Durante várias semanas o portátil de pequenas dimensões da Acer foi o companheiro de longas tardes de trabalho. A relação com o equipamento nunca foi suficientemente positiva para evoluir para uma “amizade para a vida”. Tal como aqueles “amigos” de verão que muitos leitores certamente tiveram, há coisas boas e coisas más a dizer sobre o computador. E o equilíbrio entre o positivo e o negativo é tal, que será preciso acompanhar o texto até ao fim para ficar a saber se o Aspire V5 P-122 vale o seu investimento.



"Espelho meu, espelho meu.


Há alguém mais bonito do que eu?"

A análise começa pela forma, que além de ser o primeiro aspeto com que cada consumidor se depara quando vai à procura de um computador novo nas lojas, é sem sombra para dúvidas o ponto forte do portátil da Acer.



O computador só não é confundido com um netbook porque exibe de facto construção com qualidade e linhas demasiado finas para um computador dessa categoria. A parte superior é feita em alumínio. Sim, é só isto. Simplicidade é a palavra de ordem neste computador e não existem elementos que destoem do conjunto. O metal é polido e não escovado, o que transmite uma boa sensação ao toque.



A estrutura metálica estende-se até ao teclado, pelo que quando o utilizador está a escrever um texto ou a jogar, pode continuar a ter a mesma sensação de conforto e deslize. O teclado em si, do tipo chiclete, é de grande qualidade, havendo um bom espaçamento entre as teclas, em que a pressão das mesmas também é bastante confortável.



Já a parte inferior do portátil é feita num tipo de plástico resistente e que agarra bem à mão do utilizador. Devido ao tamanho pequeno do computador e ao seu baixo peso, o Aspire V5 acaba por andar mais vezes a “passear” do que aquelas que ao primeiro pensamento seria esperado. Mas neste aspeto os utilizadores não precisam de temer pois a aderência do plástico é realmente satisfatória.

[caption]Acer Aspire V5-122P[/caption]

A textura do mesmo também faz com que seja resistente a riscos – o que combinado com a tampa metálica polida, dá a sensação de que o portátil está sempre novo e acabado de sair da caixa.

Algo que o TeK também gostou foi o nível de resistência das dobradiças do ecrã. Ao contrário do que acontece noutros equipamentos, é preciso fazer alguma força para levantar, reclinar ou fechar a tampa do ecrã. E isso é bom pois mais uma vez mostra a qualidade que foi aplicada neste equipamento.



Outro ponto forte do Acer é o ecrã de 11,6 polegadas com tecnologia LED. Mesmo não apresentando uma resolução elevada, como o Full HD, os 1.366x768 píxeis são suficientes para criar uma tela que garante qualidade de visualização. O ecrã consegue atingir uma boa luminosidade, mas é preciso admitir que nem todas as cores têm o devido “corpo e temperatura” – o verde por exemplo, fica demasiado esbatido.



O ecrã tem ainda a vantagem de ser sensível ao toque. Sabendo que o Windows 8.1 é o sistema operativo que acompanha o portátil, há margem para tirar proveito do touch em algumas situações. Se estiver com o computador no colo é mais fácil navegar numa página Web através dos dedos no ecrã, do que através do trackpad – que, já agora, é de boa qualidade e bastante preciso.



Já a precisão do ecrã é que nem sempre é a melhor. O TeK defende que não é por falta de qualidade do mesmo, mas porque em determinados momentos estar a trabalhar num Windows em modo desktop simplesmente não vai bem com a tecnologia touch. Existem elementos demasiado pequenos para que o toque de um dedo seja suficientemente preciso.

Falando agora de especificações técnicas. Nesta altura importa dizer que existe mais o que uma configuração do Acer Aspire V5-122P. O modelo que o TeK teve para testes era composto por um processador processador AMD A4-1250 de dois núcleos a 1,00Ghz, acompanhado de uma unidade de processamento acelerado Radeon HD, memória RAM de 4GB e um disco rígido de 500GB.

Um pónei de corrida

E como se comportam estas especificações técnicas? Para os que gostam de orientação através de números fica aqui um benchmark simples, feito com recurso a uma ferramenta da Microsoft:

[caption]Acer Aspire V5-122P[/caption]

Para os que gostam de saber como é o computador ao nível da usabilidade e experiência de utilização, vale a experiência que o TeK teve com o equipamento.



E é aqui que o Acer Aspire V5-122P começa a desiludir e a causar dúvidas. O desempenho do computador não é de todo satisfatório. Para os que procuram uma utilização básica deverá ser suficiente, mas mesmo nestes casos os utilizadores não vão escapar de algum stress.



Prepare-se para perder tempo na abertura de aplicações, prepare-se para perder tempo quando tem demasiados separadores abertos no browser e prepare-se para perder tempo a assistir alguns vídeos do YouTube.



Então mas o portátil da Acer é assim tão mau? Não, não é. Mas também não é suficientemente bom para se escapar da análise sem os devidos reparos.



É aqui que os utilizadores devem começar a fazer contas à vida e devem pensar que um portátil que custa 370 euros tem obrigatoriamente as suas concessões ao nível de desempenho.

Investimento sem retorno?

A maior concessão que é feita é ao nível de desempenho gráfico. O Aspire V5 -122 consegue executar tranquilamente alguns dos jogos que se encontram na loja de aplicações do Windows. Mas se procura aventuras mais ambiciosas, então o melhor é olhar para outro lado. Claramente que este não é um portátil de gaming, como o próprio tamanho do ecrã e restantes especificações indicam. Mas também é verdade que independentemente da máquina que se tem, há sempre a tentação de tentar a sorte num jogo “a sério”.



No restante desempenho ao nível gráfico há alguma limitação ao nível do streaming também. Mas para reproduzir um filme antes de ir para a cama está à vontade. A baixa capacidade do computador também fica desmascarada quando faz por exemplo o zoom a uma página Web usando o movimento de pinça no ecrã – a renderização não é feita de forma rápida e fluída.



Outro campo onde o Acer fica curto é no desempenho da bateria. O utilizador vai conseguir em média entre três horas e meia a quatro horas de computador sem estar ligado à tomada elétrica. Certo é que o tamanho reduzido tem implicações, mas também é certo que existem outros computadores de tamanho idêntico e que conseguem garantir um tempo de vida útil muito maior.

[caption]Acer Aspire V5-122P[/caption]

Vale sempre a pena referir o sistema de som do computador – não atinge um volume muito alto e falta claramente corpo ao som, pelo que em determinadas músicas é demasiado agudo -, e as entradas multimédia que apresenta: uma porta USB 2.0, uma porta USB 3.0, entrada para cartões SD e uma mini DisplayPort. Há depois um acessório que vem na caixa e que permite por exemplo ligar um cabo VGA.



Considerações finais

Concluindo, o Acer Aspire V5-122P é um bom portátil de entrada de gama. Ponto. Sobretudo se não tem um tablet e quer aproveitar alguma da experiência tátil que os novos sistemas operativos possibilitam. Para o regresso às aulas é também uma opção a considerar.



Mas o portátil não está talhado para grandes aventuras. Aguenta com as tarefas mais básicas, mas o simples facto de em várias ocasiões não ter conseguido reproduzir um vídeo do YouTube sem falhas, deita tudo a perder.



Mesmo para os utilizadores que gostam de ter vários separadores do browser aberto, a capacidade de processamento do Acer deixa muito a desejar. Tudo o que for acima das seis tabs já é exigir muito ao portátil. Um outro exemplo prático e simples é o do jornal Sol: o semanário estreou recentemente uma nova página online – o Acer não a conseguia fazer sem engasgos.

[caption]Acer Aspire V5-122P[/caption]

Se procura um portátil que lhe permita crescer e evoluir na utilização que faz do mesmo, então terá que olhar para outras máquinas de preço superior. Este Acer Aspire V5 tem aparecido várias vezes em promoções das lojas de retalho e com preço abaixo dos 350 euros – uma hipótese interessante sabendo que tem um ecrã sensível ao toque.



Em poucas palavras: se procura um computador para as pequenas tarefas digitais do quotidiano, tudo bem. Se procura um portátil para o médio prazo, nada bem. Veja alternativas que a própria Acer disponibiliza ou então qualquer uma das principais marcas de computador como a Asus, HP e Toshiba.

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico