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O Z10 está à venda em Portugal desde o início de abril. Inaugura uma nova fase da vida da empresa canadiana, suportada numa nova geração do sistema operativo, que aposta numa interface completamente redesenhada para uma lógica touch que não caracterizava os produtos da marca.



Na caixa, o Z10 traz uns phones e um carregador que é também um cabo USB, para além do smartphone que mantém um design "à BlackBerry", que é como quem diz com bom aspecto e ar robusto.



Primeira nota positiva: a capa traseira é muito fácil de retirar para colocar o cartão SIM ou o cartão de memória. Não há perigo de partir unhas ou magoar dedos. Segundo nota positiva, está implícita na primeira: a traseira do equipamento abre, dando acesso à bateria, algo que pode ser útil em caso de avaria da peça original mas que em algumas marcas, como a Apple ou mais recentemente a LG, não é possível.



Ainda sobre a capa traseira há que dizer que a opção da marca por uma peça em plástico, em vez de recorrer a outros materiais mais nobres como tem feito nos modelos topo de gama lançados anteriormente, tem sido alvo de algumas críticas.

O argumento terá alguma razão de ser, tendo em conta que o Z10 tem um preço em loja (sem contratos de fidelização e dados associados) acima dos 500 euros, mas há que reconhecer que o efeito final não é assim tão diferente em termos visuais e está garantida uma proteção adicional a riscos e acidentes que danifiquem o dispositivo.



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Avançando para o ecrã de 4,2 polegadas temos toda a zona de interação com o sistema operativo neste all touch, que teclas só tem mesmo uma no topo, para ligar e desligar o equipamento e as tradicionais teclas de volume na zona lateral direita.



A resolução do ecrã é de 1280x768 pixéis o que garante qualquer coisa como 355 pixéis por polegada, mais que o iPhone 5. No consumo de conteúdos multimédia a qualidade da experiência, também garantida pelo processador Snapdragon de dois núcleos a 1,5 GHz torna-se evidente. O som em alta voz é menos espetacular. A forma de assegurar tons límpidos é com os phones colocados, que garantem uma experiência com nota positiva e ainda o ajudam a evitar figuras constrangedoras.



A navegação no BlackBerry Z10

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Toda a lógica de navegação no Z10 é nova para qualquer utilizador frequente da marca. Para quem nunca a usou também, já que estreia uma lógica distinta de navegação, que tem algumas semelhanças aqui e ali com outras plataformas, mas sem comprometer a originalidade da proposta.



Mesmo que já saiba que os movimentos que comandam as operações no ecrã têm aqui um sentido diferente do habitual, o seu polegar acabará por tentar hábitos antigos e esquecer-se que para ativar ecrãs e "despachar" aplicações no BB10 (minimizá-las ou fechá-las) o primeiro passo é arrastar o dedo de baixo para cima a partir da base do ecrã. Deve iniciar o movimento a meio do nome da marca, gravado no centro inferior do ecrã.

A apresentação das principais ferramentas do sistema, que vai encontrar no menu principal do equipamento, não difere muito em aspecto daquela que anima as plataformas da concorrência. É composto por pequenos ícones das aplicações respetivas, que se arrumam em três ecrãs que estão acessíveis desligando o dedo da direita para a esquerda.

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Quando voltar atrás (deslizando o dedo da direita para a esquerda algumas vezes) encontra o BlackBerry Hub, uma das novidades do sistema operativo, que se posiciona sempre no ecrã mais à esquerda dos vários disponíveis.

É uma ferramenta útil para centralizar informação sobre mensagens, chamadas e notificações recebidas pelo utilizar, que a partir de um mesmo ecrã tem acesso a um resumo atualizado da atividade nos vários serviços que utiliza.

Quando o utilizador liga o equipamento pela primeira vez define que fontes de informação quer integrar no Hub e que informação pode ser partilhada.

Entre o ecrã do BlackBerry Hub e do menu de aplicações principais há ainda espaço para um ecrã que irá minimizar as aplicações que for abrindo e que quiser manter em stand by. Há espaço para quatro blocos. Passando o dedo de baixo para cima no ecrã pode aceder a um segundo ecrã que duplica a capacidade das miniaturas prontas para a gestão de múltiplas tarefas no dispositivo.



Este sistema - de gestão multitarefas - é também um original da BlackBerry que, à parte da limitação no número de aplicações que podem ser mantida em stand by em simultâneo, também é interessante e garante acesso fácil a cada um dos conteúdos em questão.



Antes de entrar nas aplicações propriamente ditas há ainda outro atalho que pode explorar para um acesso fácil a algumas funcionalidades do equipamento, como as definições, o Bluetooth, notificações ou alarme. Posicione o dedo na parte superior do ecrã, ao centro, e puxe o menu para baixo para aceder a atalhos para essas funcionalidades.



Mapas e aplicações

No que se refere às ferramentas que integram o equipamento, as experiências com notas menos positivas vão para a aplicação de mapas pré-instalada, ainda bem distante de um Google Maps, por exemplo.



O processamento de imagens e informação entre zoom ins e zoom outs não é brilhante. A aplicação em si também é lenta a carregar. No entanto, a plataforma respondeu sempre bem na deteção da localização, mesmo em locais "menos visíveis" para o sinal GPS.

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Os resultados foram menos positivos na pesquisa de serviços próximos (que não são referenciados no mapa) como restaurantes, cafés ou cabeleireiros. O melhor resultado entre os três critérios foi para a pesquisa de restaurantes mas, dependendo da localização, numas vezes correu melhor que outras…



Uma funcionalidade interessante da aplicação de mapas integrada no BB10 é informação sobre o tráfego, mas não está a funcionar para Portugal. A aplicação permite no entanto a navegação ponto a ponto e conseguiu responder com indicações fiáveis para nos levar a alguns locais nos arredores de Lisboa.



Menos positiva foi também a experiência com a loja de aplicações, que tem ainda um longo caminho a percorrer até assegurar uma concorrência séria às duas maiores plataformas do mercado. A BlackBerry garante que assegura já mais de 100 mil aplicações compatíveis com o sistema, mas a verdade é que continuam de fora verdadeiras âncoras do ecossistema móvel. Em relação a aplicações nacionais, a oferta também é pequena e pouco diversificada. Destacam-se as app viradas para o turismo e lazer e há também alguma oferta de conteúdos noticiosos, onde se inclui o SAPO Notícias.



Pontos positivos

Pela positiva, vale a pena destacar a boa resposta da interface tátil que funciona bem até com sites não dimensionados para o tamanho de um ecrã de telemóvel e com opções de navegação em tamanho quase microscópico. A interface do Z10 é assertiva e precisa na resposta ao toque, como também é possível comprovar nos jogos mais exigentes em termos de destreza.



A câmara, com um sensor de 8 megapixéis, também cumpre o seu papel. As imagens recolhidas podem ser trabalhadas com um conjunto de efeitos ao estilo Instagram e facilmente partilhadas numa mensagem, no serviço de messaging, via redes sociais Bluetooth ou NFC. A imagem de vídeo pode ser gravada em alta definição, uma opção que também está disponível para o Story Maker.



Esta ferramenta é outra das novidades do sistema que permite um resultado engraçado misturando vídeos, fotografias e juntando uma música, que pode ser escolhida de uma lista pré-definida ou selecionada pelo utilizador. O resultado final tem um ar profissional e pode ter uma excelente qualidade de imagem se o utilizador optar optar pela alta definição.

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Mais uma novidade do BB10 é o controlo de voz, uma espécie de Siri à BlackBerry. A aplicação permite dar comandos para fazer chamadas, criar notas, marcar uma reunião, pesquisar informação no dispositivo ou alterar o estado do Facebook.



Com uma dicção clara as ordens são compreendidas sem grandes problemas, o que faz da estreia um bom começo para a BlackBerry, ainda que com alguns pontos (críticos) a aperfeiçoar. O leque de opções/tarefas é que ainda é relativamente limitado e está mesmo aí uma das melhorias importantes a considerar numa atualização. Uma nota: as ordens de pesquisa na Web são preferencialmente dirigidas para o Bing.



Outra curiosidade é o facto de a aplicação, embora não esteja disponível em português, compreender e traduzir termos de pesquisa em português, por exemplo, para encontrar aplicações instaladas num dispositivo localizado para português, como Calendário ou Calculadora.



A mesma tecnologia de reconhecimento de voz pode ainda ser usada para ditar mensagens ou notas e neste tipo de tarefas o português é uma das opções disponíveis. Nas primeiras experiências que fizemos os resultados foram satisfatórios mas quando usámos palavras com mais vogais abertas a interpretação já foi menos fiel ou mesmo surpreendente.



As funcionalidades de voz do Z10 são suportadas num ecrã com ícones grandes para o correio de voz e novas entradas na agenda. A agenda de contactos, que pode congregar informação de várias fontes, também está acessível é fácil de usar e o teclado virtual é generoso.

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Fechamos com uma nota para as múltiplas opções de conetividade do Z10, com suporte para 3G/4G, Wi-Fi, Bluetooth, DLNA (para a partilha de informação em redes domésticas) e NFC. Mais uma nota para a ligação HDMI disponível, embora o cabo necessário não venha incluído no pacote.

Com exceção do reconhecimento das redes Wi-Fi disponíveis num local, que nem sempre foi conseguida com sucesso sem um reset do sistema, as restantes experiências nesta área têm nota positiva, com destaque para o NFC que é sem dúvida uma forma simples e rápida de partilhar links ou ficheiros entre dispositivos.



No Z10, a opção de partilha via NFC é listada no mesmo menu onde são alinhadas as restantes opções de partilha (email, Facebook e outras), uma escolha que facilita a seleção e utilização da tecnologia e que ainda não é seguida por todos os fabricantes.



Já experimentou o Z10? Deixe-nos também a sua opinião sobre estas ou outras características do dispositivo não abordadas na análise.



O Z10 foi cedido ao TeK para testes pela Vodafone, que tal como a TMN e a Optimus comercializa o equipamento desde o início de abril.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Cristina A. Ferreira