No final de maio a Nokia acrescentou mais três smartphones com Windows Phone ao portefólio de equipamentos disponíveis no mercado português. Entre as novas aquisições estavam o novo topo de gama Lumia 900 e o dispositivo de "entrada de gama" a que a companhia chamou Lumia 610. Ambos passaram pela redação do TeK nos últimos dias.

Embora, destinados a diferentes públicos e com diferenças ao nível das especificações que saltam à vista, começando pelas dimensões do ecrã - que no Lumia 900 é de 4,3 polegadas e no Lumia 610 se fica pelas 3,7 polegadas - e passando pelos processadores e câmaras integrados, estamos perante dois equipamentos que valeu a pena conhecer. E que não envergonham a marca.

Até porque quem pretende um equipamento capaz de satisfazer as necessidades básicas e que ocupe menos espaço no bolso (e na carteira), facilmente ficará convencido com o Lumia 610, à venda por 279,90 euros livre de operador - enquanto o Lumia 900 custa 579,90 euros. E ao nível do sistema operativo, já se sabe, as diferenças são nulas.

Vale a pena referir, por exemplo, que mesmo o modelo mais modesto vem equipado com soluções como o Microsoft Office, capaz de ajudar quem não quer comprometer a produtividade em mobilidade.

O Lumia 900 é mais poderoso, integrando um processador da Qualcomm de 1,4 GHz, ao invés do Snapdragon de 800 MHz que equipa o 610, ou não fosse ele o novo topo de gama da linha, sucedendo ao Lumia 800 - com melhorias que se refletem ao nível do tamanho do ecrã mas mantendo as mesmas capacidades ao nível da câmara e do processador, por exemplo.

[caption]imagem TeK[/caption]

Não falta, por isso, quem não hesite em classificá-lo como um Lumia 800 "em grande", designação que ganha mais força se olharmos ao design dos equipamentos. O Lumia 900 reproduz o corpo único que a Nokia estreou com o N9 (equipado com MeeGo) e que tem recebido apreciações bastante positivas por parte da "crítica". Pela nossa parte, reforçamos a apreciação positiva.

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Trata-se de um equipamento agradável ao toque e à vista. O design simples e retilíneo, com os botões físicos colocados apenas do lado esquerdo do telefone - e sem esquecer um botão dedicado à câmara - convenceu-nos e pudemos constatar que, apesar de grande, não dificulta a utilização por mãos mais pequenas.

A marca garante também que se trata de uma máquina resistente, algo que não quisemos confirmar sujeitando o modelo a testes duros, mas das viagens que fez em malas de senhora podemos garantir que nem um risco ficou. Apreciámos também uma certa resistência às dedadas no ecrã, que são naturais em equipamentos que vivem sobretudo do ecrã sensível ao toque, mas que são sempre desagradáveis à vista.

Agradáveis à vista e ao toque são também os ecrãs. Tanto o do Lumia 900 como o do 610. Ambos são capacitivos e respondem com velocidade e precisão aos comandos do utilizador, mesmo durante o uso de aplicações que exigem rapidez - como o mui conhecido ginásio para dedos rápidos Fruit Ninja. O do Lumia 900 é AMOLED, o que se reflete na maior qualidade com que são apresentados conteúdos, nomeadamente vídeos e fotografias.

Adaptámo-nos com alguma facilidade aos três botões (táteis) integrados na base do ecrã, decorrência da realidade Windows Phone, com a qual não tínhamos tido grande contacto até à data. O mais à esquerda serve para retroceder, o segundo coloca-nos perante o ecrã principal e os seus "Live Tiles" e o terceiro leva-nos diretos para uma janela com o Bing, onde podemos pesquisar por conteúdos/sites ou imagens.

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A forma como os resultados - e restantes aplicações e funcionalidades do telefone - são apresentados é simpática e denota preocupações estéticas por parte de quem criou o sistema operativo, o que, à parte as questões práticas (que, no nosso entender, também não são colocadas em causa), sempre será um consolo para a vista.

Os próprios Live Tiles - os "mosaicos" em que se baseia o funcionamento do SO e de que a Microsoft muito tem falado e para os quais promete novidades na versão 8 do Windows Phone - podem causar alguma estranheza numa primeira fase, mas rapidamente se revelam uma alternativa interessante aos menus a que estávamos habituados.

Ficámos menos contentes com características como, por exemplo, a forma como é feito o acesso às imagens captadas com o telemóvel. Definição inultrapassável do sistema operativo, a verdade é que para transferirmos para o nosso PC (Windows!) as fotografias guardadas no telefone tivemos de instalar o software de gestão de conteúdos media da Microsoft: o Zune. E de cada vez que o Lumia 610 era ligado ao computador exigia a instalação de um controlador. É aborrecido.

Temos alguma dificuldade em entender por que motivo a fabricante de software não facilita o acesso ao equipamento como se de uma unidade de armazenamento se tratasse, como acontece, por exemplo, com os dispositivos Android. O Zune é uma aplicação interessante, não haja dúvida, e a sincronização de músicas, vídeos e afins não se apresenta como um ponto negativo, mas quando o objetivo é despacharmo-nos acaba por funcionar apenas como mais um entrave.

Os telefones vêm, como anunciado, com algumas aplicações localizadas para Portugal instaladas, o que entra na lista de vantagens. A utilização do loja de aplicações revelou-se, porém, menos entusiasmante. Embora a fabricante tenha posto em marcha vários esforços no sentido de aumentar a oferta, o portefólio é incomparável com o de concorrentes como o iOS ou Android e a oferta de aplicações gratuitas deixa muito a desejar.

Merecem ainda nota positiva características como a aplicação que assegura a integração com o Xbox Live e a forma simples como é assegurada a personalização do menu inicial, podendo o utilizador arrastar os seus Tiles preferidos para posições de maior destaque ou optar pela visualização dos menus com uma aparência mais tradicional, bastando para isso "desviar" o ecrã principal para o lado esquerdo. Outra das características relacionadas com a personalização que denota algum enfoque na estética é a possibilidade de selecionar imagens captadas com a câmara do telefone ou adicionadas pelo utilizador a serem usadas na personalização do telefone - que é feita automaticamente pela software.

Já que falamos em imagens, vale a pena mencionar o desempenho das câmaras incluídas nos telefones: de 8 megapixéis, no caso do Lumia 900, e de 5 megapixéis, no modelo de menor custo. As fotos abaixo foram captadas usando um Lumia 900 e um Lumia 610, respectivamente:

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Admitimos que as condições de luminosidade em que testámos os equipamentos não foram as mais favoráveis, mas a verdade é que as diferenças observadas durante a utilização não foram tão grandes quanto se podia esperar, tendo em conta as diferenças no tamanho dos sensores a abertura das lentes (f2.2 no caso do Lumia 900 e f2.4 no Lumia 610). Afastam-se, no entanto, em características como o flash led incluído (que no caso do 900 é duplo) ou da segunda câmara, que suporta as chamadas de vídeo, mas só vem incluída no modelo mais caro (e tem resolução de 1 megapixel).

A aproximá-los têm o software incluído para captura e edição de imagens - que inclui a possibilidade de tocar para definir a área de focagem e disparar com um só toque, definir manual ou automaticamente o equilíbrio de brancos ou a sensibilidade à luz (ISO) e ainda filtros para criar efeitos nas imagens, como o que mostramos abaixo (de uma foto captada com o Lumia 610). O Lumia 900 conta ainda com a possibilidade de criar marcadores de geolocalização nas fotos.

[caption]Imagem TeK[/caption]

Em matéria de imagens em movimento as diferenças fazem-se sentir com maior intensidade, até porque o Lumia 900 capta vídeos com uma resolução HD de 720x1.280 e o Lumia 610 se fica pelos 640x480 - em ambos os casos a 30 frames por segundo.

O som também não deixa a desejar em nenhum dos casos (sendo, claro, mais poderoso no Lumia 900), tanto no caso de vídeos captados pelo utilizador, como de conteúdos transferidos para o telemóvel ou tirando partido do rádio e leitores integrados.

As diferenças entre os terminais revelam-se de forma mais marcada ao nível do design. À semelhança do que acontece com o Lumia 900, também o 610 conta apenas com três teclas físicas do lado direito, mas nem por isso correríamos o risco de confundi-los. E não estamos a falar apenas do tamanho enquanto fator de diferenciação.

[caption]Imagem TeK[/caption]

A escolha de materiais é diferente, embora o Lumia 610 não revele desleixo no que ao aspeto concerne, o desenho é mais curvilíneo e aposta em detalhes como os acabamentos metalizados que lhe conferem um aspeto menos atual… e resistente. Convém, ainda assim, referir que também sobreviveu incólume aos riscos.

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Como seria de esperar, o Lumia 610 é também mais leve que o 900, pensado apenas 131 gramas, enquanto o topo de gama chega aos 160 gramas. Na autonomia o equipamento de menores dimensões também sai a ganhar, garantindo 9,5 horas em conversação. O Lumia 900 suporta até 7 horas de conversa.

Memórias RAM de 256MB (Lumia 610) e 512MB (Lumia 900) e 8GB ou 16GB de armazenamento interno, respetivamente, são outras das especificidades destes modelos, que não contam com entrada para cartões SD.

Nota da Redação: Foi feita uma correção no penúltimo parágrafo.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Joana M. Fernandes