Não há nada de novo a dizer sobre o iPad? O tablet da Apple tem sido um dos equipamentos mais referidos no TeK desde o seu lançamento no início deste ano. Aliás, já antes fazia notícia, com os rumores que habitualmente antecipam os grandes anúncios da empresa de Steve Jobs.

As características técnicas, as vantagens e falhas, as abordagens de mercado e a aceitação que conseguiu - assim como a tendência que lançou e as estratégias dos outros fabricantes para ocuparem espaço no mercado - foram já largamente analisadas pela redacção, que teve oportunidade por várias vezes de experimentar o iPad.

A chegada ao mercado português na semana passada não trouxe, por isso, grande novidade. Os preços eram os antecipados, entre 499 e 799 euros consoante a memória incluída e a ligação Wi-Fi ou Wi-Fi + 3G, iguais a vários países da Europa mas diferentes dos praticados pelos "nuestros hermanos" espanhóis, que têm preços ligeiramente mais baixos na loja online, entre 488 e 793 euros. Uma diferença para a qual não tenho explicação e que nem o IVA diferente justifica, já que França e Alemanha cobram os mesmos valores que Portugal.

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O modelo de negócio em Portugal é também equivalente ao adoptado noutros países: a venda é feita em lojas e não através dos operadores, embora estes se apressassem a lançar pacote de tarifários de dados especiais para o iPad e um novo modelo de utilização que se impõe com este equipamento.

Por isso interrogava-me sobre a análise exigida ao produto. Mesmo para os leitores do TeK as novidades são escassas: haverá uma percentagem difícil de ignorar que já tem um iPad - e que é cada vez mais visível em conferências e reuniões de trabalho - enquanto muitos outros já terão experimentado o conceito, mesmo que por pouco tempo, em lojas ou usando os tablets de amigos e colegas.

Mas a diferença reside mesmo ai: há uma grande distinção entre ler sobre o iPad e até fazer algumas experiências e uma utilização continuada e "personalizada". Foi isso mesmo que senti quando na terça-feira trouxe para a redacção um iPad 3G novinho em folha, com todos os acessórios essenciais para uma utilização mais rica.

Em vez de explorar apenas as funcionalidades, a rapidez do interface e a sensibilidade ao toque pude ligá-lo à minha conta de email, ao iTunes e personalizá-lo com as minhas aplicações preferidas e as fotografias mais recentes.

A primeira configuração é fácil e passa - como no iPhone - por um primeiro acesso ao iTunes, ligado pela porta USB ao computador. Quem não tem a aplicação instalada (não é nenhuma admiração, sobretudo se for o primeiro equipamento da Apple adquirido) deve fazê-lo para que o iPad se autentique. Só depois disso tem acesso ao interface do equipamento para configurar a ligação Wi-Fi e 3G (se for suportada pelo modelo).

Não há qualquer dificuldade na ligação ao email, se for um webmail, embora se torne um pouco mais complexo no caso de um servidor de correio empresarial Exchange, mas nada que uma consulta à informação de domínio, nome de servidores de entrada e saída e configuração de segurança não resolvam. O email é - aliás - uma melhorias significativas garantidas pela nova versão do sistema operativo iOS 4.2, com a unificação da caixa de correio e a facilidade na abertura de anexos de diferentes formatos.

Ao fim de meia hora o iPad já era "meu", artilhado ao meu gosto e de acordo com os meus interesses pessoais e profissionais, incluindo alguns euros adicionais desembolsados para comprar as aplicações de produtividade da Apple, o Pages e o Numbers, para escrever textos e fazer cálculos, que juntos perfazem 16 euros…

Contas feitas às primeiras personalizações, só uma expectativa saiu furada: a da presença das publicações portuguesas na plataforma. É fácil dizer que se tem uma aplicação para iPad e colocar o ícone na loja também não parece ser complicado, mas tornar essa presença efectiva já é mais delicado.

[caption]apdc[/caption]Depois da APDC ter estreado na semana do Congresso a colocação da Revista Comunicações online para iPhone e iPad (ainda antes deste ser lançado), com o NiceReader, que garante uma experiência muito interessante de navegação nas páginas e adição de elementos multimédia adicionais, a Visão, o DN e o jornal O Jogo estão no top de aplicações gratuitas da App Store, mas acabam por ser uma desilusão.

A Visão tem uma versão de experimentação que demora tempos infindos a descarregar, sem deixar consultar nenhuma página no entretanto, fazendo com que qualquer utilizador perca rapidamente a paciência. O DN, o Jogo e o JN ainda se tornam mais complicados: é exigido um registo e quando um novo utilizador tenta subscrever o serviço é redireccionado para um site internacional da Newspaperdirect que refere o Daily Sport newspaper em ePaper e que não transmite a menor confiança…

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Resta a (excelente) aplicação de Banca SAPO para ver as capas dos jornais sem poder espreitar o interior. Sem querer "puxar nenhuma brasa a qualquer sardinha" (ou SAPO), esta é uma das aplicações de que sou fã em várias plataformas. E não tem nada a ver com o facto do TeK estar alojado neste portal.

Percalços editoriais à parte, foi só quando levei o iPad para casa, ainda por cima em véspera de feriado, que começou a disputa. Todos os membros da família queriam experimentar, quer pela navegação Web, os jogos, as músicas ou até pelo iTunes U, uma ferramenta que já conquistou miúdos e graúdos pela qualidade e diversidade de temas abordados em aulas gratuitas. Tudo áreas onde o iPad ganha claramente perante o ecrã mais limitado do iPhone.

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O dilema sobre partilhar o iPad ou mantê-lo numa esfera absolutamente pessoal e exclusiva não durou mais de um minuto. Até porque a pressão não o permitia, e o Tablet acabou por circular entre várias mãos, arrancando sempre expressões de agrado e admiração perante a forma como as fotografias são apresentadas, a facilidade e qualidade com que se acede aos vídeos do YouTube, e - claro - a música descarregada da conta do iTunes e sincronizada com os outros equipamentos da mesma conta.

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Os mapas fazem também a delícia dos mais curiosos que querem ver as suas localizações preferidas no Google Maps ou no Google Earth (que é instalado como aplicação) e não faltou quem se apressasse a pôr na lista de Natal livros para encher as prateleiras do iBooks.

O resultado é fácil de ver: nos últimos 7 dias o iPad passou a fazer parte dos acessórios obrigatórios da mesa da sala de estar, e naturalmente dos momentos de lazer ao fim do dia. Organizar os "acessos" é que se torna mais complicado, estando instituído um sistema de partilha sem conflitos que nem sempre funciona da melhor forma…

Partilhe ou não o iPad com a família, há duas notas técnicas a salientar: a duração da bateria é uma agradável surpresa, porque é fácil que se aguente durante alguns dias sem precisar de a colocar a carregar. E quando chega esse momento, basta ligá-la a uma porta USB (tem de ser 2.0) para recuperar energia, desde que não esteja totalmente descarregada.

Para quem já tem um iPhone fica também o aviso adicional: pode carregar o smartphone com o carregador do iPad de ligar à ficha eléctrica, mas não o contrário, já que o tablet é mais exigente.

Um comentário mais pessoal para quem gosta de tudo arrumadinho: vale mesmo a pena comprar uma capa ou vai estar sempre com medo de riscar ou partir o iPad, sobretudo quando há crianças por perto. E já agora, mantenha sempre à mão o pano (que a Apple inclui no pacote). É preciso estar constantemente a limpar as muitas dedadas que vão poluindo o ecrã e o deixam com um aspecto sujo e feio.

O balanço final da experimentação é simples. Depois de ter experimentado o Samsung Galaxy Tab e passado os dedos pelo Toshiba Folio 100 (que ainda não tive tempo de explorar completamente) não é arriscado dizer que a Apple conseguiu mais uma vez fazer um produto que vicia e encanta os utilizadores pela simplicidade de utilização e performance do interface.

Pode não ser a melhor opção de preço, mesmo nos conteúdos, mas já todos sabemos que o que é bom normalmente paga-se bem...

Fátima Caçador

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