK: Quais os seus objetivos?

Fernanda Ledesma:
Dar resposta às necessidades de manutenção do equipamento existente nas escolas e que é utilizado diariamente. Só estando funcional poderá ser devidamente utilizado na integração das tecnologias em sala de aula.



TeK: O que se passa atualmente? Quais as soluções que estão a ser ponderadas?

Fernanda Ledesma:
Neste momento há duas alternativas: ou se contratam empresas, para as quais as escolas não têm verbas, ou cada equipamento que avaria, assim permanece.


Há uma terceira, que não será exequível, nem viável por muito tempo: os professores com competências nesta área irem fazendo a manutenção por "amor à camisola" e porque lhes custa ver o equipamento a degradar-se.



TeK: Quais os principais pontos a destacar na proposta que apresentam?

Fernanda Ledesma:
As condições que apresentamos na nossa proposta são menores do que as existentes até 2010 e menos dispendiosas do que se as escolas tiverem de contratualizar empresas para dar assistência ao equipamento existente.


Este apoio próximo e diário garante o funcionamento e a manutenção do equipamento, para que possa ser utilizado por alunos e professores.



TeK: Na prática o que altera face ao modelo que vigorava?

Fernanda Ledesma:
Reduz a carga horária existente até 2010, mas continua a dar garantias da manutenção do equipamento.


Por outro lado garante a concentração de horas em menos docentes para que o trabalho desenvolvido seja de qualidade.


Atualmente com uma equipa há casos de atribuição de 45 minutos ou 90 minutos semanais a vários docentes, nos quais efetivamente não se consegue fazer nada ou muito pouco.


Nesta proposta consideramos que é preferível concentrar estas pequenas atribuições apenas num docente de modo que tenha pelo menos um dia por semana para cuidar do diverso equipamento tecnológico, Website, plataforma de elearning e sistemas de informação da escola.



TeK: O que está a ser proposto pelo Governo neste sentido? A extinção destas responsabilidades?

Fernanda Ledesma:
Não é ainda conhecida nenhuma proposta nesta área. No ano anterior, pelo assumir de funções tardiamente, mantiveram o que já estava definido pelo anterior executivo, que foi o corte de horas ou a sua atribuição na componente não letiva, que é muito reduzida neste grupo disciplinar, dado ser constituído essencialmente por professores numa faixa etária baixa, sem direito a qualquer redução.


Se o equipamento continua nas escolas é necessário encontrar soluções, ainda que sejam mais contidas do que as existentes, não nos parece uma opção viável - a degradação por falta de manutenção.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Patrícia Calé