Ainda no lançamento do novo smartphone, Tim Cook explicou que iPhone SE é para quem quer um “primeiro iPhone”, mudando de Android ou procurando ter uma experiência com o iOS num equipamento mais barato, mas não muito. Mesmo no papel a ideia pode ser facilmente contestada, mas a experiência só serviu para confirmar que o iPhone SE não é um equipamento para quem já tem um iPhone 6, mas que também não terá grande vantagens para quem ainda usa um iPhone 4S, 5S ou 5C.

A verdade é que, ao fim de uma semana de análise com o smartphone cedido pela Meo, o iPhone SE mostrou pontos fortes mas não conseguiu assumir-se como um substituto desejável dos equipamentos que utilizamos no dia a dia. Nem foi grande fator de atração, como acontece com outros smartphones que vão passando pela redação e que todos querem experimentar. Mas não deixa de ter os seus pontos fortes.

Mas afinal o que tem para mostrar este novo modelo? Nas próximas páginas analisamos ponto a ponto o que vale o novo iPhone SE. E se justifica o preço de 499 euros para a compra.

 

É tudo uma questão de tamanho?

Independentemente das características técnicas, a “redução” para as 4 polegadas é um dos pontos fracos do novo equipamento. Um dos argumentos da Apple é que ainda há muito quem queira um smartphone de ecrã mais pequeno. Tenho dúvidas, sobretudo entre quem já se habituou a ter um telemóvel com 5 polegadas de ecrã e “espaço” para ver os conteúdos multimédia e navegar na Internet, ou mesmo ver emails.

Estranha-se a forma de pegar. Pode ser um telemóvel para usar no metro só com uma mão, e trazer no bolso facilmente, mas mesmo com algum equilibrismo também os ecrãs de 5 polegadas já provaram ser úteis nestes cenários mais citadinos, e não falta quem manobre mesmo equipamentos de maior dimensão em situações mais periclitantes.

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A verdade é que para quem está a ficar pitosga, que é o meu caso, ter de usar óculos para ler mensagens ou ver emails é desgastante, e isso aconteceu permanentemente com o iPhone SE. A alternativa é aumentar tanto o tamanho da letra que passa a parecer um equipamento para quem tem necessidades especiais.

Já provámos também que esta não é uma impressão isolada: 50% dos leitores que já responderam ao inquérito que o TeK tem a decorrer dizem que gostam de ecrãs maiores, embora 39% admitam que esta dimensão lhes serve bem.

O ecrã IPS Multi-Touch, que a Apple designa de Retina Display, continua a oferecer uma excelente qualidade de leitura e apresentação das cores, com bons ângulos de visão a que já nos habituámos noutros iPhones, mas este tem uma falha em relação ao iPhone 6s: falta-lhe a capacidade de 3D Touch, que permite gerir a interação com os vários níveis de pressão para diferentes funcionalidades dos menus. E a quem se habituou a explorar esta forma de usar o iPhone isso faz falta.

 

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Um telemóvel novo ou antigo?

Mais do que o tamanho, a manutenção do design do iPhone 5S é um dos pontos fracos na estratégia. Parece um telefone antigo e à primeira vista é exatamente igual ao iPhone 5S. À segunda também.

Ninguém quer ter um telefone novo com um design que tem mais de dois anos e que é facilmente confundido com um modelo já ultrapassado. Mesmo as duas novas cores apresentadas, o dourado e o rosa dourado não são suficientes para marcar a diferença.

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Para além da estética, com a manutenção do design do iPhone 5S há também outras condicionantes: o iPhone SE é mais grosso do que o iPhone 6, o alumínio do chassis é menos resistente e continua a não ser à prova de água, mostrando alguns testes de resistência que se porta pior do que a última geração de smartphones quando sujeito a molhas e riscos. A única vantagem é o peso de apenas 113 gramas, mas que nem se nota tanto por estar “condensado” na dimensão de 4 polegadas.

À semelhança de outros modelos o ecrã está protegido com uma camada de Gorilla Glass, e uma proteção oleofóbica que continua a não ser suficiente para disfarçar as inestéticas dedadas que obrigam a uma limpeza constante do ecrã.

 

 

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Por fora nada de novo, mas por dentro quase tudo diferente

É no processamento, e sobretudo na bateria, que o iPhone SE se distingue. Depois de ultrapassada a má impressão do tamanho e da falta de renovação no design, o smartphone mostrou-se bem capaz de um desempenho à altura das nossas exigências, e com uma bateria surpreendentemente duradoura.

A Apple equipou o iPhone SE com o processador A9, o mesmo usado no iPhone 6s e 6s Plus, e por isso o equipamento é bastante mais rápido do que o iPhone 5S, com maior fluidez gráfica também graças ao GPU que a Apple garante ser três vezes mais rápido. E para que serve? Para que as aplicações abram mais depressa e os jogos e filmes se desenrolem de maneira mais fluída, mas a integração de um coprocessador M9 também permite ter a Siri sempre ativa e pronta para responder ao “Hey Siri” de forma imediata, desde que a funcionalidade esteja ativa e mesmo quando o smartphone está a recarregar a bateria.

Com um processador mais eficiente e um ecrã mais pequeno o principal ganho do iPhone SE está mesmo na bateria. A duração é melhor do que a do iPhone 6 e 6S e semelhante à do 6S Plus, a bateria do SE permite até 14 horas de conversação e 10 dias em stand by. Não testámos exaustivamente nenhuma das situações mas é verdade que foi fácil chegar ao fim do dia ainda com uma capacidade de carga razoável, o que também se pode atribuir ao menos apelo para uso de funcionalidades multimédia.

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A câmara fotográfica é também uma boa surpresa no novo iPhone. Não testámos intensamente esta componente por falta de oportunidades “fotografáfeis” relevantes mas percebe-se mesmo com uma utilização ligeira que a câmara de 12 megapixels traz vantagens face ao iPhone 5S, captando mais detalhes e imagens mais nítidas, adicionando ainda a captura de vídeo em 4K a 30 fps e a edição de vídeos em time lapse.

Para quem gosta de selfies a má notícia é que a câmara frontal é de 1,2 megapixels, mas com a adição do mesmo flash do iPhone 6S, o que adiciona algumas melhorias também para o FaceTime.

A nível da comunicação em rede o iPhone SE suporta o 4G LTE mas não o modo Advanced introduzido com o iPhone 6S e o plus, e também está em falta a tecnologia MIMO no Wi-Fi, mas a verdade é que a maioria dos utilizadores não dará conta destas diferenças.

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Contas finais. Comprar ou não comprar, eis a questão

Para quem já mudou para o iPhone 6 ou 6S estará certamente fora de questão andar “para trás” e comprar o iPhone SE. E mesmo quem tem um modelo 5S ou 5C terá poucas vantagens na substituição. Apesar dos ganhos na performance não vai sentir que tem “um novo iPhone”.

Então quem pode estar interessado neste smartphone? Novos utilizadores de iOS que queiram mesmo comprar um iPhone e que vejam no preço ligeiramente mais baixo uma oportunidade.

O iPhone SE não pode ser considerado low cost, custando na versão mais barata quase 500 euros, mas é 260 euros mais barato do que o iPhone 6S e 150 euros mais barato do que o iPhone 6. Mesmo assim é várias dezenas de euros mais caro do que modelos Android e Windows com capacidade semelhante e características próximas em termos de dimensão e desempenho.

E isto considerando a versão mais barata, de 16 GB, porque se quiser o modelo de 64 GB já terá de pagar 599 euros. Longe dos preços médios com que este smartphone de gama média devia comparar-se. 

E esperar pelo iPhone 7? Esta pode ser uma opção para quem quer trocar de smartphone dentro da oferta Apple. É de esperar que a marca faça algumas mudanças importantes no design e no hardware do próximo iPhone, que deve ser apresentado em setembro, mas é preciso ter atenção ao preço que deve ser compatível com o nível de novidade.

 

Fátima Caçador