Apesar de o som digital estar agora mais democratizado do que nunca - e muito por culpa dos “iPods” e dos smartphones -, a verdade é que as pessoas parecem estar a habituar-se a um baixo nível de qualidade do áudio.

Serviços como o Spotify estão a querer alterar um pouco essa situação ao disponibilizarem o streaming de música em 320 kbps, mas além de ser uma funcionalidade reservada a assinantes premium, uma grande parte dos utilizadores continua a usar auscultadores de fraca qualidade.

E esses são, quase na sua totalidade, aqueles que vêm de origem com os equipamentos que compram. Não é por isso de estranhar que um dos mercados que recentemente conheceu um grande crescimento foi justamente o dos earphones - só para colocar na orelha - e o dos headphones - aqueles que se posicionam na cabeça.

Começa a haver uma maior sensibilidade para a qualidade do áudio e não é também por isso de estranhar equipamentos como o Pono de Neil Young ou o novo Walkman da Sony só para audiófilos, que prometem música e sons digitais como raramente se ouve.

A LG tem uma proposta na área do áudio móvel, naquele que é simultaneamente um auricular Bluetooth. Os LG Tone Infinim são um equipamento moderno, a atirar um pouco para o lado dos wearables, e que prometem aliar mobilidade a uma qualidade de som superior.

[caption]LG Tone Infinim[/caption]

Colocando os auriculares, o que é que ouvimos?

Som limpinho, limpinho



Primeiro, deixa-se de ouvir. E esta é a primeira grande característica dos Infinim. Os earphones da LG estão construídos para que seja possível colocá-los de forma bem posicionada no ouvido, o que por sua vez ajuda logo na redução de ruído exterior. E esta é uma vantagem que também se sente quando está a ouvir música ou rádio.

Por o som está constrito aos ouvidos, para o utilizador só vai contar de facto o que está a ser reproduzido. E apesar de este ser um equipamento com foco no som, o mesmo não significa que não seja um bom companheiro para tarefas mais visuais como ver uma série ou até um videojogo. Arriscaríamos mesmo a dizer que os HBS-900 da LG são uma opção muito válida para quem gosta de jogar online sem ter de carregar os headphones volumosos típicos dos gamers.

Além do bom bloqueio de sons externos, o som dos auriculares é um misto de qualidade e expectativas não correspondidas. Quando o consumidor lê na caixa que o sistema de som é desenhado com recurso a tecnologias da Harman Kardon espera um som bem definido, bem encorpado.

Enquanto a primeira parte é correspondida na totalidade, a segunda nem tanto. O som dos Tone Infinim tem de facto definição, é limpo e suave, mas falta corpo em sonoridades mais graves. Ouvir uma música rock contemporânea vai trazer uma boa experiência, mas sente-se falta das batidas mais fortes da composição, seja a bateria ou o baixo.

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Verdade é que para uns auriculares não se pode pedir propriamente a inclusão de um subwoofer, mas sabendo o preço destes Tone Infinim – a rondar os 149 euros -, aí já seria de esperar mais um pouco de dinâmica sonora.

Mas não se faça aqui uma interpretação errada. Os auriculares da LG são bastante superiores à média de earphones que os utilizadores usam para ouvir, portanto se alguém estiver dentro desta faixa de utilização e decidir dar o salto, a nível de qualidade não vai ficar desiludido.

E o valor do produto não está apenas no som. Está na sua grande versatilidade. O TeK explica.

Serve para tudo o que envolva som


Até aqui os LG Tone Infinim foram abordados na perspetiva de auscultadores, mas o equipamento é mais do que isso. É uma mistura de um wearable moderno com um auricular Bluetooth muito completo.

O emparelhamento com qualquer dispositivo – smartphone, tablet, portátil ou consola – é feito de forma simples e rápida. E aí tanto pode usar os earphones para ouvir música, como já pode estar a ter uma conversa de negócios.

O microfone incorporado e a tecla dedicada para atender as chamadas são uma mais valia para situações multitarefa. Seja um jornalista que precisa de fazer uma entrevista telefónica e as mãos livres para ir tomando notas, seja um empresário que está numa viagem de comboio e vai debatendo números enquanto os consulta numa folha de excel.

O segmento empresarial e produtivo parece mesmo ser aquele no qual os Tone Infinim podem encontrar o seu público ideal. Um empresário que quer ser multitarefa precisa de apostar em auriculares Bluetooth e este tanto funciona apenas numa orelha, como nas duas.

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Os auriculares estão presos por fios extensíveis, isto é, podem ser puxados até dez centímetros, sensivelmente, do corpo principal do equipamento. E têm um sistema de recolha rápida, tal como aquele que existe nos aspiradores. Basta carregar num botão e o auscultador vai ser "sugado".

Mais uma vez os homens e mulheres multitarefa ficam a ganhar pois tão depressa estão numa reunião, como carregam em dois botões e os earphones desaparecem como por magia.

Mas para onde foram? Para aquele corpo curvilíneo metálico que se pode ver nas imagens, um belo feito de design diga-se. E sim, se os auscultadores parecem um colar é justamente porque parecem um colar.

Quando o design limita a usabilidade do equipamento


Apesar de bonitos, os Tone Infinim não transpiram usabilidade e pragmatismo. Apesar de todos os botões integrados estarem facilmente acessíveis, o design em forma de colar não facilita em algumas tarefas.

Primeiro é estranho, para um homem por exemplo, andar sempre com um colar ao pescoço caso não o faça tradicionalmente no dia a dia. É um elemento volumoso, apesar de leve, e a sua presença não passa despercebida ao utilizador.

Ao olhar dos outros pode passar se, por exemplo, os Tone Infinim forem escondidos debaixo do colarinho da camisa. Mas aí os botões deixam de estar diretamente acessíveis e a usabilidade sai condicionada.

Se os quiser esconder debaixo do colarinho de uma camisola ou t-shirt ainda pior. Portanto ou está disposto a andar com eles à vista de todos ou numa posição não muito dinâmica – sentado por exemplo – para que tudo esteja facilmente acessível.

Então mas o design de colar parece o ideal para correr… Parece. Só que não é. O equipamento oscila bastante com o movimento do corpo e ao fim de algumas centenas de metros promete tornar-se irritante e não um bom companheiro de viagem. Existe soluções mais desportivas e para os casos de desporto, essas ainda são as melhores.

Há no entanto uma área onde a LG surpreende: no assistente de voz que está integrado nos earphones. Quando está a fazer uma ligação a um equipamento, a assistente dá-lhe conta de como está essa ligação. Quando liga os Tone Infinim a assistente dir-lhe-á como está o nível de bateria por exemplo.

A melhor parte está no entanto na capacidade que esta assistente tem em poder ler notificações de vários serviços de messaging – Hangouts, WhatsApp, Facebook Messenger, Line ou Kik – e de redes sociais – Facebook, Twitter, Instagram ou Snapchat.

Apesar de a intenção da assistente ser a melhor, o sintetizador de voz está acima de tudo talhado para ler mensagens em inglês – incluindo palavrões. Há algumas mensagens em português que são facilmente traduzíveis, mas existem outras que só lidas conseguirão ganhar significado.

Já o envio de respostas também pode ser controlado através do auricular, desde que o serviço de messaging suporte mensagens de voz.

Estas configurações são controladas através de uma aplicação companheira para smartphone ou tablet, muito fácil de manobrar. É ainda possível definir alguns comandos rápidos – como tocar duas vezes na tecla de chamada para realizar um telefonema para um número pré-definido -, assim como controlar a intensidade da vibração do colar quando recebe notificações.

O aspeto mais positivo ao nível da usabilidade está no entanto na bateria. Apesar do formato esguio, os Tone Infinim garantem entre 10 a 15 horas de utilização, o que será suficiente para atravessar o dia do trabalho ou para acompanhar a autonomia de um tablet em tarefas multimédia.

Considerações finais


Porque devo então comprar uns Tone Infinim? Porque é um auricular Bluetooth mais versátil que os seus pares dedicados e porque apresenta uma qualidade de som superior à da esmagadora maioria dos earphones.

A promessa – cumprida – de produtividade é um extra muito bem vindo e de facto o utilizador tanto pode estar a jogar consola, como a seguir atende uma chamada de negócios sem se incomodar. E esta fluidez entre tarefas é muito valiosa.

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No entanto, os cabos que ligam os auriculares ao resto do corpo parecem demasiado frágeis para aguentarem, por exemplo, dois anos de utilização – o normal para uma garantia -, enquanto o design condiciona em algumas situações.

Mesmo apelando a um mercado mais empresarial, será sobretudo para os jovens empresários. Os elementos da velha guarda vão olhar para o equipamento como uma peça de vestuário que destoa da restante indumentária. É por isso que estes são auriculares para os empresários “fora da caixa”, aqueles que negoceiam com tudo o que têm e não apenas com a roupa.

O facto de não serem totalmente talhados e adequados para o desporto parece ser a sua maior falha. Isso e o som com pouco corpo que é conseguido sobretudo nos graves.

Apesar dos quase 150 euros pedidos pelo equipamento, não nos parece um preço descabido sobretudo sabendo quanto custa um auricular Bluetooth de qualidade.

Se consumir e estar em contacto com outras pessoas é a sua vida, e pelo meio gosta de ter as mãos livres, faça um salto destemido neste investimento.

Se a qualidade de som é a sua principal preocupação e o facto de não poder fazer jogging com os Tone Infinim é um ponto negativo para si, então deve considerar outros produtos que existem no mercado e que estão mais talhados para a prática desportiva, por exemplo.

Resta esperar que a LG possa ser um pouco ambiciosa na próxima versão do dispositivo e que consiga manter a mesma linha de preço para que os próximos Tone Infinim sejam desde logo uns earphones Bluetooth vencedores.

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico