A Asus tem vindo a construir um ecossistema de produtos de gaming, expandindo a sua linha ROG para lá dos habituais computadores e portáteis. O seu novo smartphone ROG Phone 6 Pro é um dos mais poderosos do mercado e até já tem uma nova versão com o propósito de melhorar a performance, com o Phone 6D Ultimate. Mas a fabricante pretende agora arrecadar o título do tablet de gaming "mais apetrechado" do mercado.
Apesar de muitos jogadores casuais utilizarem estes equipamentos para jogarem num sofá ou durante as férias, beneficiando de um ecrã maior que um smartphone; os utilizadores mais hardcore simplesmente ignoram este formato. E é exatamente perante esse "statement" que a Asus se propõe com o novo ROG Flow, ainda que pareça ser mais um produto de tomada de posição, do que propriamente um “ataque” ao segmento destes equipamentos. Isto porque simplesmente nenhum jogador hardcore joga num tablet. Mas será que isso poderá mudar com o ROG Flow?
Este ultraportátil compacto funciona como uma 2-1, na linha dos modelos Surface da Microsoft. Tratam-se de poderoso computadores em forma de tablet, com um teclado em forma de capa destacável maleável, podendo ser utilizado como tablet. São computadores eficientes, direcionados sobretudo à produtividade. A Asus pretende elevar a fasquia e espremer o espaço disponível para lhe inserir hardware de gaming de nova geração. Sim, vai encontrar no seu interior um processador Intel Core i9 e uma gráfica RTX, que certamente fará inveja a muitos desktops utilizados para jogar.
Design futurístico apelativo aos gamers
Mas antes mesmo de ligar o tablet, foi impossível não ficar impressionado com o design do equipamento. A Asus continua a criar sistemas de gaming com cores, luzes e padrões que destacam o seu ecossistema ROG e este Flow não é exceção. A sua traseira troca as habituais e aborrecidas tampas de metal ou de vidro, para um padrão cheio de luzes LED, não faltando mesmo um pequeno ecrã adicional de notificações, semelhante ao seu smartphone de gaming.
Veja na galeria imagens do portátil:
Por outro lado, não deixa de sobressair outro aspeto nos primeiros instantes de utilização: o computador é realmente pesado, com 1,530 kg (incluindo capa de teclado), bem mais que muitos portáteis no mercado. Considerando o tipo de utilização que vai fazer como tablet, terá que se adaptar ao peso. Felizmente o seu suporte de moldura é robusto o suficiente para o manter firme, tanto na mesa, como em cima do colo quando o utiliza no sofá, por exemplo.
Obviamente que sendo um portátil direcionado aos jogadores hardcore, nem deverá tocar nele quando joga. O uso de periféricos como o rato e teclado, assim como um monitor externo passam a ser obrigatórios. A grande vantagem desta proposta é ser rapidamente plug and play, em qualquer lado, e ao mais alto nível.
Ainda no que diz respeito ao seu design, não espere uma espessura inferior a diversos portáteis no mercado. Nesse sentido, quase que de tablet só mesmo o seu "form factor". O tablet tem um suporte de moldura, ajustável através de uma patilha vermelha, que pode colocar em qualquer ângulo que necessite até 170 graus, que encaixa muito bem no colo. Apesar de fina, o suporte parece muito resistente e as suas dobradiças de metal metem respeito, na promessa de sobreviverem a várias aberturas. E este suporte não é um elemento externo, complementa a capa da tampa traseira de proteção e esconde o leitor de cartões microSD, colocado num local pouco convencional.
Na traseira do equipamento encontra ainda uma webcam, embutida na própria caixa do tablet. Mais uma vez, é pouco normal esta configuração. Já no centro, ao topo do ecrã pode utilizar a câmara principal. O tablet até inclui uma pen digital para aumentar a produtividade durante trabalhos de edição ou simplesmente para escrever notas.
O teclado destacável funciona como capa protetora do seu ecrã e tem uma cobertura de veludo suave e confortável ao toque, que é utilizada como o lado de contacto com as superfícies. O teclado é retroiluminado com LEDs coloridos configuráveis e teclas em forma de pastilha elástica, espaçosas que oferecem bastante conforto a escrever. O receito de ter a parte do ecrã levantada e mais pesada que o teclado, é balanceado pelo seu robusto suporte de moldura, e por isso consegue manter-se com um portátil convencional.
No que diz respeito a conetividade, o tablet é bastante minimalista, obrigando a utilizar um hub USB no caso de necessitar de ligar outros periféricos como um rato, teclado externo ou mesmo um comando para os jogos. Do lado direito tem um USB-A, uma entrada de jack 3,5 mm, assim como o botão de energia (com sensor de impressões digitais embutido) e volume. Do outro lado uma entrada USB-C (compatível com Thunderbolt 4), que serve sobretudo para ligar o cabo de alimentação.
E “escondido” atrás de uma tampa de borracha pode encontrar o conector XG Mobile, para o caso de querer ligar a plataforma de GPU externo, que também funciona como hub para ligações de USB, HDMI, DisplayPort e tudo o que precisar. Este elemento diferenciador pode fazer toda a diferença para as necessidades de escalar a máquina a um novo patamar de performance, embora certamente, para apenas jogadores mais hardcore, que primem pela portabilidade. Uma vez que se torna mais fácil transportar uma supermáquina em formato de tablet, acessórios e o hub do que os habituais desktops ou mesmo portáteis de gaming.
Configuração de meter inveja a muitos portáteis
A configuração enviada pela Asus tinha no seu interior um processador Intel Core i9, uma placa gráfica GeForce RTX 3050 Ti e 16 GB de memória RAM LPDDR5-5200. É uma configuração que muitos computadores de gaming não têm, que estão concentrados no interior deste tablet. Justifica-se assim o seu peso, quando comparado com um equipamento convencional, mas bem inferior a outros portáteis de gaming.
Um dos segredos é, mais uma vez, garantir que o equipamento esteja bem refrigerado. A Asus referiu que utiliza um sistema de câmara de vapor, juntamente com um processo de metal líquido no processador para ajudar a dissipar o calor. Apesar da fabricante garantir que o tablet é silencioso (0dB), durante o teste assistimos a situações em que o mesmo “bufou”, libertando ar quente por todos os poros, mas ainda sem sentirmos aquecimento no ecrã ou mesmo no teclado durante a utilização. Outro aspeto interessante é que o sistema deteta quando alguma saída de calor está obstruída, dando de imediato um alerta no sistema, avisando que pode haver uma diminuição de performance devido a eventual sobreaquecimento.
O tablet tem um ecrã tátil de 13,4 polegadas, com um rácio de imagem de 16:10. E uma resolução de 1920x1200, embora possa encontrar superior a 4K, a 3840x2400. E não seria um tablet de gaming topo de gama se não suportasse G-Sync e oferecesse uma taxa de refrescamento a 120 Hz. E como tal, as imagens mostraram-se fluídas e nítidas, com uma grande qualidade.
No que diz respeito à autonomia, o tablet sofre dos mesmos problemas que outras máquinas de gaming portáteis. A bateria não consegue durar um dia completo em tarefas simples, como navegação. Mas correr jogos sem estar ligado à corrente significa que em cerca de três horas vai ficar sem energia. Os jogos mais complexos, que mantêm o CPU e GPU a todo o vapor devoram inevitavelmente a sua bateria com capacidade de 56 WHrs e este Flow não é exceção.
Obviamente que a grande curiosidade da comunidade é perceber se o equipamento consegue correr o “Crysis”. Obviamente que se trata de uma piada antiga de um jogo que outrora, e durante muitos anos, serviu de benchmark para testar os limites das máquinas de gaming. No caso atual, decidi correr o God of War e o Lost Ark, dois jogos com exigências específicas e pode-se dizer que não tive problemas em jogá-los com os detalhes praticamente todos no máximo.
Veja na galeria imagens oficiais do Rog Flow:
É um pouco estranho jogar este tipo de jogos numa plataforma pouco convencional como esta, mas passado um tempo de abstração acaba por ser agradável. O ideal é ligar a um setup externo, com monitor, teclado e rato, esquecendo que os jogos estão a correr num tablet. Mas se fizer isso, também se perde o sentido para o qual foi concebido.
Nesse sentido, o ROG Flow Z13 é a máquina de gaming que ninguém pediu, mas que depois de a ter nas mãos vai perceber o esforço de engenharia em colocar tanta potência num tablet. É um verdadeiro all-in-one potente, que certamente não vai interessar a gamers hardcore por preferirem soluções mais convencionais; e é demasiado caro para qualquer outra tarefa. Trata-se de um produto de showcase que mostra que a Asus está disponível para colocar gaming extremo em qualquer equipamento, dos smartphones aos portáteis topo de gama. E quanto ao preço, prepare cerca de 2.000 euros para ter um tablet diferenciador e dedicado ao gaming hardcore em formato portátil. Para este caso, talvez o Steam Deck fique mais em conta, mas com especificações inferiores.
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