Enterprise Architectures - novo modelo de flexibilidade para melhor união/maior sinergia entre a Tecnologia e o Negócio

Por Rui Moita*

Na era actual as organizações deparam-se cada vez mais com desafios de elevada complexidade. No domínio da sua adaptação aos mercados em que operam, o ritmo de mudança dos contextos corporativos atingiu o seu auge, não sendo já suficiente disporem apenas de sistemas de suporte que cumpram com fiabilidade os seus propósitos. As grandes questões passam hoje pela actualização tecnológica, compliance, produtividade, segurança, redução do time-to-market, entre outros, num ambiente globalizado de grande competição. Igualmente importante para muitas organizações é a possibilidade de agilizarem e simplificarem os mecanismos pelos quais são capazes de replicar e unificar o seu modelo operativo, quer em processos de fusão, de aquisição ou qualquer outra mudança organizacional.

As soluções para os grandes desafios corporativos do nosso tempo, passam invariavelmente pelo recurso às tecnologias de informação, nas quais o tema das arquitecturas é um requisito basilar. Surge então neste universo um novo conceito que exprime assertivamente o fulcro da abordagem aos desafios enunciados: Enterprise Architecture.

A definição de Enterprise Architecture é global, mas não consensual. Entendemo-la como o conjunto de processos, aplicações, dados e infra-estruturas tecnológicas que um departamento de sistemas proporciona a uma organização para que possa desenvolver a sua actividade, fornecer bens ou serviços aos seus clientes, da forma mais eficiente. A definição mais particular de Enterprise Architecture, própria e específica de cada entidade, tem no entanto implicações profundas sobre a sua actividade. Por não disporem de arquitecturas flexíveis e adaptáveis à dimensão das suas necessidades específicas, muitas empresas debatem-se com a dificuldade de aplicar os seus processos aos desígnios propostos pelas áreas de negócio, regulamentação, metodologias, critérios de qualidade e outros, incorrendo em elevados custos e morosidade.

[caption]Rui Moita, manager da Everis[/caption]

Este tipo de situação gera ineficiências de grande impacto nas organizações, as quais enfrentam dificuldades para alterar este paradigma. Apesar de ser impensável recomeçar do zero, é essencial investir numa fase de análise e diagnóstico para depois se poder definir a melhor forma de gerir as questões identificadas e que, muitas vezes, passam pela (re)organização de todos os seus activos.

Como proceder então num projecto com vista à redefinição da Enterprise Architecture?

1) A organização deve documentar os seus processos com ferramentas adequadas, tornando-os inteligíveis. Devem ser consideradas as métricas necessárias para medir a sua eficiência, sendo este um ponto fulcral para que esta actividade não redunde numa apresentação enciclopédica e obsoleta - tudo o que se mede, melhora;
2) Concluída a modelação, é necessário traduzir os processos em algo perceptível por um sistema de informação, isto é, devem fazer-se as especificações formais para o suporte informático;
3) Finalmente, é necessário integrar os dois mundos: as aplicações previstas e os processos previamente modelados. Este tipo de integração pode-se fazer de acordo com as tecnologias orientadas a serviços, Service Oriented Architecture - SOA, que visam decompor as aplicações informáticas num conjunto de serviços fornecidos, para posteriormente os agrupar em serviços orientados ao negócio que correspondem às necessidades dos processos da organização.

Concluídos estes três passos, a organização irá dispor de um inventário de todos os activos que necessita para melhor poder modelar a sua actividade. Inventariar e relacionar a informação não resolvem a questão por si só. Será necessário usá-la e, fundamentalmente, mantê-la actualizada para que seja verdadeiramente útil. Uma arquitectura que represente um activo diferenciador, terá de ser orientada aos objectivos do negócio e permitir a criação de metodologias de desenvolvimento ágil, bem como uma adaptação flexível a novos conceitos, como os modelos colaborativos e Enterprise 2.0.

O novo paradigma que as Enterprise Architectures nos oferecem, e graças ao qual é possível criar uma maior unidade entre o negócio e as TI, apresenta vantagens relativamente aos custos dos processos de convergência operacional e abre caminho para um novo modelo de flexibilidade, princípio de extrema relevância num mundo de negócios em constante mudança.

*Manager da everis