Numa altura em que cada vez mais fabricantes apostam na forte integração com as redes sociais nos seus telemóveis, a HTC é a primeira a fazer chegar ao mercado português um equipamento assumidamente "facebookcêntrico". E como a ideia-chave neste tipo de plataformas é partilhar, a fabricante partilhou o ChaCha com a redação do TeK durante alguns dias. Nós partilhamos as nossas impressões.

O Android - na versão 2.3.3 - que ficou conhecido como o "telefone Facebook" aposta de tal maneira numa ligação constante à maior rede social do mundo, que lhe dedica um botão de hardware próprio, colocado no canto inferior direito do smartphone.

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A tecla com o símbolo da rede social permite partilhar conteúdos a qualquer momento da utilização do telefone. Ligações para sites, imagens ou vídeos podem ir parar ao mural clicando no botão que faz aparecer uma janela dedicada ao efeito. Se o utilizador estiver no ecrã inicial e recorrer à tecla, é-lhe apresentada a opção de publicar uma atualização de estado ou uma foto, a captar na altura ou selecionada da sua galeria.

Outra das diferenças face a outros equipamentos com ligação à rede social reside no maior leque de opções disponibilizado, como a possibilidade de escolher em que álbum incluir as fotografias, dar-lhes títulos ou identificar os amigos nelas presentes (colocar um tag).

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Para além destas características, que primeiro saltam à vista, há outras que atravessam quase toda a experiência de utilização do equipamento, desde a inclusão automática no calendário do telefone dos aniversários dos amigos do utilizador no Facebook, à Galeria de imagens do smartphone que permite aceder diretamente aos álbuns do utilizador e de todos os seus contactos na rede social.

A sincronização dos contactos nos vários serviços online usados é outra das possibilidades oferecidas pela HTC, que notifica o utilizador de cada vez que é encontrado um contacto no Facebook que pode ser agregado à conta desse amigo no Google, por exemplo.

Já que falamos em sincronização, vale a pena realçar um dos efeitos perversos da mesma. O HTC ChaCha traz, de origem, uma aplicação denominada FB Chat, dedicada exclusivamente à troca de mensagens instantâneas com utilizadores da rede social.

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O problema é que, de cada vez que o telefone se liga à Internet, esta é ativada automaticamente, sendo o utilizador identificado como "disponível" para conversar - mesmo que muitas vezes este não esteja sequer com atenção ao telefone, perdendo as mensagens. A aplicação permite (recorrendo ao menu Definições) "passar a offline", mas isso não impede que, da próxima vez que desligar e voltar a acionar a ligação de dados, tenha que repetir o processo.

A opção pode passar por ir às definições de privacidade no próprio site do Facebook, procurar pela secção dedicada a "aplicações e sites" e remover o HTC ChaCha das permissões. Note-se que, daí em diante, deixa também de poder usar a aplicação, uma vez que esta fica bloqueada.

Voltando às teclas. Ao contrário do que nos habituámos a ver nos equipamentos com o sistema operativo móvel da Google, neste terminal existem muitos botões de hardware. Além da tecla para ligar e desligar, no topo, há um botão na lateral esquerda para controlar o volume, uma tecla para atender/fazer e outra para desligar chamadas (ou retroceder)… e um teclado QWERTY.

Sobre este há a notar o confortável tamanho das teclas e o espaço entre elas, que evita constrangimentos como o de carregar onde não se quer. Letras e números, fn, shift, delete e enter compõem o tabuleiro, às quais se junta o correspondente ao cursor, no canto inferior direito.

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Também esta característica fica a dever-se ao facto de ter sido concebido para utilizadores intensivos das redes sociais, mas revela-se útil também para quem recorre ao smartphone em contexto de trabalho, nos casos em que este implique a troca assídua de emails, por exemplo.

Sobre o email, aproveitamos para esclarecer que o suporte é assegurado pelo Microsoft Exchange ActiveSync, bem como pelas possibilidade de descarregar as habituais aplicações do Android Market para acesso aos serviços de correio eletrónico baseados na Web. No caso do Gmail, esta vem já instalada.

A fabricante do telefone conta no entanto com algumas aplicações específicas, que integram a experiência HTC Sense - ou, o mesmo será dizer, de personalização da interface do Android pela marca.

Além da estética própria (e agradável) do software, a filiação do dispositivo assegura-lhe ferramentas como o Quick Lookup - que permite procurar informação sobre um termo no Google, Wikipédia, YouTube, dicionário e tradutor - ou o Friend Stream, um agregador de redes sociais, que permite filtrar as "vistas" para que sejam incluídas todas as atualizações, ou apenas as de estado, multimédia, ligações ou relativas à localização geográfica.

Uma app dedicada à meteorologia, que - embora sem oferecer imagens do céu, como faz o tablet da mesma marca - permite conferir o tempo para os próximos três dias em várias cidades do mundo e o Peep, para acesso ao Twitter, são outras das ferramentas com a assinatura da HTC.

Outra das aplicações incluídas de raiz que nos agradou é a destinada à leitura de ebooks. Traz três títulos de oferta, fornecendo depois ligação à plataforma de livros digitais da Google. Apesar do ecrã do telemóvel ser pequeno (2,6 polegadas), a orientação vertical das páginas ajuda à finalidade e não sentimos que a leitura ficasse comprometida.

À apreciação terá ajudado também a boa qualidade do ecrã, com uma definição irrepreensível que ajuda a compensar o tamanho reduzido. Em boa verdade, este apenas se torna um problema em jogos que exigem maior amplitude de campo de visão - sim, nós também não resistimos ao Angry Birds - e na navegação em sites onde seja necessário recorrer frequentemente às capacidades táteis da superfície. Não porque estas deixem a desejar, que não deixam, mas porque simplesmente pode faltar onde meter os dedos.

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A sensação descrita pode ser comprovada, por exemplo, em páginas como as dos serviços de email, que implicam demasiadas informações e botões (remetente, assunto, eliminar, responder, retroceder, etc) para que a mensagem principal possa ser consultada de forma confortável.

Os atributos facilitam também uma melhor prestação na reprodução de conteúdos multimédia, nomeadamente nos vídeos e fotografias, do que seria de esperar. Em matéria de vídeos, ficámos satisfeitos também com o som. Aproveitamos ainda a ocasião para referir que também a câmara de 5 megapixéis sai da análise com nota positiva, na captação de ambos os formatos.

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Além desta câmara, colocada na parte de trás do telefone, o equipamento conta com uma segunda, de menor resolução, na frente, que ajuda nos momentos mais narcisistas e dá suporte a uma aplicação que "transforma" o ecrã do smartphone num espelho. Terá a HTC tido acesso antecipado ao estudo publicado a semana passada?

Ainda em matéria de hardware, pode contar com uma carcaça em plástico branco e alumínio cinza, albergando um processador de 800 MHz - que cumpriu com distinção todas as tarefas propostas. A memória RAM é de 512 MB mas a capacidade de armazenamento pode ser expandida com recurso a um cartão microSD.

Nada temos a apontar às colunas e microfone, nem ao som do equipamento naquilo que será a função primordial de um telefone: fazer chamadas. Existe no entanto um problema, se fazer chamadas implicar meter o cartão SIM no telemóvel e, para isso, retirar a tampa que cobre a bateria. Em menos de 15 minutos não será tarefa fácil e é bem possível que acabe a missão com algumas dores nos polegares.

A bateria esteve ao nível das da maioria dos smartphones que por aqui têm passado, pelo que não deve esperar muito mais do que um dia e meio de autonomia com uma só recarga. Uma nota final para o peso do equipamento, que também se encontra dentro do habitual: 120 gramas.

Livre de operador, o HTC ChaCha custa 329 euros, mas tanto a Optimus como a Vodafone vendem o telefone a 254,90 euros, o que o torna uma opção de valor mais semelhante aos preços pedidos por outros equipamentos da mesma gama.

Joana Martins Fernandes

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico