Focada no mercado de eProcurement desde os primeiros passos da contratação eletrónica, a Gatewit tem indo a crescer e a solidificar o negócio em Portugal, onde detém uma fatia de mercado significativa, com maior expressão nas compras públicas.

A par de um processo de transformação, que levou à mudança de nome de Construlink para Gatewit, a empresa decidiu lançar-se também em mercados internacionais, onde Pedro Vaz Paulo, CEO, acredita que tem mais valias e também boas práticas para partilhar.

[caption]Pedro Vaz Paulo[/caption]

TeK: A Gatewit tem estado a apostar fortemente na internacionalização. Qual é o peso de negócio que querem fazer a nível internacional a curto/médio prazo?

Pedro Vaz Paulo:
A Gatewit é uma empresa atenta ao mercado em que opera, Tecnologias de Informação, indo ao encontro das necessidades das maiores empresas mundiais que procuram soluções eletrónicas mais eficientes e que procuram controlar a sua despesa. Atualmente, estamos presentes em Portugal, Espanha, Brasil, Estados Unidos, México, China, Reino Unido e mais recentemente na Índia.

O processo de internacionalização tem vindo a reforçar a estratégia de crescimento da Gatewit e contribuído para aumentar os níveis de competitividade da empresa. O conhecimento e a experiência adquiridos através dos projetos desenvolvidos nos mercados internacionais, bem como a flexibilidade das soluções e serviços que oferecemos, permitem-nos competir com as maiores tecnológicas mundiais.

Os mercados externos representam cerca de 20% do nosso volume global de negócios, sendo que Espanha e Brasil são os mercados externos com maior peso no nosso negócio.

A internacionalização é chave para o crescimento da Gatewit. Numa altura de crise e em que o mercado português está em fase de maturação a aposta em novos mercados é fundamental. Este é o momento chave para explorar novas regiões do globo e ir ao encontro das necessidades das empresas mundiais que procuram soluções de compras eletrónicas, melhorando a eficiência dos seus processos e a produtividade dos seus colaboradores

A nossa estratégia de internacionalização vai manter-se e vamos continuar a apostar em novos mercados internacionais, em particular na Europa.
Exemplo do sucesso desta nossa aposta na internacionalização foi por exemplo, em 2012, termos recebido uma distinção pelos UKTI Business Awards, como uma das empresas que mais se destacou na área da internacionalização. Os UKTI Business Awards são uma iniciativa anual que distingue empresas e projetos portugueses que, no último ano, investiram e expandiram os seus negócios no Reino Unido.
Esta distinção veio premiar o esforço da Gatewit na sua estratégia de internacionalização, provando que cada vez mais nos afirmamos como um centro exportador de excelência, com capacidade de resposta aos desafios cada vez mais globais.

TeK: Porque escolheram o modelo de criar empresas locais em vez de manter subsidiárias da empresa portuguesa?
Pedro Vaz Paulo:

A estratégia de expansão internacional da Gatewit centra-se em equipas locais, perfeitamente enquadradas e conhecedoras da realidade económica e social de cada país, e capazes de responder às necessidades e especificidades do mercado. Uma estratégia baseada em capitais próprios e um princípio de gestão cuidada, conquistando clientes e reforçando as equipas.
Nos processos de internacionalização as empresas que estão a tentar fixar-se em determinados países têm de cumprir uma série de requisitos, inclusivamente se trabalharem diretamente com a Administração Pública, como é o caso da Gatewit, e desta forma, ao criarmos empresas locais, essas burocracias acabam por ser simplificadas.

Na nossa perspetiva o ideal é termos um modelo com presença direta, sobretudo para se dar suporte. O nosso produto não se consegue vender com parceiros. Carece de demonstrações e técnicos locais.

A nossa plataforma é muito especializada e precisa de localização jurídica e equipa de consultoria. Não é um produto normalizado.

TeK: O recrutamento é feito também localmente ou deslocam recursos portugueses para esses países?

Pedro Vaz Paulo: A nossa estratégia passa por criar presença local com escritórios e empresa criada em cada um dos países. Todas as equipas internacionais são compostas com recursos humanos locais. Os recursos locais são sempre apoiados pelo Departamento Internacional que dá suporte a todas as suas atividades. Numa fase inicial, é muito importante ter recursos portugueses que conheçam bem a atividade e possam dar formação e suporte à equipa no local, com a evolução da equipa os recursos portugueses regressam a Portugal.

TeK: No processo de internacionalização estão também a focar as compras públicas?

Pedro Vaz Paulo:
A Gatewit tem uma diferente estratégia em cada um dos países em que atua, portanto o foco nas compras públicas depende bastante do mercado em que estamos a entrar. De qualquer forma, existem países em que o foco é na contratação pública, como por exemplo em Espanha. À semelhança do Código dos Contratos Públicos em Portugal, é um país que impulsiona a utilização de plataformas eletrónicas de contratação pública. A Gatewit tem procurado ir ao encontro da diretiva europeia que obriga a que estejamos focados em partilhar o nosso conhecimento e boas práticas com restantes países europeus, no sentido de adotarem ferramentas eletrónicas de contratação até 2016.

Além do processo de internacionalização, a Gatewit está envolvida na Agenda Digital Europeia. A partir de 2016, o objetivo da Comissão Europeia é que a contratação pública comece a ser feita em todos os estados membros através de plataformas eletrónicas, que visa gerar poupanças aos contribuintes. Estamos por isso numa posição privilegiada para responder positivamente a esta orientação, dado que somos líderes no mercado nacional e fomos a primeira empresa portuguesa a criar uma plataforma de compras eletrónicas adaptada à legislação em vigor.
A nível europeu, o objetivo é, até 2020, reduzir cerca de 20% dos custos.

Acredito que o mercado português poderá servir de exemplo para os restantes países da União Europeia durante o processo de transição para o eProcurement. Numa altura em que os orçamentos são "esticados", as soluções de eProcurement prevêem reduções de custo na ordem dos 30%, o que é claramente um valor muito significativo como parte da despesa global do setor público da UE. A adoção antecipada por muitas entidades do setor público indica a enorme expectativa de que o eProcurement terá um forte impacto no futuro das compras públicas.

TeK: A Gatewit está em países com diferentes níveis de maturidade no procurement, como o Reino Unido e o Brasil, que estão em extremos opostos. Que benefícios tiram desta diferenciação?

Pedro Vaz Paulo: A Gatewit deu início à sua estratégia de internacionalização em 2011, abrindo escritórios no Brasil e Espanha, para fazer face à crescente procura e reconhecimento dos seus serviços de qualidade na Europa e na América do Sul, respetivamente. Desde então, a empresa tem vindo a desenvolver operações em outros países, como descrito anteriormente. Tem sido um processo gradual com a entrada em novos mercados estratégicos e onde temos vindo a alcançar bons resultados com inúmeros projetos já fechados.

Através da nossa presença nas principais regiões do Globo, conseguimos identificar novas oportunidades de negócio e alargar o nosso portefólio de produtos e serviços. Desta diferenciação de mercados conseguimos aproveitar o que de melhor têm para podermos desenvolver o nosso negócio, adaptado a cada realidade. As preocupações das empresas em diferentes mercados são semelhantes, só os níveis de desenvolvimento é que são diferentes.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico