Se existe um campeonato estratosférico entre os fabricantes de topo, que procuram puxar pela tecnologia de última geração nos seus smartphones, na divisão inferior, dos equipamentos de média gama, a competição é bem diferente: encontrar o melhor equilíbrio entre o preço e a qualidade das características. E neste aspecto, a Lenovo, através da sua divisão de smartphones Motorola, procura traçar uma estratégia vencedora.

É um segmento onde centenas de modelos são lançados ao longo do ano, e em que as características dos equipamentos se atropelam já que as fabricantes necessitam de lançar diversos modelos para responder às exigências do mercado.

E é nesse sentido que os utilizadores devem definir prioridades daquilo que necessitam de um smartphone durante a decisão de compra. O preço é obviamente um dos principais fatores, mas o tamanho, a estética dos equipamentos e a autonomia são igualmente considerados, muitas vezes sem o conhecimento do que a “concha” guarda no seu interior, ou seja, o seu hardware.

Esteticamente semelhantes, mas com muitas diferenças

A Lenovo enviou para a redação do SAPO TEK duas das suas propostas para o segmento médio, o “gigante” Moto e5 Plus e o seu “pequeno irmão” Moto G6, que é o mais poderoso dos dois, mostrando que os smartphones “não se medem os palmos”. Os equipamentos são bons exemplos de como comparar modelos de gama média e média baixa, sendo que o Moto G6 custa cerca de 250 euros e o e5 Plus ronda os 170 euros.

A diferença de preços justifica-se por algumas características acentuadas ao nível do hardware, pois esteticamente são modelos muito semelhantes. O equipamento mais barato apresenta um ecrã maior, de 6 polegadas (contra os 5,7” do Moto G6), mas a sua qualidade é inferior, ao atingir apenas 720p de resolução. O G6 apresenta imagens nítidas, em Full HD (1080p), com ambos os modelos a debitarem imagens panorâmicas, ideal para assistir a filmes e séries em formato portátil.

Esteticamente, ambos os modelos são muito apelativos, com um design premium, de cantos arredondados. A traseira curvilínea em tom preto espelhado é agradável, embora seja um magneto para impressões digitais. A moldura do chassis tem uma linha de rebordo, a prateado no caso do e5 Plus, e preto no G6, que lhes confere um toque de classe adicional.

Ambos oferecem ainda um reforço dos materiais da Corning Gorilla Glass 3, para maior resistência nas quedas e contra riscos, para além da oferta de capas protetoras transparentes para a traseira dos equipamentos. Até porque os círculos em torno das câmaras traseiras são salientes e são o primeiro ponto de contacto com a superfície, requerendo um cuidado adicional ao pousar. Embora os telemóveis não sejam à prova de água, receberam tratamento para resistir a salpicos.

Apesar de fisicamente semelhantes, a configuração dos botões e funcionalidades muda por completo entre os modelos. Ambos concentram os botões de volume e desbloqueio na lateral direita, para oferecer um manuseamento semelhante. Já e5 Plus remeteu para o lado esquerdo a entrada dos cartões, onde poderá utilizar um MicroSD e dois SIMS em simultâneo. O pequeno G6 optou por empurrar a “gaveta” dos cartões, com as mesmas características, para o topo do equipamento e o seu jack de entrada dos auriculares na parte inferior. No e5 Plus, os auscultadores são introduzidos na área de topo.

Outra diferença assinalável é o posicionamento do sensor biométrico de impressões digitais. O modelo mais caro optou por ter o sensor na parte inferior da frente do equipamento, enquanto o seu “irmão” rematou-o para a traseira, situando-se em baixo da câmara fotográfica.

Neste ponto há sempre opiniões divergentes sobre a zona ideal para encostar o dedo, mas note que o pequeno G6 tem reconhecimento facial, apesar de nem sempre funcionar como seria de esperar, sobretudo quando utilizado em locais menos iluminados. Por vezes demora tanto a desbloquear que se acaba por desistir e optar por deslizar o dedo no ecrã para marcar o código-padrão.

Desempenho avançado do som e imagem

Ambos os modelos assentam em Android 8.0, pelo que a navegação e a maioria das funcionalidades são idênticas entre si, mesmo as aplicações pré-instaladas. De realçar a aplicação Moto, uma espécie de diário que regista a utilização do smartphone ao longo do dia. Este disponibiliza diversas sugestões de manutenção, tais como eliminar fotografias repetidas ou mal tiradas, ou gerir o espaço livre no armazenamento.

A otimização da autonomia e as sugestões ligadas à georreferenciação são algumas opções que pode configurar no Moto. Além disso, pode aceder a diversas funcionalidades rapidamente do smartphone, tais como utilizar gestos para controlar o telemóvel, definir as notificações que quer receber, e no caso específico do G6 ter ainda ações de controlo por voz ou trancar sites e aplicações à impressão digital.

O G6 oferece ainda opções avançadas para o som, através do Dolby Audio, apresentando um equalizador inteligente que se ajusta ao tipo de conteúdos ou aplicações que está a consumir através de predefinições para música, filmes, videojogos e voz, e com a possibilidade de gravar duas personalizações. Os mais entendidos podem mesmo alterar os níveis dos decibéis dos agudos e graves no equalizador.

Em termos práticos, e lado a lado, o G6 apresenta claramente um som superior que o e5 Plus, não só em termos de volume, como qualidade. Ainda que ambos os modelos tenham apenas uma coluna, na mesma localização no topo da frente do dispositivo. Já agora, se gosta de ouvir rádio ambos os modelos.

No interior, vai encontrar no pequeno G6 um processador Snapdragon 450 e uma gráfica Adreno 506, enquanto que no e5 Plus terá de se contentar com um ARM v7 Quad-Core e uma Adreno 308, todos componentes da Qualcomm. Em termos de armazenamento, o modelo mais barato tem apenas 2 GB de RAM e 12 GB de espaço para dados, enquanto o G6 tem 3 GB de RAM e o dobro de espaço livre.

Ambos têm configurações modestas se procura correr aplicações mais exigentes, e durante o teste corremos jogos como PUBG, que obriga a processar um mapa gigante e estar sempre online, e apenas se consegue jogar na definição mínima, e ainda assim com algumas quebras de framerates. Obviamente que se procurasse um smartphone para jogar os melhores jogos do mercado não iria procurar modelos desta gama. A navegação na internet e utilização das redes sociais foram tranquilas, cumprindo as suas funções na perfeição em ambos os modelos.

Em todo o caso, submetidos ao benchmark AnTuTu, o e5 Plus marcou uns singelos 44.868 pontos, ficando à frente de apenas 1% dos equipamentos listados. O processador obteve 23.176, a gráfica 1.701 e a memória 5.981 pontos. Já o G6 pela sua configuração melhor conseguiu um óbvio melhor resultado na plataforma, registando 70.567, à frente de 3% da base de dados, 33.889 pontos relativos ao processador, 12.192 de GPU e 7.451 de memórias.

Os números registados pelo benchmark fazem obviamente sentido quando testadas as aplicações mais pesadas. Ainda assim, devemos apontar a excelente experiência de navegação pelos menus, rápidos, mas obviamente que é necessário manter o sistema otimizado através das suas ferramentas.

Se procura um dispositivo pela sua autonomia, fique a saber que o “gigante” e5 Plus arrasa o seu irmão mais pequeno com a sua bateria de Li-ion de 5.000 mAh, contra a de 3.000 mAh presente no G6. Mesmo que utilize mais agressivamente o e5 Plus para jogar ou ver filmes, no final do dia anda terá bastante bateria restante. Por outro lado, o G6 é assistido pelo sistema TurboPower permitindo um carregamento da bateria mais rápido através da ligação USB-C, enquanto o e5 Plus ainda utiliza o mini-USB.

Câmara fotográfica com algumas surpresas

Sendo a câmara fotográfica um dos principais “selling points” de um dispositivo, o Moto G6 apresenta um sensor duplo de 12 MP e 5 MP na traseira e uma câmara para selfies de 8 MP. Já o e5 Plus tem apenas uma câmara traseira de 12 MP e uma frontal de 5 MP.

Curiosamente o smartphone com o sensor duplo revelou uma captura lenta, demorando um segundo a disparar, o que pode dar origem a fotos tremidas, sobretudo se tentar fotografar movimentos. Para objetos estáticos não há problemas a assinalar, com as imagens no geral a revelarem-se coloridas e cristalinas, sobretudo nos exteriores. Já a câmara do e5 Plus é extremamente rápida, revelando-se sempre pronta para capturar aquele momento especial, mas obviamente, a qualidade de imagem não é tão boa como o seu pequeno “irmão”. Nos interiores e em situações de menor luminosidade as fotografias ficam mais esbatidas e desfocadas em relação ao G6.

O software da máquina fotográfica é exatamente o mesmo em ambos os dispositivos, com funcionalidades semelhantes, entre os quais a opção de HDR, Flash automático e temporizador. Se quiser ter maior controlo sobre as imagens capturadas pode aceder ao modo profissional e alterar manualmente a composição do brilho, regular o ISO, o balanceamento dos brancos e outros elementos para fotografar nas diferentes condições.

As câmaras frontais dos dois modelos oferecem ainda o inevitável modo Beleza, que permite dar aquele toque extra “Photoshop” para disfarçar algumas marcas ou uma ruga indesejável antes de partilhar a selfie nas redes sociais. No caso do G6 em particular, tem uma funcionalidade adicional para poder capturar selfies em grupo de forma semelhante às fotografias panorâmicas. Esta funciona capturando um momento e depois será pedido para mover ligeiramente o dispositivo para a esquerda e direita para fotografar o resto das pessoas. A imagem é depois montada, colocando todo o grupo na composição. Claro que sendo uma solução de software, e até bem-vinda, nem sempre funciona como devia.

Durante os testes aconteceram situações bizarras, tais com tons de cor e iluminação diferentes na mesma superfície ou mesmo fotografias hilariantes de “mutantes com duas cabeças”. Claro que em condições ideais de iluminação e se o utilizador fizer o movimento correto mostrado pela aplicação, conseguirá obter boas fotos de grupo.

Outra funcionalidade apenas disponível na câmara fotográfica do Moto G6 é o reconhecimento inteligente de objetos. Imagine que está a fotografar um animal, planta, ou um objeto qualquer na secretária. No ecrã irá aparecer um ícone, que uma vez premido tenta reconhecer os objetos, listando a possibilidade de saber mais sobre o mesmo no Wikipedia, por exemplo. Os resultados nem sempre são satisfatórios, mas não deixa de ser um extra divertido para fazer experiências com a câmara.

No que diz respeito à gravação de vídeo, ambos os modelos gravam a 1080p, embora o Moto G6 tenha melhor qualidade, sobretudo por oferecer estabilizador de imagem – o que devia ser uma funcionalidade obrigatória em todos os smartphones. Ambos suportam gravações em câmara-lenta. Em relação ao zoom digital, ambos os modelos permitem aumentar a imagem em 8x, mas por questões óbvias apenas recomendamos utilizar a funcionalidade em caso de necessidade porque as imagens perdem qualidade.

Em termos de conclusão, ambos os modelos têm características que se distinguem, como a excelente autonomia do e5 Plus ou as funcionalidades da câmara fotográfica do G6. No geral, o design arredondado dos modelos e a qualidade dos materiais tornam-se atraentes consoante os gostos pessoais relativos ao tamanho.

Obviamente que a diferença de preço entre os dois smartphones justifica-se pelo hardware mais poderoso do modelo mais pequeno, funcionalidades gerais e qualidade de som e imagem. A não ser que queira um smartphone com um ecrã maior (embora com definição inferior) e uma autonomia exemplar que o leve a optar pelo mais económico moto e5 Plus, recomendaríamos o investimento adicional no moto G6. Uma coisa é certa, os equipamentos apresentam funcionalidades e características superiores para o preço que custam.

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