A mudança de estratégia da Pioneer Electronics, especialmente com a saída do mercado de imagem marcada para 2010 e o encerramento da fábrica em Portugal, não terá impacto negativo neste ano. Mas a sucursal portuguesa já está a preparar o futuro, com novos produtos e apostas, para evitar a redução do volume de negócios em Portugal, explicou ao TeK Carlos Valente, Country Manager da operação portuguesa.

A área de aúdio e de vídeo faz agora parte dos principais planos da empresa, assim como os produtos para automóvel, mas a Pioneer quer sobretudo reforçar a confiança dos clientes na marca.

TeK - Qual o impacto que a reorientação da Pioneer Electronics Ibérica ditada pela saída do mercado de Plasma e LCD está a ter no negócio em Portugal, onde mantinha um peso significativo?
Carlos Valente :
A Pioneer anunciou em Março 2009 a saída do mercado de imagem com data prevista para Março 2010. Aquilo que poderíamos esperar era que o consumidor reagisse negativamente em relação à marca, mas na verdade aconteceu exactamente o contrário. As vendas de plasmas aumentaram de tal forma que pensamos terminar a comercialização dos plasmas até ao mês de Dezembro 2009 (houve um aumento das vendas na ordem dos 30% face ao mesmo período do ano anterior).

[caption]Nome da imagem[/caption] Quanto às outras áreas de produtos temos tido uma muito boa aceitação dos novos receptores/amplificadores, área de negócio em que queremos ser líderes de mercado já em 2011. Nas áreas de áudio/vídeo e navegação para automóvel temos uma oferta de produtos muito inovadora e com muito boa aceitação de mercado, tendo crescido em quantidade na ordem dos 12% em comparação com 2008.
Assim, e em conclusão, no ano corrente não prevemos impacto no negócio, uma vez que continuamos a comercializar os plasmas, e estamos a preparar o futuro reforçando as vendas nas áreas de negócio remanescentes como forma de evitar a redução do volume de negócios em Portugal.

TeK - Face a esta reorganização, quais são os objectivos da Pioneer a médio prazo em termos de estratégia de produto? Em que área vai focar a sua actividade?
C.V. :
Como mencionei anteriormente, estamos a focar a nossa estratégia nos produtos de áudio/vídeo (amplificadores, blu-ray, etc.) para casa e nos produtos para o automóvel (rádio CD/DVD e navegação). Uma área de negócio onde temos vindo a crescer de forma sustentado é a área de PRO-DJ que é constituída por produtos para DJ's e VJ's na qual somos reconhecidamente líderes de mercado.
O maior desafio está de facto no reforço da confiança do consumidor na nossa marca, uma vez que com o cancelamento do plasma, a marca Kuro que tínhamos vindo a promover perde sentido. Continuaremos com certeza a providenciar ao mercado produtos com elevados índices de inovação e fiabilidade, como sempre habituámos o nosso mercado.

TeK - A empresa tenciona num futuro próximo apostar na inovação em Portugal para o desenvolvimento de novos produtos relacionados com a área automóvel?
C.V:
A área de investigação e desenvolvimento da Pioneer está concentrada no Japão, país de origem da marca, e não existe intenção de alterar essa política. Em Portugal, iremos manter a capacidade autónoma de marketing no sentido de posicionar a marca como Premium e reforçar a nossa rede de distribuição e promoção de produtos junto do consumidor final. Sabemos que a Pioneer é reconhecidamente uma marca que inova tecnologicamente e que apresenta produtos com elevada fiabilidade e queremos manter esse nível de reputação.

TeK - De que forma pode a operação em Portugal apresentar mais-valias na estratégia do grupo nas áreas de automóvel, entretenimento e áudio e vídeo?
C.V. :
O mercado Português é um mercado muito pequeno, quando comparado com outros mercados europeus e mundiais, no entanto a Pioneer tem uma política de posicionamento uniforme e investimento equitativo, independentemente da dimensão do mercado. Nesse sentido, Portugal é um país que continua a interessar à Pioneer de forma equivalente a qualquer outro mercado e consequentemente apresenta mais-valias similares aos restantes países.

TeK - Quais são as expectativas da empresa em termos de facturação para o ano de 2009/2010?
C.V. :
Como mencionado anteriormente, este ano de 2009 é um ano de transição relativamente à perda da facturação relativa ao plasma, havendo planos no sentido de compensar essa mesma facturação com o reforço das vendas das linhas de produtos remanescentes. Assim sendo, a nossa perspectiva para o ano de 2010 é a manutenção dos níveis de facturação relativos a 2008 e 2009 que se cifraram nos 20 milhões de euros.

TeK - Estão previstos mais despedimentos face à reestruturação ou esta é uma fase encerrada?
C.V. :
Este tema é muito delicado, uma vez que a anunciada reestruturação a nível mundial em Março de 2009 ainda não se encontra concluída. Neste momento, a Pioneer está a realizar estudos de optimização das áreas administrativas e de controlo operacional, pelo que é prematuro afirmar que haverá mais despedimentos ou não.

Fátima Caçador