O Galaxy S6 e o S6 Edge foram apresentados no Mobile World Congress, em Barcelona, e o TeK partilhou as suas primeiras impressões sobre os novos “donos do pedaço” do mercado de smartphones que estavam a impressionar especialistas e consumidores e relativamente aos quais a Samsung não poupou esforços de marketing.

Agora que a empresa coreana está a preparar-se para lançar novos modelos – provavelmente o Note 5 mas também uma versão XL do Samsung S6 Edge, que poderá chamar-se Galaxy S6 Edge+  - decidimos publicar uma análise mais completa que tem estado na gaveta, mas que reflete uma experiência alargada com os dois dispositivos.

A verdade é que experimentar telemóveis em cima das bancadas das feiras, e com a pressão de outros utilizadores que querem ter também os seus 15 minutos de “touch and feel” não é a mesma coisa que trazer durante algumas semanas o telefone no bolso, usá-lo para as tarefas do dia-a-dia, explorando ao máximo o seu potencial e usabilidade.

Mas há impressões que ficam, e as linhas básicas das primeiras experiências mantiveram-se: os telemóveis são bonitos e atraentes, têm um toque de elegância e de qualidade que se espera num equipamento de topo de gama, e o desempenho está à altura das exigências mais techies. Assim como se mantiveram alguns toques negativos que se salientaram logo ao início, entre as quais a impressão desfavorável da câmara saliente e a sensibilidade extrema às dedadas, que faz com que pareçam sempre sujos.

 

 

 

Os pontos positivos e negativos são detalhados nas próximas páginas, mas uma coisa é certa: estes são dois telemóveis que não deixam ninguém indiferente e que fazem sombra a outros pesos pesados que continuam no mercado, como o iPhone 6, o HTC one ou o LG G4. 

 

 

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A diferença está nas curvas

 

A Samsung arriscou diferenciar não só o design do seu topo de gama mas também o número de equipamentos lançados em simultâneo, e, em vez de um, colocou no mercado, em simultâneo, dois modelos. Estes partilham muito do “miolo” das especificações técnicas e daquilo que faz a diferença no desempenho da máquina, mas diferenciam-se sobretudo no design, com o S6 Edge a captar o grosso das intenções e a entrar automaticamente na lista dos desejos de quem aposta no design.

Há pequenas diferenças no peso e na espessura, mas são as curvas na extremidade do ecrã que dominam as atenções e que causam maior impacto, eliminando virtualmente as tradicionais molduras laterais e dando maior extensão ao ecrã, mas causando problemas de adaptação e acesso aos botões, sobretudo quando está pousado sobre uma mesa.

Os dois modelos partilham a utilização de materiais que a Samsung ainda não tinha aplicado, nomeadamente o vidro Gorilla Glass 4 a todo o equipamento mas também a escolha definitiva do metal, em detrimento dos materiais plásticos que tinham sido utilizadores em modelos anteriores.

Apesar de bonitos e reluzentes, estes materiais trazem alguns problemas de limpeza, nomeadamente na resistência às prevalentes dedadas. Confesso que é uma das coisas que me faz maior confusão é ter o telemóvel sempre com um aspeto sujo, e por isso passei muito tempo a limpar os ecrãs e a traseira dos Galaxy S6 para os manter bonitinhos, sobretudo o modelo mais escuro.

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Tirando o design, é no processador que estão centradas as mudanças a nível de desempenho dos S6 e S6 Edge. Pela primeira vez a Samsung optou por integrar um processador Exynos de 14nm, um octacore com plataforma de 64 bits, que garante potência e redução do consumo energético e menor espessura.

O resto da rapidez pode ser atribuída aos 3 GB de RAM, um novo sistema de memória LPDDR4 e a memória flash UFS 2.0, que se juntam para tornar os equipamentos mais rápidos, mas os créditos de qualidade têm de se estender ao ecrã Super AMOLED de 5,1 polegadas com resolução QHD e 577 ppi que é realmente impressionante na visualização de imagens e vídeos.

A câmara fotográfica traseira de 16 megapixéis, com lentes F1.9, e a frontal de 5 MP são também elementos partilhados pelos dois smartphones que os colocam acima da fasquia da maioria da concorrência. E que se sentem como indispensáveis no dia-a-dia nas fotografias casuais e em momentos onde a veia criativa exigem mais capacidade de resposta desta máquina de bolso.

Máquinas à prova de uso inteligente

Mesmo que não esteja interessado em perceber as especificações técnicas do processador e da memória, ou da tecnologia LTE e Wi-Fi integrada no Galaxy S6 e S6 Edge vai ficar bem impressionado com o nível de resposta nas situações mais exigentes. Parece que não há limite para o número de aplicações e tarefas que estejam a decorrer porque a fluidez de resposta está ao nível dos melhores smartphones em que já tocámos, e o Android 5.0 ajuda.

O LTE categoria 6 e o suporte a redes Wi-Fi ac, para além da a/b/g e n são relevantes para evitar soluços nas ligações a aplicações em visualização de conteúdos em streaming, e o Bluetooth 4.1 é também bem vindo para quem tem sistemas de alta voz ou recorre a colunas de som externas, sobretudo na poupança da bateria.

E para quem gosta de “acumular” informação no telemóvel, as opções de espaço de armazenamento de 32, 64 e 128 GB tornam-se apelativas. Até demais provavelmente, sobretudo se considerarmos que 128 GB é maior do que o disco SSD do portátil onde  estou a escrever este texto. Apesar de não existir opção de expansão por microSD – que acontece pela primeira vez nesta linha de equipamentos da Samsung – o recurso aos serviços de cloud podem completar necessidades extremas.

Deste lado do desempenho só fica uma pequena grande crítica: o telemóvel aquece de forma desproporcionada, tonando-se desagradável a sua utilização prolongada na mão, o que não é nada simpático mas não é inédito nesta categoria de equipamentos.

 

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Câmara à distância de dois cliques

A Samsung já tinha mostrado que a câmara fotográfica e a edição das imagens está no centro da sua estratégia, reconhecendo o interesse que os utilizadores têm por esta funcionalidade dos smartphones e que tem inundado a Internet de fotografias de tudo e mais alguma coisa, vídeos e selfies.

Os 16 megapixéis da câmara traseira são quase suficientes para convencer os mais descrentes, com uma abertura f/1.9 e capacidade de gravação em 4K. A estabilização da imagem e o flash LED completam o “ramalhete” e contribuem também para a qualidade das imagens produzidas.

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Especialmente para as selfies com a câmara frontal há um sensor de 5 megapixéis e uma abertura de f1.9 para deixar entrar mais luminosidade, mas também pode contar com a ajuda do HDR e a estabilização adicionada.

A Samsung tem também feito bastante alarde à rapidez de ativação da câmara, e tem razão para isso. Dois cliques no botão Home e poucos segundos depois a câmara está pronta a usar em situações de emergência.

Há vários modos de captura de imagem que são úteis para definições rápidas, mas depois pode entreter-se a mexer nas várias opções de IOS, balanceamento de cores e exposição, entre outros. O modo de focagem seletivo também foi recuperado e pode dar uma ajuda preciosa em algumas situações.

Para grande cenários pode ainda contar com fotos panorâmicas com alta resolução e o interface é suficientemente simples para poder captar as imagens de forma rápida.

Fiquei bem impressionada com o desempenho em situações de baixa luminosidade, uma área onde o S6 já superou o iPhone 6 em vários testes comparativos.

 

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Mais bateria e carregamento rápido e uma nota para a segurança

Esta é uma das áreas que os leitores continuam a eleger entre as mais relevantes numa análise a um smartphone, e realmente só com um uso mais prolongado se consegue perceber bem até que ponto a “vida” da bateria vai ou não corresponder às necessidades.

Já tínhamos criticado em vários fabricantes a falta de possibilidade de remover a bateria, e a Samsung decidiu também selar o acesso no S6, o que traz desvantagens evidentes numa peça que continua a ter uma vida útil curta. Claro que pode depois substitui-la no suporte técnico, mas isso tem custos que podiam ser evitados. E pessoalmente não gosto de ver a liberdade dos utilizadores cerceada desta forma.

Mas passando esta questão, a duração da bateria (em atividade prolongada) do S6 e do S6 Edge esteve dentro das expectativas para o tipo de equipamento. Em alguns casos “aguentou” uns bastantes respeitáveis dois dias, considerando a capacidade de 2,550 mAh e a exigência adicional do ecrã, mas a capacidade de poupança do processador, com a ajuda do sistema operativo contribui fortemente para este resultado.

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Uma das (únicas) razões que para mim justifica a bateria “colada” é a utilização do wireless charging. Este é o tipo de funcionalidade que, depois de se experimentar torna-se difícil de abdicar, pela facilidade e comodidade que traz. Nada de cabos a ligar e desligar, é só pousar o telemóvel no sítio certo para que este comece a carregar a bateria.

A tecnologia não é nova e já foi testada em vários telemóveis no TeK mas é sempre bom recordar que no S6 está integrada de raiz na capa traseira do telemóvel, sem obrigar á adição de capas acionais para incluir os recetores que criam o campo magnético. Agora só falta as marcas passarem a adicionar os carregadores no pacote base com o smartphone para a fotografia ser perfeita, ou incluírem-nos noutros dispositivos que normalmente temos sobre a secretária, como a Samsung já fez com um monitor que apresentou recentemente. http://tek.sapo.pt/mobile/equipamentos/artigo/novo_monitor_da_samsung_tambem_carrega_o_telemovel_sem_fios-43556unm.html

E o tempo de carregamento? É tão prático que facilmente nos esquecemos de contabilizar, até porque acontece enquanto o telemóvel está em situação de inatividade.

A Samsung já adicionou também a funcionalidade de fast charging, no carregamento normal, o que faz com que em pouco mais de uma hora consiga repor quase a totalidade da bateria.

Uma última nota para a segurança. Numa altura em que o Android continua a ser flagelado por problemas de segurança é importante que esta componente não seja esquecida, e mesmo com os problemas que foram apontados à Samsung o Samsung Knox é sem dúvida um dos esforços mais sérios para criar um ambiente seguro. E mesmo que lhe custe a adaptar-se inicialmente, fica o conselho para que use o desbloqueio com o sensor de impressão digital. Pode garantir a proteção da sua informação (e provavelmente da sua empresa) em situações complicadas.

 

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E quais são as conclusões?

Se chegou até aqui depois de passar pelas páginas todas da análise já sabe qual é o veredicto final, mas se navegou diretamente para a última página do texto tem direito a um sumário executivo. Os Galaxy S6 e S6 Edge cumprem o que prometem a nível de desempenho de processamento, qualidade e rapidez da máquina fotográfica e de capacidade de impressionar o dono e os amigos, que parece continuar a ser um critério de compra. Mas mesmo contornando alguns dos problemas da versão S5, a Samsung tem muitas arestas a limar antes de avançar com os próximos topo de gama.

O aquecimento do telemóvel em uso prolongado, o aspeto “sujo” e mesmo a saliência da câmara traseira são alguns dos fatores que pior impressão causaram, mas não podemos deixar de notar a falta do acesso à bateria (mesmo compreendendo as razões), a ausência de um slot para cartão microSD e o facto da Samsung ignorar uma tendência para tornar os topo de gama resistentes à água e poeira.

E em relação à dúvida entre o S6 e o S6 Edge? Considerando que “por dentro” são iguais é o design que se destaca e por isso acaba por ser mais uma questão pessoal perceber se vale a pena pagar o “prémio” de 200 euros a mais, até porque ainda falta provar a utilidade destas margens arredondadas e o interface que a Samsung adicionou não me convence.

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Mesmo sendo equipamentos já “velhos” no mercado – com cerca de 3 meses de vida nas lojas – e considerando que amanhã devem ser lançados novos modelos, entre os quais está possivelmente um Edge com um ecrã maior, os Galaxy não deixam de ser uma boa opção de compra entre os topos de gama Android. E ainda vão demorar alguns meses a ter substitutos à altura.

De notar ainda que, para já, há um fator positivo adicional para quem esperou até agora e ainda está a considerar comprar o smartphone: a Samsung já está a antecipar reduções de preço na ordem dos 200 euros, o que coloca o S6 e o S6 Edge a níveis de custo mais razoáveis, baixando para cerca de 549 e 649 euros nas versões mais económicas.

 

 

Fátima Caçador