A Motorola escolheu a baixa do Porto para montar uma rede de teste UMTS operada pela Optimus. Da experiência as empresas passaram a um contrato mais extenso que atribui à Motorola a construção da infra-estrutura de rede de suporte aos serviços 3G da operadora no norte de Portugal, ao longo dos próximos três anos.



Nos quatro meses que precederam a formalização do contrato, o período de testes serviu para experimentar a capacidade de cobertura de zonas geograficamente pouco regulares e mostrar a parceiros e clientes o funcionamento da rede, a interoperabilidade GSM/UMTS, as aplicações e os terminais.



Nos últimos anos a Motorola tem reforçado a sua aposta no mercado europeu e a experiência acumulada com o desenvolvimento de 60 infra-estruturas de rede CDMA é agora usado pela empresa como um trunfo para aumentar presença no velho continente.



Laith Sadiq director de estratégia da Motorola Infra-Estruturas para a região EMEA conversou com o TeK para explicar as razões da opção pelo Porto, dar uma visão do mercado móvel português e da realidade europeia. O responsável fala sobre a evolução do mercado 3G e das aplicações estrela da tecnologia, focando ainda todas as barreiras ultrapassadas até que a tecnologia chegasse às mãos dos consumidores.



Relativamente a este aspecto, a sua visão é de que os grandes desafios foram ultrapassados, o serviço está aí e a última das grandes barreiras é estética e de funcionalidade e passa por conseguir dar aos terminais de terceira geração um aspecto idêntico ao dos pequenos e funcionais telemóveis GSM.



TeK:O que levou a Motorola a optar pela cidade do Porto para realizar este trial3G?

Laith Sadiq:
Uma das principais razões que nos levaram a optar pela cidade do Porto foi termos uma parceria muito boa com a Optimus. Trabalhamos bem com eles o que nos garantiu uma excelente integração de serviços e infra-estruturas que podemos agora mostrar aos parceiros e outras pessoas para dar a conhecer todas as características de uma rede 3G, as aplicações possíveis, etc. Por outro lado, a baixa Porto pelas suas características geográficas, foi uma zona difícil de trabalhar e fornecer cobertura, pelo que representa para nós um bom desafio à capacidade de resposta da rede em zonas irregulares.



TeK:Como caracteriza o mercado português no contexto europeu, tendo em conta a elevada taxa de penetração móvel que aqui se verifica?

L.S.:
Essa é uma situação que se repete em muitos dos mercados europeus. É assim em Espanha, no Reino Unido, na Alemanha e em muitos países nórdicos. São mercados saturados em que os operadores têm de delinear novas estratégias para manter o nível de receitas e captar novos clientes. É uma realidade que se verifica para operadores e fabricantes e que obriga a uma aposta em novas aplicações, novas tecnologias - como o UMTS - e novas funcionalidades - como os equipamentos push to talk, por exemplo.



TeK:Há um maior esforço no direccionamento das ofertas disponíveis?

L.S.:
Penso que sim. A questão para os operadores é saberem como podem aumentar as receitas, tendo em conta a saturação do mercado. Para isso é necessário fazer uma maior segmentação e oferecer cada vez mais conteúdos especificamente dirigido a cada um destes segmentos.



TeK:Como vê a evolução do UMTS, num espaço de três anos?

L.S.:
Acredito que a tecnologia avance a ritmos distintos nos vários países, conforme as imposições regulatórias de cobertura definidas em cada um deles. Do lado dos terminais, estes irão ter uma dimensão cada vez mais reduzida, vão tornar-se mais baratos e oferecer cada vez mais em termos de resolução do ecrã, cores, etc. Isto será uma evolução fundamental. Acredito que os telemóveis são a última barreira a ultrapassar para o sucesso do UMTS. Num primeiro momento foram as questões da rede - que precisava estar estabilizada e em funcionamento - uma vez ultrapassadas estas questões, falta apenas continuar a trabalhar para que os terminais se aproximem cada vez mais daquilo a que estamos habituados no GSM. A este nível muito já foi feito, mas o trabalho continuará contribuindo para o sucesso do serviço.



TeK:Em sua opinião que aplicações virão a ocupar um lugar central no 3G?

L.S.:
Penso que aplicações como o vídeo streaming ou vídeo conference venham a tornar-se aplicações de sucesso, assim como um conjunto de outras aplicações de dados. Por outro lado, a voz continuará a ter um papel central. O 3G significa mais capacidade de dados, mas também maior capacidade de voz e para a maioria dos operadores a voz tem um peso muito relevante, o que não deverá mudar no curto prazo.



TeK:Quantos terminais 3G a Motorola prevê lançar ao longo deste ano?

L.S.:
Não lhe sei dizer. Temos dois modelos já disponíveis e estão previstos outros dois que contamos lançar mais para o final do ano. É o que posso avançar para já.



Cristina Ferreira