Depois de uma primeira aposta mal-sucedida no segmento dos smartphones, a Kodak volta a tentar a sua sorte com um telefone que recupera um dos nomes mais míticos da sua história. Este Ektra, no entanto, dificilmente conseguirá marcar uma geração de produtos como a homónima câmara lançada em 1941.
Com especificações que não fazem jus ao preço de venda e uma câmara que não potencia os resultados que a Kodak se propôs a alcançar, o Ektra parece estar condenado ao esquecimento no meio de um mercado altamente competitivo que cada vez mais oferece soluções capazes a preços muito inferiores ao desta proposta.
Design
Numa altura em que os smartphones são vidro, metal e 90% de display, o Kodak Ektra parece um elefante numa loja de porcelanas. Com uma traseira em pele, uma moldura metálica e uma dianteira em vidro, com bordas bem evidentes, o novo smartphone da marca norte-americana distingue-se da concorrência por parecer um LG KU990, um telefone lançado em...2007.
Neste aspecto, as opções mais arrojadas são até concordantes com as intenções da empresa. Da saliência da lente à textura do material utilizado na tampa do equipamento, passando pelo volume da zona inferior, que confere mais aderência na altura de registar fotografias e vídeos, todos estes pormenores convergem no sentido de dar ao Ektra uma aparência semelhante à de uma DSLR. Mas embora cumpram com essa missão, falham com a de tornar este telefone num equipamento atraente.
Num aparelho de 150 euros, pormenores como estes são facilmente esquecidos. Num que chega a custar mais de 500, nem por isso.
Especificações e Performance
No papel, as características técnicas deste equipamento não ficam em linha com o seu preço de mercado. E a câmara, por sua vez, destoa ligeiramente do foco que a empresa lhe dá.
Em síntese, este telefone integra uma bateria de 3.000 mAh, um ecrã LCD de 5 polegadas com uma resolução de 1.080 x 1.920, 3GB de RAM, 32GB de armazenamento interno, expansíveis por microSD, um processador de dez cores MT6797 Helio X20 de 2,3 GHz e uma entrada USB-C que suporta carregamentos rápidos.
As câmaras, traseira e frontal, chegam aos 21MP e 13MP, respetivamente.
Se avaliarmos o conjunto no papel, o resultado fica um pouco aquém do que seria expectável para um equipamento desta gama. Tome o OnePlus 3T como elemento de comparação, por exemplo. Mesmo com um preço de mercado semelhante ao Ektra, o smartphone consegue apresentar 6GB de RAM, até 128GB de armazenamento, um Qualcomm Snapdragon 821 e uma câmara que, na prática, oferece melhores resultados.
Durante a utilização do telefone, contudo, não notámos qualquer problema no seu funcionamento. Não é a melhor máquina para rodar jogos de topo, como o Asphalt 8, mas não terá grandes dificuldades em lidar com títulos menos exigentes.
Os 10 cores do processador, no entanto, enganam. Embora possa parecer um dos componentes mais musculados do sistema, a maioria destes são utilizados para lidar com tarefas pouco exigentes. E isso sente-se no processamento de imagens, por exemplo, onde o telefone demorou algum tempo a responder.
A bateria é um dos pontos menos positivos, neste âmbito. Com 3.000 mAh de capacidade, o Ektra é capaz de aguentar um dia de utilização se a cingir aos básicos. Por outro lado, se utilizar o telefone para tirar fotografias durante todo o dia, dificilmente conseguirá mantê-lo ligado antes de terminar o dia.
Câmara
A câmara é o grande atrativo deste smartphone. Ou pelo menos é assim que a Kodak a anuncia. No entanto, nela, não há nada de assinalável.
Apesar de existirem vários pormenores e extras que representam surpresas positivas na utilização da câmara do Ektra, os resultados finais não reproduzem o conjunto de características técnicas que lhe são imputadas.
No conjunto fotográfico principal o smartphone oferece um sensor de 21MP com uma abertura focal de f/2.0, um sistema de focagem automática - que funcionou com algumas falhas - e um estabilizador ótico de imagem que não foi competente na gravação de vídeos.
O lançamento da câmara é demorado quando comparado com os topos de gama da atualidade, mas há modos de captação que chegam a demorar vários segundos até os conseguirmos ativar. O efeito Bokeh, que desfoca o fundo de uma fotografia para destacar o primeiro plano da mesma, tal como o modo Retrato do iPhone 7 Plus, é um deles, chegando a levar 10 segundos para ativar.
E o mesmo problema foi notado em planos macro. Neste caso, no entanto, mais foram as vezes em que não conseguimos utilizar o modo em condições, transformando as imagens num grande amontoado de cores desfocadas.
Nos resultados finais notam-se grandes borrões de luz e, por vezes, cores demasiado saturadas, criando fotografias pouco fiéis ao prometido pela Kodak. Em suma, más.
Os registos que captámos com luminosidade reduzida, por outro lado, foram positivas. Embora a qualidade deixe também a desejar, a luz que se obtém é um bom apontamento.
Na câmara frontal, que tem 8MP, é igualmente difícil focar um ponto. E isto mesmo numa selfie de fundo plano, onde não existem grandes distrações visuais.
Neste caso, o ruído também é um problema.
Enquanto a "cultura Kodak" e a palavra "Ektra" possam ser suficientes para despertar a curiosidade dos aficionados pela fotografia, este equipamento só deverá apelar ao nicho dos maiores colecionadores da marca norte-americana. Se estiver à procura de um smartphone com boa câmara, ou se estiver simplesmente à procura de um smartphone com uma câmara qualquer, este modelo não é uma boa opção.
A performance, embora razoável, não é adequada ao valor do equipamento; a câmara não tem a capacidade que a empresa quer vender e o design do telefone não faz dele um gadget atraente.
Pelos 529 euros que teria de desembolsar pelo Ektra - se o comprasse na Fnac - há muitas alternativas de topo que deixam este smartphone a um canto.
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