A primeira Nintendo 3DS chegou ao mercado há quase quatro anos. E para a gigante nipónica já passou tempo suficiente que justifica uma atualização das suas consolas portáteis – há uma versão normal e outra XL, que tal como o nome indica, é maior.

As New Nintendo 3DS chegam amanhã, 13 de fevereiro, ao mercado português. Vêm com um conjunto interessante de novidades que além de aliciar todos os jogadores que não têm a consola, vai também aliciar alguns utilizadores a trocar os modelos antigos pelos mais recentes.

Em qualquer uma das situações a opção mais difícil pode ser escolher em qual dos modelos investir – na versão normal ou na versão XL? É que apesar de serem iguais ao nível do processamento e da tecnologia de imagem 3D, ambas as consolas têm características únicas que vão dividir a cabeça dos consumidores.

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Isto para dizer o quê? Que a Nintendo pode não estar a viver a situação financeira mais simpática e pode não estar a vender tantas consolas como desejaria – e os seus fãs também. Mas se há coisa que a tecnológica japonesa sabe fazer é criar sentimentos nos utilizadores e conseguir gerar dinheiro a partir dessa empatia.

Basta por exemplo pensar nas Amiibo: figuras de personagens da Nintendo que vendem como "pãezinhos quentes". Literalmente. Ou seja, 5,7 milhões de unidades movimentadas em apenas algumas semanas. Também em Portugal tem-se sentido uma dificuldade em manter o stock das figuras no retalho e até é possível encontrar relatos de pessoas que nem consolas da Nintendo têm, mas já investiram numa figura.

E o pensamento relacionado com as Amiibo vem mesmo a calhar pois o suporte de figuras NFC é justamente uma das novidades das New Nintendo 3DS. Descubra as restantes diferenças.

O que muda nas novas consolas



O aspeto é maioritariamente o mesmo. Construção em formato de concha, apresentando dois ecrãs, sendo que só um é sensível ao toque. As linhas continuam arredondadas, mas existem alguns elementos na consola que foram reposicionados.

Sobretudo ao nível dos botões. As três teclas centrais deram lugar a apenas uma tecla – que leva o utilizador para o menu principal – sendo que as outras duas saltaram para a parte inferior direita da consola. Por sua vez o botão de energia – que ocupava esta posição -, passa a estar no rebordo da parte inferior.

A posição do botão de energia é questionável pois não é tão fácil de atingir como era antigamente, mas como é a tecla menos usada, acaba por fazer pouca diferente.

Depois existem três novos botões: um segundo “analógico” que é colocado no lado direito da parte da consola que tem os botões e mais duas teclas traseiras, a ZR e a ZL. Estes novos botões servem sobretudo para os futuros jogos que as consolas vão receber nos próximos meses.

Por exemplo, o segundo “analógico” permite controlar a perspetiva das personagens em jogos como The Legend of Zelda: Majora's Mask e Monster Hunter 4 Ultimate. E porque insistimos em colocar o termo “analógico” protegido por aspas? Porque na realidade não o é. O botão não é tão solto como os tradicionais analógicos de outras consolas, parecendo mais um pequeno botão sensível ao toque.

A dimensão reduzida pode ser um problema em jogos que usem e abusem da necessidade de mudar de perspetiva, mas é um extra bem vindo e há muito pedido pelos jogadores Nintendo 3DS.

Depois há dois aspetos negativos a apontar às New 3DS: a entrada para o cartucho dos jogos está na parte frontal e completamente desprotegida, o que coloca um “buraco” feio no design da consola; E a entrada para cartões SD desapareceu, sendo agora integrada no interior da máquina de jogo – sim, se quiser trocar o cartão vai precisar de usar uma chave de fenda, algo que parece pouco prático numa sociedade que quer as coisas cada vez mais simplificadas.

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Mas talvez as novidades técnicas das New 3DS façam esquecer o pouco acerto que existe ao nível do reposicionamento do hardware. Isto porque as consolas vêm com processadores melhorados e com uma nova tecnologia de visualização em três dimensões.

E é aqui que está a grande melhoria dos sistemas de jogo. A tecnologia 3D usada vem completamente renovada e com qualidade reforçada. As diferenças são muito significativas e isso condiciona a forma como se encara os jogos, assim como a qualidade global dos mesmos, para melhor claro.

A tecnologia em si faz com que mais elementos “saltem” fora do ecrã e crie um melhor efeito de profundidade. Mas depois a Nintendo decidiu ainda colocar um sensor de reconhecimento da posição do utilizador o que faz com que seja possível mover a cabeça e o ângulo de visão sem prejudicar o efeito do 3D.

Nos modelos “antigos” o 3D era conseguido mantendo a consola e a cabeça fixas num determinado ponto. Agora há mais liberdade e mais qualidade. E a diferença é tão positiva que muitos jogadores vão querer recuperar jogos que já terão completado como Luigi's Mansion 2.

Quanto ao melhor processador não há muito a dizer: é de facto um processador mais potente e que torna a consola mais rápida em vários aspetos. Por consequência a fluidez dos jogos também sofre melhorias. A diferença mais notória é durante a inicialização dos jogos. E entre os modelos originais e os novos modelos chega a haver uma diferença de 15 segundos no arranque dos títulos.

Este maior poder de fogo também vai servir para que as novas consolas recebam novos jogos que nunca vão chegar aos modelos originais das Nintendo 3DS. E é aqui que as coisas se começam a complicar.

Uma divisão de sistema à vista



O que a Nintendo quer fazer não faz qualquer sentido do ponto de vista de quem joga. Quando alguém compra uma consola sabe que está a fazer um investimento a longo prazo. E receber a notícia de que a máquina de jogo, que possivelmente comprou em 2014, já não vai receber alguns jogos novos – e bastante aliciantes – é receber um insulto da empresa.

A Nintendo arrisca-se mesmo a criar dois ritmos de andamento para a plataforma 3DS que já tem quatro consolas e cuja única diferença nos nomes é marcado pelas letras XL ou New… sim, a confusão está instalada.

A única coisa positiva que pode sair deste "arranjinho" é que os modelos mais antigos vão ficar com preços mais acessíveis pois os retalhistas vão querer esvaziar os stocks. Mas resumindo, a Nintendo está a dizer a mais de 40 milhões de jogadores que não vão poder jogar Xenoblades Chronicles 3DS, uma resmaterização do sucesso da Wii.

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E como é que se vão sentir os estúdios de desenvolvimento? Devem fazer jogos mais fracos a nível de visuais e exigências técnicas para tentarem chegar a mais pessoas ou devem tentar explorar todo o potencial da consola? Devem pensar no dinheiro que podem fazer ou na experiência de jogo que podem entregar?

É a própria Nintendo que se coloca nestas posições e é difícil de entender porquê - isso e porque as novas consolas não trazem um carregador de origem que ainda por cima é proprietário. A única razão só pode estar relacionada com um estímulo na venda das consolas portáteis, mas possivelmente isso não seria necessário, pois há uma outra “surpresa” que vai ajudar a vender bastantes equipamentos.

É aqui que fica difícil escolher uma consola



Se as já referidas novidades o entusiasmaram e se os defeitos apontados não o assustam, então só terá de escolher entre a New Nintendo 3DS e a New Nintendo 3DS XL. A segunda tem a vantagem óbvia de ter os ecrãs maiores e de proporcionar melhores experiências de jogo e um menor cansaço na vista dos jogadores.

Mas a New Nintendo 3DS é a única que suporta capas intermutáveis. A parte traseira da consola é personalizável e a troca de coberturas é muito simples de fazer, mais simples do que em alguns smartphones que existem atualmente no mercado.

A troca de capas por si só não vale muito. O que vale é a arte criada nessas capas. Nas imagens que encontra ao longo do texto pode ver apenas dois exemplos – os que a Nintendo tinha disponíveis no seu showroom -, mas é possível ver as cores e desenhos apelativos criados e que dão um toque único a cada sistema de jogo.

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E porque não tem a New Nintendo 3DS XL o mesmo sistema de personalização? Boa pergunta.

Entre ter ecrãs maiores ou uma consola com uma arte refinada, só o espírito de gamer vai poder fazer essa decisão.

Considerações finais


Os que não têm uma Nintendo 3DS e sempre quiseram ter uma podem ter a certeza de que esta é a melhor altura para fazer o investimento. Consolas renovadas, mais completas, mais potentes e finalmente com uma tecnologia 3D que faz justiça ao nome do ecossistema de jogo.

Se está divido entre uma PlayStation Vita e uma New 3DS, aí o caso já é diferente. A consola da Sony é de grande qualidade – sobretudo o modelo original que tem um ecrã OLED – e tem um grande potencial que não está a ser totalmente explorado. Mas quando nem a própria empresa acredita no produto da casa, por norma isso é mau sinal.

Do lado da Nintendo sabe que pode sempre contar com jogos do Mario, Luigi, Zelda, Donkey Kong e outros que tal. O suporte de editoras externas é mais forte na 3DS do que é por exemplo na Wii U. A única maneira de responder ao desafio Vita VS New 3DS é tentar perceber quais os jogos que lhe interessam mais e quais os seus planos a médio prazo ao nível do gaming. Pois se pretende investir numa PlayStation 4 por exemplo, ter uma New 3DS garante-lhe acesso a todo um outro ecossistema. Mas ter o ecossistema completo da Sony também é aliciante. No final pode sempre responder à questão do que mais importa para si: qualidade dos gráficos ou jogos divertidos?

Por fim a dúvida com que se abriu o texto: se já tiver uma Nintendo 3DS, há motivos para trocar?

Apesar de a tecnologia 3D estar de facto muito boa, não é motivo suficiente para gastar mais 165 ou 195 euros – para o modelo normal e para a versão XL, respetivamente. Mas é aqui que deve começar fazer questões a si mesmo: quero ter mais botões e melhores experiências de jogo?; quero uma consola mais rápida?; quero ficar de fora de alguns novos lançamentos da Nintendo?; quero uma consola personalizável que deixe os outros roídos de inveja?; quero poder usar as Amiibo?

Se “quis” pelo menos três das cinco questões acima colocadas, então deve seriamente pensar em vender o modelo que tem para fazer algum dinheiro para as New 3DS. Se as respostas foram mais negativas, então talvez o melhor seja manter a consola que tem e esperar pelos jogos que aí vêm para perceber se vai perder grandes títulos exclusivos dos novos sistemas de jogo ou se essa dor só vai aparecer de longe a longe.

No fim fica a sensação de que estas novas Nintendo 3DS são tudo o que a tecnológica japonesa devia ter colocado no mercado logo em 2011. Mas pelo menos esta é uma versão renovada de consolas que de facto traz grandes novidades e no fundo é isso o que todos os jogadores gostam.

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

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