Uma máquina que cabe na palma da mão e que garante uma qualidade de imagem que faz os utilizadores esquecerem outros segmentos de máquinas fotográficas, como as DSLR. O que até há uns anos parecia uma utopia, está agora mais generalizado do que nunca.

Todas as grandes fabricantes da área da fotografia têm um modelo assim, ambicioso. Uma point-and-shoot com tanta tecnologia compactada que corre até o risco de sofrer descrédito justamente pelo tamanho reduzido do equipamento.

Mas tal como noutras áreas da vida, o tamanho não é tudo. A Sony RX100 III já tinha deixado isso bem claro. E se dúvidas persistem, então a Panasonic Lumix 100 está cá para desfazê-las de vez.

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Nas semanas de teste à máquina sobressaiu a qualidade da fotografia, mas surpreendeu muito mais a qualidade de gravação de vídeo. E ao mesmo tempo que ficámos contentes pelo facto de a câmara permitir um grande nível de controlo manual das definições de fotografia, ficámos ao mesmo tempo a temer por muitos consumidores devido à complexidade que a câmara emprega.

Pois para muitos a escolha de uma compacta faz-se por causa disso mesmo: uma máquina que entrega de forma rápida e intuitiva aquilo a que se propõe - fotografia e vídeo. A Lumix 100 também entrega isto, mas num pacote que por vezes pode transformar-se num quebra-cabeças.

Conquista do respeito



No último relatório do mercado das tecnologias em Portugal, o segmento da fotografia é o que está em maior crise. As quedas anuais nas receitas rondam os 30%. E o motivo está nos smartphones e na crescente qualidade dos sensores fotográficos que são incluídos nestes terminais móveis.

Uma das áreas que mais tem sofrido é justamente a das câmaras compactas. Pois por muito pequenas que sejam, os smartphones são sempre mais apelativos, mais conectados e mais funcionais. E apesar da aposta que tem havido em sensores de grande qualidade - como o do Xperia Z3 da Sony ou o do Lumia 1020 da Nokia - a verdade é que a qualidade da imagem não pode ser comparada como muitos fazem crer.

Ficam aqui alguns exemplos de fotografias conseguidas com a Panasonic Lumix 100 e que, na nossa opinião, ajudam a guardar e a reconquistar o respeito que o segmento das máquinas fotográficas merece:

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Pelas imagens fica notório que a Lumix 100 entrega uma grande qualidade de imagem, sendo que os elementos quando bem iluminados estão também guarnecidos de uma excelente definição de recorte que destaca cada elemento das composições.

E por este motivo a máquina point-and-shoot da Panasonic consegue criar bons efeitos de profundidade, não só quando o utilizador tenta destacar o primeiro elemento, como quando tenta uma fotografia mais ampla, onde todos os elementos estão em evidência.

Uma nota ainda para o facto de os bons resultados serem conseguidos tanto dentro como fora de portas, pois mostra um comportamento de qualidade mesmo quando não existe uma iluminação natural. Mas fica também a nota de que o sensor fotográfico não tem um grande desempenho em situações de fraca luminosidade.

De noite, por exemplo, apesar de conseguir “iluminar” bem os elementos da fotografia, a imagem acaba por sair com muito grão e se no ecrã de três polegadas da Lumix 100 o resultado parece bem conseguido, quando visualizadas no computador as imagens perdem parte do seu impacto.

Já os contrastes e as cores parecem ser outros elos mais fracos desta câmara. No caso dos contrastes as diferenças entre o escuro e o claro, as sombras e o iluminado, estão lá, mas não são suficientemente bem acentuadas. No caso das cores apenas há a apontar o facto de serem muito frias - apesar de serem reais, isto é, de representarem bem o mundo que aparece diante dos olhos, em alguns tons nota-se falta de saturação que tornam a composição final mais apelativa.

Isto não é um problema de maior pois num software de edição de imagem com uns pequenos ajustes rapidamente se consegue o efeito pretendido. Mas para os que gostam de resultados visualmente “quentes” e apelativos, a Lumix 100 pode ficar um pouco abaixo das expectativas.

Tecnologicamente falando, a compacta topo de gama da Panasonic é composta por um micro sensor de 4/3 - quatro-terços - que permite a integração de um comutador de formato, já que os utilizadores podem por exemplo tirar fotografias em 1:1 ou 16:9, algo que é conseguido como efeito real do sensor e não através de uma adaptação digital.

O micro sensor não entrega a mesma qualidade de imagem que existe nas DSLR, por exemplo, pois a sua área total acaba por ser significativamente mais pequena. No entanto consegue garantir uma área várias vezes superior ao das câmaras compactas, que é o campo no qual a Lumix 100 luta e é portanto aquele com o qual realmente importa comparar.

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O sensor escolhido tem uma resolução de 16,8 megapíxeis, mas a resolução real das fotografias é de 12,8 megapíxeis - não se deixe assustar pelo valor já que o resultado das fotografias não fica comprometido, não sendo no entanto a melhor câmara para trabalhar com recortes e impressão.

A Lumix 100 também não serve para fotografia rápida, por exemplo a desportiva, apesar de conseguir uma rajada de 11 fotogramas por segundo. O problema está na tecnologia de foco, que tanto ao nível manual como ao nível automático, não é muito rápida. A própria câmara também tem um iniciar lento, ainda que os disparos sejam relativamente velozes.

Mas uma das grandes características da Panasonic Lumix 100 é o quadro auxiliar de focagem. Quando o utilizador está a focar manualmente, a câmara faz um zoom digital da composição para que a pessoa possa acertar na mouche na focagem do elemento que mais quer. É um auxiliar preciosíssimo e que ajuda a conseguir sempre os melhores resultados em cada fotografia.

O processo pode ser demorado, mas tem os seus resultados.

Uma câmara megamédia



Dizer que a Panasonic Lumix 100 é uma câmara multimédia seria dizer pouco. Pois além das fotografias de grande qualidade que consegue entregar, esta pequena máquina surpreende é na produção de vídeo.

Mesmo não atingindo os 60 frames por segundo em nenhum modo de gravação, isso não é visto como um entrave, apenas como uma pequena falha.

A Lumix apresenta vários modos de gravação, desde versões HD a 50fps, até ao Ultra HD a 20fps. Nas versões em HD surpreendeu o detalhe conseguido pela câmara, mas acima de tudo a reprodução fiel de cores. E se no modo fotográfico as cores eram frias, em gravação o mesmo já não acontece e tanto a tonalidade como a saturação conseguidas surpreendem pela positiva.

No modo de gravação Ultra HD - uma das falhas da Sony RX100 III -, é de destacar a grande qualidade de pormenores e detalhes que são conseguidos, mesmo sem puxar pelo zoom da máquina. A definição que se espera do 4K está toda lá, resta é saber se os utilizadores têm um dispositivo que acompanhe de forma decente esta tendência tecnológica.

No vídeo Ultra HD há a destacar o “arrastamento” que existe da imagem se o utilizador estiver por exemplo a fazer um movimento panorâmico. Isso é fruto da pouca fluídez conseguida neste modo de gravação, mas não deixa de ser um ponto negativo que merece ser realçado.

Quando estiver a gravar em 4K o melhor é ter um cartão SD de grande capacidade consigo pois 10 segundos de vídeo correspondem a cerca de 130MB de espaço. Quer isto dizer que por cada minuto são quase 800MB de espaço ocupado, o que por sua vez quer dizer que um cartão de 16GB pode ser insuficiente nesta tarefa.

Caso prefira gravar no Full HD, então já vai conseguir expandir de forma significativa o uso de um cartão de 16GB.

Ao nível multimédia há ainda a destacar a existência de uma entrada microUSB e outra microHDMI, havendo no entanto falta de uma entrada de som dedicada, para que fosse possível usar um microfone externo.

A ligação Wi-Fi que é incluída na câmara também é muito funcional e uma das características que se destaca é a possibilidade de o utilizador estar a captar imagens e estar automaticamente a transferi-las para um computador ou para um serviço na nuvem. Isto é algo que não se vê em todos os modelos, mas aos quais não fazia mal integrar uma ferramenta semelhante.

Destaque final para a bateria. Em gravação de vídeo o utilizador vai conseguir perto de duas horas de autonomia, o que acaba por não ser muito. O desempenho da bateria já melhora quando está a captar fotografias, conseguindo entre 300 a 350 com uma simples carga - e dependendo da utilização dada, isto é, se usa muito o zoom da câmara ou não, ou se prefere o viewfinder digital ou o eletrónico.

A parte onde tudo se complica



A Panasonic Lumix 100 é mais uma máquina ao estilo “steampunk”, isto no sentido de que é uma peça tecnologicamente avançada, mas mantém um aspeto muito industrial, muito clássico, e isso acaba por criar um visual apelativo e um efeito positivo na sua presença.

De flash montado e com a objetiva de fora, a pequena e tímida Lumix 100 ganha outra estatura, ganha outro respeito, ainda que não seja tão mecanicamente espetacular como a Sony RX100 III - que por exemplo, tem o viewfinder num sistema de pop-up, assim como o flash.

A Panasonic tem então uma construção muito sólida, metálica, fria, mas com a pega construída em plástico rugoso, a imitar pele, para que não escorregue da mão do utilizador. E está cheia de componentes de configuração manual dos aspetos da fotografia.

Chegados aqui, alguns leitores já terão estranhado certamente o facto de ainda não haver nenhuma referência aos controlos manuais da máquina. Foi uma escolha propositada pois necessita de um espaço próprio pela sensibilidade que a questão coloca.

A Panasonic Lumix 100 tem tudo: tem anel para a abertura do obturador, tem um anel de focagem, tem um disco para controlar a velocidade do obturador e tem ainda um outro disco para fazer uma compensação da exposição das imagens.

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Perfeito. O fotógrafo pode controlar tudo o que quiser. Tem até um botão dedicada a filtros, a la Instagram, para conseguir resultados mais criativos - como aquele que pode ser visto na quarta imagem dos exemplos da Lumix. Isto ajuda a que o utilizador explore novos formatos de fotografia pois uma coisa é captar imagens a cores, outra coisa é procurar os melhores contrastes para uma fotografia a preto e branco e outra é a melhor história para uma imagem a sépia.

O ISO também está acessível através de uma tecla de atalho, ainda que não tenha um botão ou disco próprio de controlo.

Mas se para os entusiastas da fotografia isto pode ser o paraíso, para um utilizador menos versado na arte isto pode ser o inferno. É que todas as configurações estão bem salientes e quase que obrigam o utilizador a mexer nelas.

É possível descartar tudo isto e selecionar apenas o botão iA, aquele que transforma a máquina num robot e que capta a melhor fotografia e o melhor vídeo nas condições do momento. Mas mesmo a configuração manual dos vários controlos pode tornar-se confusa.

Um exemplo. De acordo com o disco da velocidade de obturador é possível atingir a velocidade de 1/4000. Mas o total da máquina vai até aos 1/16000 segundos. Como? Porque depois de selecionada a velocidade máxima, é ainda possível ajustá-la com o anel de focagem, que aqui ganha uma segunda vida.

E é nestas duplas funções e mistura de configurações que os muitos utilizadores vão certamente perder-se. Eu perdi-me e precisei de um bom tempo de adaptação até perceber como tudo deveria funcionar do melhor modo.

E isto coloca a Lumix 100 numa posição ingrata: apesar de ser uma excelente máquina, não é para todos os consumidores. Ponto final.

Considerações finais



Para quem é então a Panasonic Lumix 100?

É para fotógrafos exigentes que já têm outras câmaras, mas gostavam de ter uma opção mais discreta, mais portátil, e que não obriga a sacrificar muito do ponto de vista da qualidade de imagem.

É para utilizadores que gostam de fotografia, mas não fazem da arte um passatempo recorrente. De vez em quando saem, gostam de captar boas imagens, mas não precisam de um “monstro” profissional como a Canon EOS 7D Mark II ou um modelo mais semi-profissional.

É para utilizadores ambiciosos que gostavam de começar a aprender mais ao nível da fotografia. Isto porque se dominar todos os controlos manuais disponíveis na Lumix 100, quando transitar para uma DSLR vai sentir-se muito confortável.

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A máquina não é de todo para os que gostam da fotografia rápida, acessível, sem perguntas e só com resultados. É que mesmo optando pelo modo automático deste modelo da Panasonic, as rodas e discos existentes vão consumi-lo enquanto está a utilizar o equipamento.

A máquina também não é para todos os bolsos. O valor de mercado em lojas de referência varia entre os 699 e os 799 euros. Além de não ser uma quantia de dinheiro que todas as famílias possam desembolsar num equipamento fotográfico, é um valor que já se intromete com outros segmentos de câmaras e que permitem maior flexibilidade.

Por exemplo, ao nível da evolução, a Lumix 100 tem o entrave de não permitir a troca de objetivas. Portanto nos próximos cinco a seis anos estará sempre limitado - ainda que bem servido - com a objetiva da Leica que está integrada na câmara.

Fazendo uma comparação com a Sony RX100 III da Sony, claramente uma concorrente direta, há prós e contras dos dois lados. Na qualidade da fotografia parece-nos que a Sony sai a ganhar, assim como no aspeto. Mas a Panasonic destaca-se na área do vídeo e no maior controlo de configurações manuais que permite.

Escolha uma, escolha outra, vai sempre bem servido. Só precisa de decidir que tipo de utilizador é, quais as características que procura numa câmara e qual a sua disposição ao nível da arte: se quer evoluir ou se quer apenas tirar boa fotografias.

Quando souber isto, vai saber logo qual a escolha acertada.

Veja na página seguinte todas as características técnicas da Panasonic DMC LX100EG-K

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Especificações técnicas Panasonic DMC LX100EG-K

Sensor: MOS de alta sensibilidade de tipo 4/3 de 16,8 megapíxeis (12,8Mp de resolução real nas fotos)
Abertura de lente: F1.7 - 2.8
Distância focal: o equivalente a 24-75 milímetros
Zoom: ótico de 3,1x
Velocidade do obturador: até 1/16000 segundos
Lente: LEICA DC VARIO-SUMMILUX/11
Estabilizador ótico de imagem: Sim
Viewfinder eletrónico: 1.024x768 píxeis
Vídeo: Ultra HD a 30fps, Full HD a 60fps
ISO: 100 - 25600
Ecrã: LCD de três polegadas
Wi-Fi: Sim
NFC: Sim
Dimensões: 11,4x6,6x5,5 cm (largura x altura x profundidade)
Peso: ~ 351 g sem bateria nem cartão de memória SD

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