Improvável é o nome de uma série de acção que em Setembro estreia na Internet.
Cada episódio terá uma duração de 10 minutos, a pensar no tempo máximo que os vídeos podem ter no YouTube. Carlos Moura, humorista, é o mentor da ideia e promete mais sangue que humor, neste projecto que também conta com Fernando Alvim.

O protagonista de Improvável será um dentista que contracena com personagens fixas e participações especiais de artistas conhecidos. As filmagens acabam de começar e prometem-se muitos efeitos especiais.

O TeK falou com o "pai" do projecto para saber como nasceu a ideia e como vai desenvolver-se.

TeK: Como surgiu a ideia de fazer esta série - Improvável - para a Internet?
Carlos Moura:
Esta série surgiu da vontade de fazer entretenimento puro: uma história de aventura, suspense, com bastante acção. Cansei-me de ouvir pessoas a queixarem-se de que "neste país não se faz nada" e "porque é que não se aposta num estilo de ficção mais norte-americano", etc. Ora, como neste momento não há espaço para projectos de risco deste género nos canais de televisão, decidi desafiar o Fernando Alvim para esta solução alternativa, aproveitando também o surgimento da SpeakyTv. Sabíamos que havia desejo não só por parte do público mas também de muitos profissionais do sector, pessoas que andam cansadas do estabelecido, do institucional, do politicamente correcto. Além disso, é a melhor forma de mostrarmos que ainda há quem queira fazer diferente, de explorar novos caminhos.

TeK: Quais são as expectativas? A aposta no YouTube é uma forma de chegar a cliques, mas para além disso estão a pensar em parcerias que coloquem os episódios noutras plataformas ou os divulguem fora da net ou a ideia é mesmo fazer um teste à capacidade de propagação do produto na Internet?
C.M.:
Por enquanto, a net parece-nos o melhor caminho para alcançar directamente o público potencial desta série, e, pelo que temos observado, é bem possível que consigamos um número de espectadores tão grande ou até maior que alguns canais cabo. Vamos estrear os episódios em exclusivo na SpeakyTv e, alguns dias depois, num site oficial e em todos os restantes canais possíveis, como o YouTube, o Vimeo, etc.

Claro que, se depois algum canal de televisão quiser comprar a série por uma modesta fortuna, óptimo, (risos), mas por enquanto estamos bastante felizes com a liberdade da Internet. Penso que também haveria a possibilidade de disponibilizar os episódios em suporte mobile, se houver interesse de alguma operadora, mas nem sequer estamos preocupados com isso. O nosso objectivo, para já, é fazer a série e deixá-la ir à solta pela net. Depois, logo se verá.

[caption]Carlos Moura[/caption]

TeK: O que pode vir a seguir ao esperado sucesso Improvável?
C.M.:
Ah, essa do sucesso tem graça! Acho que o nosso sucesso é já o facto de termos uma equipa tão talentosa e motivada e de estarmos a conseguir gravar os episódios em si. Depois da estreia, um descanso será merecido - estamos todos a dever horas à cama. E, a seguir a isso, se possível, disparar com outros formatos ainda mais arrojados. Não percebo porque é que em Portugal não se faz ficção-científica ou terror. por exemplo...

TeK: Diz-se no diário online da série que para já este é um trabalho de voluntariado e puro amor à camisola. É grande a equipa "arregimentada"?
C.M.:
Não, não é grande, mas cresce de dia para dia. A equipa técnica, no terreno, anda à volta de dez pessoas. Na produção e guionismo, somos meia-dúzia e na pós-produção contamos com mais uns cinco malucos e algumas ajudas externas. Andamos a tentar alguns planos arriscados para quem não tem milhões, mas lá vamos juntando pc's e talentosos para "fazer milagres à portuguesa", com efeitos visuais e sonoros bastante satisfatórios!

TeK: Para quando está prevista a estreia mundial de Improvável e quantos episódios deverá ter?
C.M.:
Creio que vamos manter a data para Setembro - ainda sem dia certo - e a duração vai depender bastante do feedback do público. Por agora, estamos a prever cerca de 13 episódios, numa primeira série, mas a ideia de fundo permite adensarmos muito mais a narrativa e prolongarmos o sofrimento...

TeK: Para além do Carne P'ra Canhão, não existem por cá outros exemplos de séries online nestes moldes. Na sua opinião há um mercado por explorar ou um mercado a criar?

C.M.:
Acho que é um pouco de tudo. A net está muito mais crescida do que se julga e os canais de televisão tradicionais já estão a sentir a fuga do público para outros suportes. Acho que toda a gente sabe que há um bom mercado online mas, enquanto não se mostrar obra feita e não se der os primeiros passos, há muito receio por parte de potenciais investidores. Creio que é preciso fazer e mostrar, quebrar o gelo.




Cristina A. Ferreira