Existe uma primeira consideração que precisa de ser feita antes de tudo o resto: dar o crédito à Sony por ter tornado real uma ideia que sempre pareceu simples de realizar, mas que nenhuma outra fabricante tinha experimentado.

As lentes-câmara fotográfica QX10 e QX100 são o sonho de qualquer fotógrafo não profissional. São transportáveis, são flexíveis no sentido em que conseguem funcionar numa grande gama de equipamentos Android e também com o iPhone, e conseguem ter qualidade de imagem - no fim tudo se resume a isto numa câmara fotográfica.

O TeK experimentou o modelo QX10, que dos dois disponíveis é o menos capaz. É também o mais barato, pode ser comprado por 199 euros, sendo o preço um dos argumentos de peso relativamente ao gadget da tecnológica japonesa.

Mas nem só de palavras "meigas" se fazem as lentes QX10. Existem alguns pontos que precisam de ser melhorados e pode ser que no futuro, tanto a Sony como outras fabricantes que venham a explorar este segmento, consigam corrigir o que não foi bem feito.

Um hino à mobilidade

Começando pelo formato e pela estrutura desta lente-câmara. O círculo apresenta-se com um diâmetro pouco superior a seis centímetros e uma largura 3,3 centrímetros, sendo a QX10 realmente pequena, compacta e muito portátil. Facilmente o utilizador consegue meter o equipamento no bolso de um casaco sem provocar um grande incómodo.

Quando a câmara é ligada o corpo da lente estica-se e ocupa mais alguns centímetro de espaço, mas esta situação só acontece quando o utilizador a quer usar para fotografia, logo no seu transporte não há prejuízo. O peso da QX10 também é reduzido quando manuseada sozinha, mas faz a diferença quando acoplada a um smartphone.

Aqui fica o primeiro reparo. Apesar de poder funcionar com quase todos os equipamentos Android - precisam de ter no mínimo a versão 2.2 - e de ser compatível com todos os iPhone com iOS 5 ou superior, nem todos os telemóveis vão bem com a lente.

[caption]Sony QX10[/caption]

O tamanho reduzido transforma-se num tamanho grande quando acoplado, por exemplo, a um telemóvel de 3,5 polegadas ou até menos. A Sony QX10 assenta melhor em telemóveis de grandes dimensões, como o Xperia Z1, e também acaba por funcionar melhor em telemóveis mais recentes. Em telemóveis pequenos provoca um "desequilíbrio" e a própria marca aconselha os utilizadores a usarem a presilha de pulso que vem com o equipamento.

A ligação entre a lente e o smartphone é wireless e faz-se através de uma rede Wi-Fi própria gerada pela QX10. Também suporta ligações NFC, mas esta serve apenas para agilizar o processo de instalação da aplicação Play Memories. Só através deste software é que a câmara funciona.

E aqui entre a parte do desempenho. Num telemóvel mais antigo e com um processador mais fraco, existe algum atraso entre o que está a ser captado pela câmara e aquilo que é disposto no ecrã do telemóvel. Quando se capta uma fotografia, a mesma demora a ser transferida para o armazenamento interno do telemóvel.

O próprio processo de inicialização da câmara é um obstáculo mesmo em telemóveis mais potentes. Ligar o Wi-Fi e iniciar a aplicação demora sempre alguns segundos, que podem ser vitais para captar "aquele" momento. Neste campo a QX10 perde para as câmaras que vêm incorporadas nos smartphones e que conseguem iniciar-se rapidamente.

Por fim é preciso referir que a QX10 também pode ser usada sem telemóvel, mas como não tem ecrã, a pessoa acaba por fazer fotografias às cegas. Mas o facto de funcionar mesmo em Wi-Fi à distância do telemóvel, permite tirar "selfies" ou fotografias de grupo sem a necessidade de recorrer a terceiros - o telemóvel funciona como um controlo remoto e de posição.

[caption]Sony QX10[/caption]

Olho de falcão de bolso

Depois, na qualidade, a câmara fulmina. O sensor com uma dimensão de 1/2.3 produz imagens de 18,2 megapíxeis, o que leva a QX10 a produzir resultados semelhantes às point-and-shoot de gama média e consegue imagens com grande nível de detalhe. Nos telemóveis talvez só o Lumia 1020 consiga um resultado próximo.

As fotografias captadas no modo de 18 megapíxeis produzem imagens no formato 4:3, sendo que para um formato de 16:9 a resolução diminui para os 13 megapíxeis. Existem ainda outras opções de tamanho, para o caso de estar apertado de espaço interno no telemóvel. Mas que fique assinalado que a QX10 tem a sua própria entrada para cartões de memória.

No geral a iluminação é bem captada pela lente, mesmo em ambientes de baixa luminosidade graças ao sensor R CMOS Exmor. Quando a luz é pouca é o sensor quem compensa pois a câmara não traz flash incorporado.

A distância de focagem varia entre os 4,45 e os 44,5 milímetros, num zoom ótico que vai até 10x.
A máquina tem focagem automática, que não sendo instantânea também não e lenta, mas tal como acontece nos smartphones, o utilizador pode indicar o ponto no qual quer mais "concentração" da lente. Não existe multifocagem e o equilíbrio de brancos faz-se de modo automático de acordo com vários cenários de fotografia pré-definidos.

O que a QX10 também consegue fazer bem é apanhar contrastes, graças ao bom domínio que faz da luz. As cores são reproduzidas de forma fiel, ainda que pareça haver uma tendência para exagerar os azuis.

[caption]Sony QX10[/caption]

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A lente-câmara da Sony obriga é que utilizador tenha olho para a fotografia. Isto porque não permite grandes definições manuais. De raiz a câmara tem dois modos de funcionamento: automático e automático superior. À partida para os que procuram apenas boas fotografias casuais este não será um elemento impeditivo ao investimento, mas se procura uma QX10 como máquina de iniciação à fotografia, também vai ter que olhar para "outras bandas".

Factores de (des)equilíbrio

Ao nível do software a QX10 não podia ser mais simples. O interface da aplicação Play Memories é muito básico e não apresenta grandes opções de edição. Todas as fotografias que são tiradas pela câmara vão para uma galeria à parte da câmara principal do telemóvel, uma decisão com todo o sentido para separar o "trigo do joio".

Ao nível da bateria a autonomia não é grande - também não o podia ser num dispositivo tão compacto e que tem por base de funcionamento uma ligação Wi-Fi constante. Mas é suficiente para sair de casa com a lente carregada, ir dar um passeio, fazer 60 ou 70 fotografias e voltar ainda com pouca carga.

Ao nível do vídeo, que pode ser captado em resolução HD, os resultados são satisfatórios. Os elementos são gravados com detalhe, mas nota-se que o vídeo não é completamente fluído - a gravação é feita em 30 frames por segundo. Quando se recorre ao zoom também há uma perda de qualidade na gravação, mas a distância conseguida é razoável. Ainda assim, se o "filme" é a sua principal preocupação, deve considerar outras hipóteses.

Ao nível do preço o TeK considera que é uma proposta a ter em conta. Por 200 euros consegue uma máquina fotográfica que tira boas fotografias, faz bons macros, produz vídeos com qualidade mais do que suficiente para o canal do YouTube e é portátil. Muito portátil.

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O facto de poder ser usada em quase todos os telemóveis Android e iPhone é outro factor "mais". Depois o facto de poder ser usada mesmo não acoplada ao telemóvel permite desafiar a imaginação de cada um e fazer produções de bom nível, sozinho.

O texto acaba como começa. As Sony QX10 e QX100 são um conceito vencedor e com grande potencial. O futuro da fotografia móvel pode passar por aqui. Resta saber é se os consumidores vão aderir, pois a resposta do mercado vai ser vital para alimentar este nicho de equipamentos.

O que é que os leitores do TeK acham das lentes-câmara fotográfica da Sony? Consideram que é um modelo suficientemente interessante para colocar em causa o futuro das máquinas digitais no médio prazo? Deixem a opinião na caixa de comentários.

Rui da Rocha Ferreira

Nota de redação: corrigida uma gralha no texto por sugestão de um leitor


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico