A apresentação e as primeiras impressões dos novos Pixel 8 e Pixel 8 Pro da Google já mostravam o potencial das ferramentas de edição que a empresa está a adicionar aos novos smartphones, mas, como sempre, é preciso experimentar para ver se as promessas se concretizam numa utilização normal, fora de palco e dos vídeos pré-produzidos. E neste caso podemos dizer que não ficámos desiludidos.
O design dos novos Pixel mantém a tendência dos modelos anteriores, com a utilização de alguns novos materiais mas o mesmo “bloco” de câmaras fotográficas, com upgrade dos sensores. Há também melhorias com o processador Tensor G3, que ajuda a fazer “magia” na edição de fotos e vídeos, no ecrã que é agora OLED e com mais brilho, com a tecnologia Super Actua e taxa de atualização até 120 Hz, as novidades no software com o Android 14 e as ferramentas de assistente digital e de edição de fotos e vídeos.
Na verdade não são muitas mudanças em relação aos Pixel 7, mas para nós é uma estreia. Já tínhamos visto e experimentado outras versões dos Pixel mas sempre de forma fugaz, em eventos internacionais, já que os smartphones não estavam oficialmente à venda no mercado português.
Portugal foi agora incluído no grupo limitado de países onde a Google vende os seus smartphones Pixel e os “companheiros” wearables, leia-se Pixel Watch e Buds. Os novos modelos foram anunciados a 4 de outubro e vão chegar às lojas portuguesas amanhã, dia 12 de outubro, embora para já só vão estar na Google Store, na Worten e na Vodafone.
Veja as imagens dos Pixel 8 e Pixel 8 Pro
É um início cauteloso, mas a verdade é que a Google não tem avançado para um modelo de massificação dos smartphones. Apesar de estar já na oitava geração, e de ter lançado esta área de negócio com os Pixel em 2016 (um take 2 depois de uma aposta de seis anos na linha Nexus, que foi descontinuada), os smartphones só estavam disponíveis em 17 países, que passaram a 20 com a adição de Portugal, Bélgica e Suíça. E mesmo nos Estados Unidos e no Canadá, países que estão na lista desde a primeira versão do Pixel, a quota de mercado da Google é baixa, não ultrapassando os 4,6 e 5,3%. No primeiro semestre deste ano a Google só vendeu 2,6 milhões de smartphones quando a Apple colocou nas lojas 35 milhões de iPhones.
A pergunta sobre se os novos Pixel vão fazer “mexer” o mercado português é válida, especialmente face ao domínio da Samsung, que é seguida pela Xiaomi e a Apple, deixando bem longe outras marcas da concorrência. Mas isso poderá depender da forma como a Google vai comunicar as novas funcionalidades e, em última análise, também do preço, que está uma fasquia acima dos valores que poderiam ser mais atrativos para o mercado português, não colocando os Pixel 8 e 8 Pro na linha dos equipamentos mais acessíveis.
Um design que mantém a consistência, mas optimiza materiais
A Google tem mantido uma estética semelhante nos seus modelos Pixel desde a versão 6, com a barra horizontal que “agarra” as câmaras a destacar-se na traseira dos smartphones. Para além de marcar uma posição, este bloco dá ao equipamento alguma estabilidade que falta aos telemóveis que optam por módulos retangulares ou redondos, que acabam por trazer desequilíbrio quando usados sobre uma mesa.
Nos novos Pixel 8 e Pixel 8 Pro mantém-se a opção pelos dois tamanhos, de 6,2 polegadas e 6,7 polegadas, seguindo a tendência de ecrãs planos, cantos arredondados e molduras mais finas, para dar mais destaque ao ecrã. Os acabamentos em metal, alumínio no caso do Pixel 8 Pro com vidro mate na traseira, e a utilização de materiais reciclados, dão um toque mais premium aos equipamentos mas também maior resistência a riscos com a proteção do vidro Corning Gorilla Glass Victus, na versão 2 no modelo Pro. Ambos têm proteção IP68 para sobreviverem a salpicos de água e poeira.
A diferença de tamanho entre os dois modelos é evidente, em altura, largura e no ressalto do bloco das câmaras, e mesmo para mãos pequenas o Pro é confortável de utilizar. Os botões de controle do volume e ligar/desligar estão localizados todos à direita, como acontece com muitos smartphones Android, o que muitas vezes obriga a usar as duas mãos em algumas operações.
Na caixa a Google também já não inclui o carregador, fornecendo um cabo USB-C para USB-C e um adaptador para USB, para além de um pequeno (mesmo) manual e um “pinchavelho” para abrir a portinhola do cartão SIM.
Tensor G3, mais memória RAM e armazenamento
Não é só por fora que a Google fez mudanças. Por dentro há um novo processador, o Tensor G3 que é responsável pelas principais funcionalidades de Inteligência Artificial. Os chips Tensor foram usados pela primeira vez com o Pixel 6 e a Google diz que no Pixel 8 “as capacidades de IA aumentaram drasticamente” e que este é o maior modelo de aprendizagem automática, dez vezes mais complexo, o que se vê sobretudo na forma como são geridas as imagens e o som, na qualidade de chamadas e na edição dos vídeos.
Para as componentes de segurança o Tensor G3 é acompanhado pelo Titan M2, com várias camadas de segurança que protegem os dados e a VPN do Google One integrada.
A garantia de atualizações por 7 anos, até 2030, é uma das novidades, colocando a Google na linha da frente em relação a outras fabricantes de Android. Não são só as atualizações de segurança, a empresa diz que também estão garantidas as atualizações do sistema operativo e as Feature Drops, as novas funcionalidades que vão sendo adicionadas regulamente aos modelos Pixel.
Os truques “mágicos” da fotografia e vídeo
A fotografia é um dos elementos mais relevantes dos novos smartphones e por isso todas as marcas sublinham a capacidade das câmaras, com novas lentes e sensores, arranjos mais complexos, com mais pixéis, zoom e macro. A Google não foge à regra e os novos Pixel 8 e Pixel 8 Pro têm melhores câmaras para melhor captação de imagens e vídeos, como não podia deixar de ser, só que o principal destaque vai para as ferramentas, que contam com uma ajuda importante da inteligência artificial para resultados que surpreendem.
Veja o vídeo
Os dois modelos têm uma câmara principal de 50 megapixels (MP), com maior sensibilidade à luz e foco automático mais rápido, mesmo em ambientes de fraca luminosidade. A câmara frontal é igual nos dois modelos, com sensor de 12 MP, mas no Pixel 8 Pro a focagem é automática, enquanto no Pixel 8 é fixa. No arranjo de câmaras traseiras o Pixel 8 conta com uma câmara grande angular atualizada para incluir foco automático, adotando a fotografia macro pela primeira vez nesta linha.
O destaque na fotografia vai porém para o Pixel 8 Pro, que tem uma lente ultra grande angular de 48 MP que a Google diz que capta 105% mais luz e consegue uma focagem 30% mais próxima para fotos macro. A lente teleobjetiva de 48 MP tem zoom ótico de 10X.
As opções do Pixel 8 Pro juntam ainda os controles profissionais, com ajuste manual do foco, velocidade do obturador e ISO, mantendo ativo o Super Res Zoom, 50MP e DNG, para resultados mais personalizados.
São boas especificações, mas que se encontram com relativa facilidade noutros modelos de smartphones de gama média alta. O que faz a distinção é a forma como é possível editar, de modo simples, as imagens e os vídeos. O Editor Mágico, a opção de Melhor Take e a Borracha mágica para retirar ruídos específicos de vídeos têm resultados bastante surpreendentes e que se tornam no centro das atenções.
É fácil fazer uma fotografia de grupo e mostrar como pode escolher a melhor expressão das várias pessoas, combinando o resultado numa foto “perfeita”, ou escolher um pormenor a retirar de uma imagem, apagando-a ou mudando um elemento de lugar. Agora todas as pessoas podem estar no seu melhor nas fotografias partilhadas e com o Editor vai poder retirar os "emplastros" ou elementos indesejados, movimentar blocos da imagem e apagar ex-namorados das fotos de férias.
Nos poucos dias que tivemos para experimentar o Pixel 8 Pro e o Pixel 8 a edição de imagens esta foi uma das funcionalidades que mais usámos, e que despertou mais curiosidades nas pessoas com quem testámos a função.
De notar que há alguns truques a ter em conta: o Melhor Take só funciona com pessoas e não com outros elementos (nem com peluches) e é preciso ter ativada a cópia de segurança do Google Fotos para poder aplicar as mudanças, já que a ferramenta não mexe nas imagens originais.
Veja algumas das imagens captadas e editadas com os novos Pixel 8
Alguém pediu uma assistente mais profissional?
Fora da fotografia há outras funções a destacar nos novos Pixel, como a assistente digital mais "interventiva", que pode resumir informação, ler em voz alta e traduzir páginas web. Os pontos chave do que está no ecrã podem ser lidos em voz alta e o contrário também acontece: se ditar a assistente pode escrever as suas mensagens e a Google diz que é duas vezes mais rápida em vários idiomas.
Por vezes esquecemo-nos que o que temos em mão é um telemóvel e que serve para fazer chamadas, mas a Google não descurou esta área com a Ajuda Pixel Call para voz mais nítida e redução do ruído de fundo. Na apresentação foi mostrada a possibilidade de ter um "assistente" a atender as chamadas, evitando spam e robots que se têm tornado uma praga, mas não chegámos a experimentar esta funcionalidade.
Os amigos do Pixel 8 : Pixel Watch 2 e Buds Pro
Com os novos Pixel testámos também os novos wearables Pixel Watch 2 e Buds Pro, que completam a família dos novos produtos da Google em Portugal e que também ficam amanhã disponíveis. Não receberam tanta atenção como os telemóveis mas fizeram companhia nas movimentações e nas chamadas de voz e audição de música.
Não é surpresa que são muito fáceis de emparelhar com os telefones, embora no nosso caso fossem necessários mais alguns passos para que as novas funcionalidades estivessem ativas, e a entrada nos programas de teste.
Veja as imagens
O formato dos Buds Pro é semelhante a outros auriculares e são confortáveis de usar. A supressão de ruído, o áudio espacial e o acompanhamento dos movimentos da cabeça são funcionalidades bem vindas, que podem ser ativadas ou desligadas no smartphone.
Também o Watch 2 se mostrou um companheiro flexível, leve e confortável, mas com uma bateria que se esgota rapidamente, sobretudo se fizer uso das funcionalidades mais avançadas. Nos Estados Unidos há a oferta do relógio na compra do Pixel 8 Pro mas em Portugal só é garantido um desconto parcial.
Pixel 8 ou Pixel 8 Pro, qual escolher?
Entre os dois novos modelos a escolha pode ser difícil, até porque partilham muitas funcionalidades. Há que ponderar as questões do tamanho, desempenho, da fotografia e do preço, critérios que se adaptam a diferentes gostos e a diferentes bolsos. O Pixel 8 pro será sempre a melhor escolha para quem quiser apostar mais na fotografia e qualidade de imagem, apesar de muitas das funcionalidades diferenciadoras serem partilhadas com o modelo base, mas é preciso ter em conta a diferença de preço.
O preço base do Pixel 8 é de 829 euros, enquanto o Pixel 8 Pro começa nos 1.139 euros na versão Pro com 128 GB, mas chega a 1.339 euros para quem quiser 512 GB de armazenamento. Como oferta pode contar com Buds Pro no Pixel 8 e 8 Pro e 6 meses do plano de 2TB do Google One Premium e do Fitbit Premium, bem como 3 meses do Youtube Premium. No caso do Pixel 8 Pro pode ainda optar por um desconto de 229 euros no Pixel Watch 2.
Se o valor é um problema e quer mesmo entrar no mundo dos novos Pixel, pode ainda considerar a versão 7a que também chega amanhã às lojas em Portugal e que ainda não testámos. Pelo facto de ser da geração anterior é mais barato e partilha muitas das funcionalidades dos modelos mais recentes.
Nota da Redação: Foi corrigida informação da data de anúncio do Pixel 8. Última alteração 12/10/2023 10h44
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