A Toshiba é, das marcas de computadores portáteis, uma das que melhor tem aguentado a crise que tem fustigado o segmento dos PCs: em Portugal e nos primeiros seis meses do ano detinha uma quota de mercado de 25%.
Muito dos bons resultados da Toshiba deve-se ao facto de a marca apresentar uma gama variada de equipamentos: desde os mais baratos, aos que tentam conjugar desempenho com preço, aos que tentam conjugar desempenho com portabilidade, até aos equipamentos dedicados ao gaming.
Em 2013 a empresa tinha apresentado um outro computador, acima de todos os outros, o Kirabook. Não chegaria ao mercado português. Depois de alguma pressão, a marca acabou por lançar em Portugal o sucessor do seu computador topo de gama, já com especificações revistas. O Kira é o computador portátil de excelência da Toshiba.
O TeK passou algumas semanas com o equipamento e tentou acima de tudo perceber se os 1.499 euros pedidos pela máquina justificam-se. Fique a saber no que é que o Kira é bom ou muito bom, e o que podia ser feito para melhorar uma possível versão de 2015.
Kira Zen
Este é um computador zen. Porquê? Porque não enerva, não irrita e não causa problemas como outros portáteis às vezes fazem. Também não seria de esperar outro cenário tendo em conta as especificações internas deste portátil.
Processador Intel Core i7 de quarta geração a 2Ghz com possibilidade de atingir os 3,1Ghz, 8GB de memória RAM e 256GB de armazenamento interno SSD. Aqui tudo convida a que o desempenho do computador seja fluído e a que as tarefas do dia a dia, mesmo as profissionais, possam ser cumpridas sem qualquer dificuldade.
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Exceto se o seu trabalho ou passatempo preferido exigir uma grande performance ao nível gráfico. Nesse caso a placa integrada Intel HD 4400 é limitada e não permite por exemplo correr jogos mais recentes, como Murdered: Soul Suspect, de forma satisfatória. Nada satisfatória aliás.
Mas como já é costume, as máquinas classificadas como ultrabooks não foram desenhadas para estes segmentos. Para que o utilizador possa ter velocidade de ponta e um design classificado como premium, há concessões obrigatórias e a parte gráfica é sempre a primeira a sofrer.
Mas isso não implica que filmes com uma resolução de 2.160p píxeis, como já é possível encontrar no YouTube, sejam executados de forma exímia e sem problemas.
Não vem à memória uma única vez em que tenha sido dito “que lentidão...”. E isto é dizer muito. Pois não há preço que pague a performance, a produtividade e o sossego de ter uma máquina assim.
"- Ambrósio, apetecia-me algo.
- Tomei a liberdade de escolher um Kira"
- Tomei a liberdade de escolher um Kira"
Requinte. Esta é uma palavra que se pode atribuir sem grande dificuldade ao Toshiba Kira.
Em termos de aspeto o computador é minimalista. Fino, como mandam as regras dos ultrabooks, leve, como exigem as regras dos ultrabooks.
O acabamento em alumínio polido transmite uma melhor sensação do que os acabamentos ditos premium usados noutros computadores. Tanto na tampa exterior como na estrutura que rodeia o teclado, é o mesmo tipo de acabamento que se pode encontrar.
Até a dobradiça que liga o ecrã ao resto do portátil, que noutros computadores acaba por estragar todo o bom aspeto que a restante carcaça podia ter, é no Kira uma peça bem integrada, discreta e robusta.
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Há apenas um botão, o de energia, e nem sequer é possível encontrar as típicas saídas de som. Porquê? Porque a Toshiba integrou neste portátil um sistema harman/kardon que faz uso da estrutura do computador para criar mais intensidade. Quer isto dizer que as colunas estão na realidade por baixo do teclado e o som é espalhado através de um efeito de vibração.
O sistema de som acaba mesmo por jogar a favor do Kira, que apesar de não ser forte em graves, apresenta um nível de som muito satisfatório sem sofrer qualquer quebra mesmo quando o volume está no máximo. Músicas pop, rock ou dubstep podem ser reproduzidas diretamente no PC sem que o utilizador fique a pensar que ter uma coluna bluetooth por perto é que seria bom.
A prejudicar a boa construção do portátil está o teclado. As teclas não dão uma resposta muito satisfatória ao toque e estão demasiado espaçadas entre si. Há muito tempo que escrever num computador novo não exigia uma curva de aprendizagem tão significativa aos dedos das mãos. Do ponto de vista estético o efeito de distribuição funciona bem, mas um computador de 1.499 euros não pode ser só para admirar. Salva-se o sistema de retroiluminação bem implementado.
A Toshiba conseguiu ainda criar com este computador uma boa ilusão de ótica. Pois apesar de o ecrã “apenas” ter 13,3 polegadas, como está tudo bem harmonizado e os espaços bem aproveitados, a tela do computador acaba por parecer maior do que é na realidade. O formato 16:9 ajuda nessa missão como é óbvio, mas neste aspeto os utilizadores acabam por levar “mais” por menos.
Espetacularidade agridoce
Continuando na análise do ecrã, é de referir que este acaba por ser o maior destaque do computador, mas possivelmente também é a sua maior traição.
Com uma resolução de 2.560x1.440 píxeis, as 13,3 polegadas do Kira apresentam um detalhe que não é possível encontrar em muitos computadores portáteis nos dias que correm. Como já tinha sido dito a propósito do Surface Pro 3, este nível de detalhe ajuda inclusive a tornar o Windows 8.1 num sistema operativo mais apelativo do ponto de vista visual. Fica moderno, arrojado, ao passo que numa máquina mais antiga pode acabar por parecer um pouco mais “rústico”.
O grande defeito deste ecrã cheio de potencial - é sensível ao toque e tem uma grande precisão na resposta - acaba por ser a representação das cores. Pouco vivas e pouco intensas. Não é que sejam mal representadas, mas para um painel LED já se viram melhores resultados. Este é um factor negativo e que se sente sobretudo na visualização de fotografias ricas em cor.
Possivelmente a contribuir para esta perda de cor está o facto de o ecrã ser muito reflexivo. Mesmo em cores compactas e com a luminosidade ao máximo, o utilizador está sempre a ver reflexos seus. Basta alterar um pouco o ângulo de visão para as laterais para se perceber como este é um problema sério.
Não deixa de ser curioso que o maior destaque do computador acabe também por ser a sua maior dor de que cabeça.
Considerações finais
Às características que já foram referidas resta apenas acrescentar que ao nível da bateria o Kira tem uma boa performance e deixa que o utilizador possa estar largas horas com o computador longe da corrente. As 9 horas prometidas pela Toshiba dependem muito da tarefa que for realizada, como já é sabido, mas no geral o utilizador deverá conseguir extrair entre sete a oito horas estando apenas a navegar na Internet ou a escrever um documento.
Entrada para cartões SD, três entradas USB 3.0 e uma outra HDMI, parecem suficientes para a esmagadora maioria dos cenários de utilização da maior parte das pessoas.
Agora a grande questão: vale o Kira o preço que a Toshiba está a pedir por ele? Deve este computador ser usado como standard para as máquinas de alta gama?
Dentro da oferta que a própria Toshiba tem, seja em ultrabooks seja em computadores com especificações um pouco superiores, o posicionamento do Kira neste nível de preço faz sentido. Mas olhando para outras alternativas do mercado talvez um etiqueta com menos algumas centenas de euros – entre os 1.100 e os 1.200 euros - o conseguisse tornar mais competitivo e possivelmente um sucesso de vendas.
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Claro que não seria o computador mais vendido em Portugal – tanto que a maioria das pessoas teria de fazer um esforço muito grande para ter acesso a um Kira. Mas as classes sociais que podem escolher equipamentos na faixa acima dos mil euros, podiam conferir a este portátil um bom desempenho comercial.
Pelos 1.499 euros pedidos talvez uma aposta no Surface Pro 3 da Microsoft não fosse mal pensado, sobretudo pela maior flexibilidade que o equipamento garante ao utilizador. Mas é preciso não esquecer, o Surface continua a ser acima de tudo um tablet, pois a capa que o transforma num PC continua a ser vendida em separado.
O TeK encontrou ainda outras duas máquinas que rivalizam com o Kira nas especificações, mas sobretudo no preço: o Asus N750JK e o HP 17-J102NP. Perdem na portabilidade e no design requintado, mas garantem outros ganhos que os utilizadores interessados rapidamente saberão reconhecer: leitor Blu-Ray no caso do Asus e placa gráfica GeForce 840M com 2GB dedicados no caso do HP, são apenas alguns exemplos.
Ou se estiver disposto a sacrificar completamente a parte do design e da portabilidade, pode até olhar para os portáteis de gaming que garantem robustez e poder de processamento.
Por fim e na tentativa de chegar a uma opinião mais concisa: o Kira é de facto um super-portátil que tem um problema com as cores do seu ecrã de altíssima definição. Podia talvez ser um mega-portátil, mas os defeitos – não muitos – apontados e o preço que nos parece um pouco acima do que seria desejado, condicionam essa classificação.
Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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