A Sony decidiu adotar uma estratégia que é uma prática cada vez mais comum entre os grandes fabricantes de dispositivos móveis: criou uma gama de equipamentos que é constituída por dispositivos em diferentes formatos. A tecnológica nipónica foi mais longe e decidiu cruzar os conhecimentos que tem noutras áreas - televisores e câmaras fotográficas - no seu mais recente telemóvel.

O Xperia Z1 é o topo de gama da tecnológica para o segmento dos smartphones. Nas especificações o dispositivo bate-se de igual com qualquer outro telemóvel das empresas rivais e parece estar prometido um desempenho sem repreensão durante largos meses.

Mas como é cada vez mais difícil diferenciar os smartphones entre si, a Sony incluiu duas características que tornam o Xperia Z1 num caso único: é à prova de água e tem um sensor fotográfico de 20 megapíxeis. A questão que se coloca é: o que ganha o utilizador com estes dois "extras"?

O Holandês Voador

O Flying Dutchman é um barco mitológico que assenta como uma ligação perfeita ao telemóvel da fabricante asiática.

Em primeiro lugar está a ligação à água. O Xperia Z1 tem capacidade para estar até 30 minutos debaixo de água, numa profundidade máxima de 1,5 metros. O TeK admite que não explorou estes números até ao limite, pelo simples facto de não ter precisado.

Basta colocar o telemóvel debaixo de uma torneira ou mergulha-lo dentro de qualquer recipiente com água para o utilizador ficar convencido da impermeabilidade do equipamento. A melhor parte é quando o telemóvel é retirado do líquido e se veem as gotas a escorrerem pelo ecrã. É tecnologia bem empregue pela Sony. Até a entrada para os auscultadores pode ficar desprotegida que não causa problemas.

As entradas multimédia do telemóvel - microSD e MHL - estão tapadas por portas resistentes da Sony. Sempre que o utilizador põe o telemóvel a carregar por exemplo, e tira o carregador, aparece um aviso no ecrã a lembrar que uma das portas está aberta o que é mau para um telemóvel que pode ser submerso.
Apesar de estes avisos serem positivos, seria melhor que o utilizador recebesse uma notificação sempre que uma das portas está aberta ou mal fechada, um pouco como acontece com os carros. Num telemóvel cujo preço ronda os 650 euros, todo o cuidado é pouco certo?

O telemóvel não permite executar muitas funções debaixo de água, sendo que o ecrã "desativa-se" - deixa de responder ao toque - quando o smartphone é mergulhado em líquido. As únicas tarefas que são executadas em modo "submarino" são a captação de fotografia e de vídeo através de um botão lateral dedicado. E a qualidade nem fica má, se a água não provocar distorção nos elementos.

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Uma dificuldade que o TeK sentiu foi ter o telemóvel de volta a "si mesmo" depois de sair da água. Em algumas experiências, depois de retirado do recipiente, o ecrã demorou em voltar ao seu estado de resposta rápida ao toque do dedo.

Mais do que uma utilidade do dia a dia, a impermeabilidade e capacidade de submersão do Xperia Z1 vão acabar por tornar-se um mito - ver a incredulidade das pessoas a pegar num telemóvel tão premium, tão caro e saber que pode ser mergulhado dentro de água causa arrepios na espinha.

No fundo só um grupo muito restrito de utilizadores é que dará pleno uso a esta característica. Mas esses vão bem servidos. E todos os outros que adquirirem o Xperia Z1 levam uma funcionalidade que não incomoda e não afeta em nada o desempenho do telemóvel, logo, é bem vinda.

O leitor deve ainda consultar o artigo que o TeK preparou sobre a garantia do Xperia Z, por o telemóvel ser à prova de água. Saiba qual a posição da marca, das operadoras relativamente à possibilidade de avaria por contacto com a água e o que aconselha a DECO a fazer em caso de litígio.

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O que também parece mito é o desempenho do telemóvel: realmente de respeito. Se o Holandês Voador era conhecido por ser rápido nas águas abertas do mundo, o Xperia Z1 tem que ser conhecido pela velocidade com que consegue executar todas as tarefas pedidas pelo utilizador.

O processador de quatro núcleos a 2,2Ghz e a memória RAM de 2GB têm sem dúvida um peso importante nisto, mas a combinação que estes elementos têm com o software roça a perfeição.

Por exemplo, o TeK testou recentemente o Galaxy Note 3. Sem dúvida um dos melhores smartphones de sempre. Mas no desempenho geral do dia a dia, o Sony Xperia Z1 teve uma melhor performance, isto porque, nunca se engasga. Em mais de quatro semanas de testes, nunca provocou aquela irritação de ter encravado por alguma razão. E isto, acima de tudo, é o que se pede num smartphone topo de gama.

O ecrã, que devia ser uma das grandes bandeiras deste telemóvel - tecnologia Triluminos e X-Reality Engine - cumpre, mas não espanta. A qualidade das imagens e dos vídeos é boa graças à resolução Full HD em cinco polegadas, mas falta alguma nitidez. As cores são bem reproduzidas, mas têm que ser na posição certa. O angulo de visão do ecrã do Xperia Z1 é mau, e uma ligeira rotação já é o suficiente para perder muito do detalhe das cores. No brilho o telemóvel é bom, reproduzindo cores vivas mesmo sob a luz do sol.

Fotografia em andamento

Só o facto de na câmara traseira existir a indicação de que o sensor fotográfico tem 20,7 megapíxeis é motivo suficiente para chamar a atenção dos utilizadores. Não é comum um telemóvel ter tal concentração de píxeis. Mas não são só números, os resultados existem.

Por defeito o telemóvel capta fotografias em oito megapíxeis. Aqui a questão dos píxeis está mais relacionada com a quantidade de informação que é captada do que propriamente com a qualidade geral das imagens. Quer isto dizer que numa fotografia de 20 megapíxeis é possível fazer zoom na imagem com mais detalhe e até "mais longe", mas que em modo de visualização normal as fotografias parecem semelhantes.

O TeK deixa aqui dois exemplos de imagens - um com bastante luminosidade e outro em ambiente de luz artificial dentro de interiores - que mostram a capacidade que a câmara tem em apanhar detalhes e texturas. Mas para outros resultados, os leitores podem consultar artigos multimédia onde as imagens foram todas captadas com o Xperia Z1, caso da impressora 3D portuguesa Beeverycreative e o Showcase da Minitel.

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Ainda assim, as diferenças para modelos como o iPhone 5s e para o Galaxy Note 3 não são abismais, e o Lumia 1020 parece continuar a ser o rei e senhor no campo da fotografia.

A tecnológica também criou um software especial para acompanhar a câmara e no geral o resultado parece bem conseguido. Existe um modo automático e outro manual para os que gostam e sabem explorar os pormenores da fotografia.

Mas as grandes vantagens estão nos modos de entretenimento. Destaque para o Social Live que permite transmitir vídeo em direto para o Facebook. As potencialidades desta ferramenta são enormes e nas mãos de jornalistas podem ter outro significado. Aliando qualidade de imagem, à capacidade de processamento e às ligações rápidas à Internet - Wi-Fi e 4G - o uso de smartphones para jornalismo mais imediato torna-se assim uma realidade a considerar.

Mas, de todas as funcionalidades a que mais agradou, tanto ao TeK como às pessoas que viram o telemóvel em funcionamento, foi a opção de realidade aumentada. Existem vários temas que podem ser explorados e que são inteligentes - consegue detetar onde está uma pessoa para lhe adicionar um elemento extra e consegue inclusive detetar pormenores da cara, como os olhos e a boca, para adicionar elementos de realidade aumentada.

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Existe ainda um modo de panorama, outro de efeitos em tempo real e um modo de informação geolocalizada com base na posição da imagem. Um pacote de software completo e fácil de usar, mas que precisava de algum reconhecimento de gestos para ficar mais simples e acessível.

Ainda que não agrade a toda a gente, o software próprio da Sony tem um interface agradável de usar. Existem muitas aplicações próprias da tecnológica que eram dispensáveis - como o Sony Xperia Privilege e Xperia Lounge -, mas existem outras interessantes como o Social Life que permite agregar todas as informações das redes sociais num mesmo local e o Walkman, um player de música atrativo.

Por fim mais dois destaques. Para começar a bateria. A Sony aumentou a capacidade de carga relativamente ao Xperia Z e na versão Z1 a bateria dura bastante tempo. Com utilização muito intensiva o telemóvel consegue aguentar mais do que um dia de utilização. Em utilização normal o tempo de vida estende-se para lá dos dois dias.

Por último a construção do equipamento. O Xperia Z1 é um telemóvel polido, pesado, quadrado e masculino como tudo. O ecrã de cinco polegadas não ajuda a reduzir o tamanho - mas está a ser fabricada uma versão mais pequena -, mas basta tocar no telemóvel para se sentir logo uma diferença relativamente à concorrência mais direta.

Todo o bloco de telemóvel é revestido a vidro e o aro lateral é uma peça única de alumínio. Apesar de bastante bonito e elegante, o Xperia Z1 deixa muito a desejar no aproveitamento da ergonomia. Existe muito espaço entre as extremidades do smartphone e o ecrã, o que faz o telemóvel parecer maior do que ele deveria realmente ser. A Sony neste campo devia olhar para o G2 da LG e tentar apanhar algumas dicas.

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Nota-se que o telemóvel é especial para a fabricante e a aposta em Portugal, sobretudo a nível de marketing, tem sido clara. O patrocínio que a Sony tem feito ao Xperia Z1 num programa de domingo à noite na SIC é a prova mais gritante de como a empresa quer fazer passar uma imagem de qualidade e exclusividade para os potenciais compradores.

Na realidade, e os comentários do TeK são um espelho do que vai ser dito, quando se pensam em telemóveis topo de gama os modelos que dominam a atenção dos utilizadores são os iPhone e os Galaxy. Sem questionar a qualidade e o valor destes terminais, chegou o momento de virar a cabeça para outras paragens pois os telemóveis de outras marcas são tão ou até melhores como os modelos da Apple e Samsung.

A TMN vende o Xperia Z1 por 619 euros na loja online e a Vodafone vende por 629 euros. Apesar da quantia avultada de dinheiro que é pedida, este Sony tem características que outros smartphones do seu segmento não apresentam. Em caso de compra os utilizadores vão ter as suas expectativas correspondidas.

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico