No desporto diz a máxima que em equipa que vence não se mexe. E o que a Sony tem feito nos últimos tempos é isso mesmo: tem aprimorado a receita do seu smartphone topo de gama sem mexer no núcleo duro. Entre versões gigantes e outras mini, são os Xperia Z quem marcam o ritmo da empresa e que também começam a marcar o ritmo do mercado.



Um bom exemplo disso mesmo é a resistência do smartphone a salpicos e a capacidade de funcionar debaixo de água. No início parecia o ataque a um nicho, mas agora é uma condição comum a vários smartphones.



Mas sobre as capacidades “aquáticas” do Xperia Z já o TeK tinha falado quando analisou a versão Z1. Desta vez as ponderações vão para as três pontos específicos onde o smartphone da Sony se destaca: design, fotografia e fluidez no desempenho.



E o foco nestas três características também acontece porque entre o Z2 e o Z1 não existem diferenças de grande revelo. O ecrã cresceu um pouco, para as 5,2 polegadas com resolução Full HD, a memória RAM saltou para os 3GB e o processador também sofreu uma ligeira melhoria. Elementos que apesar de não serem revolucionários, contribuem de forma decisiva para o salto qualitativa global da gama.



Quadradão e bem construído

O Sony Xperia Z2 não é um telemóvel para todos. Não assenta muito bem nos elementos do sexo feminino. É um telemóvel de linhas duras, quadradas e pouco ergonómico. Mas não é que funciona bem?



O smartphone da Sony é simples e muito bem desenhado. Os materiais usados para construir o equipamento são de topo e neste campo, em nenhum momento os utilizadores sentem que o dinheiro investido está mal justificado. De ecrã desligado, o Xperia Z2 é um bloco maciço de qualidade.



A construção em vidro, na traseira e na frontal, faz com que agarrar o equipamento seja sempre uma experiência polida. E ao contrário de outros equipamentos, não é um colecionador de dedadas. É um pouco esguio e as mãos mais pequenas podem deixar cair o telemóvel com relativa facilidade. Mas o utilizador é quem deve assumir a responsabilidade a quem passa o equipamento.

[caption]Sony Xperia Z2[/caption]

Apesar de sair maior um “cheirinho” que o modelo anterior, o Xperia Z1, a versão de 2014 do smartphone topo de gama mantém sensivelmente o mesmo tamanho. E até conseguiu emagrecer uns milímetros na espessura.



Na opinião do TeK existem só dois problemas ao nível de construção: a posição dos botões de volume, demasiada baixa para um telemóvel de 5,2 polegadas, e as margens negras de grande dimensão na parte superior e inferior do telemóvel. Mas ao nível das margens do ecrã, o Z2 está melhor que o modelo anterior.



Fotografias e vídeos tchanam

O Sony Xperia Z2 tem um sensor fotográfico que permite captar fotografias com uma resolução de 20,7 megapíxeis. O número é assustador quando comparado com outros smartphones. A câmara do iPhone 5s por exemplo está “estacionada” nuns amigáveis oito megapíxeis.



Mas a contagem de megapíxeis não é tudo. A qualidade do sensor é que define grande parte da qualidade das fotografias que são captadas pelo smartphone. E o Sony vem equipado com um bom sensor, fruto do know how que a empresa tem no campo da fotografia digital.



Ficam exemplos de imagens conseguidas com o Xperia Z2.

Parece é haver alguma saturação excessiva nas cores. Azuis demasiado azuis e um festival de cores exageradas nas fotografias com demasiados elementos.



Mas depois o detalhe e a capacidade para reproduzir texturas acabam por compensar. E nada que a Sony não possa vir a resolver com uma “afinação” de software.



No fim fica também a ideia de que o Sony pode não produzir as melhores imagens ou aquelas que têm as maiores resoluções – como o Lumia 1020 - , mas pelo menos o utilizador também não tem que abdicar do hardware linear por causa de uma outra funcionalidade.



Outra área onde o Sony se distingue é no vídeo. Com a versão Z2 é possível captar filmes em Ultra HD. Uma inovação muito bem vinda, mas que para já parece sobrevalorizada. A qualidade é inquestionável, há mais detalhe nestes vídeos do que nos outros. Mas depois o que fazer com eles? Reproduzi-los num equipamento, como um PC ou um televisor, que não têm qualidade para acompanhar? Para isso as gravações em Full HD vão cumprindo e cada vez melhor.



Agora, uma funcionalidade que dá outra classe ao telemóvel é o efeito colibri que pode ser dado aos vídeos. Este modo de gravação especial capta um vídeo em 120 frames por segundo. O utilizador pode depois definir em que momentos quer aplicar o efeito câmara lenta. Os resultados finais podem ser espetaculares, se a criatividade do utilizador e o momento assim o permitirem. No caso do TeK, fica o exemplo possível:





A Sony é ainda muito rica nas opções de fotografia. O modo automático superior é dos melhores automáticos já experimentados, enquanto o modo manual é dos que permite controlar mais parâmetros. Aplicação de filtros criativos em direto, transmissão também “em direto” de vídeos pelo Facebook ou os já tradicionais efeitos de realidade aumentada com dinossauros e peixes são uma mais valia criativa e divertida.



Z de rápido

Os Sony Xperia Z são sinónimo de rapidez. Os Sony Xperia Z são sinónimo de fluidez. Os Sony Xperia Z são sinónimo de velocidade.



É, na opinião de quem assina o artigo, o telemóvel com melhor desempenho e relação entre hardware e software. O Sony Xperia Z2 é o mais recente equipamento a elevar o bom trabalho da tecnológica neste campo.



O smartphone não encrava. O smartphone não engasga. O smartphone executa tudo o que há para executar e sem dificuldade. O segredo está em parte na personalização positiva – e atraente – que a Sony faz ao Android, sem nunca o encher de muito software indesejável.

[caption]Sony Xperia Z2[/caption]

Na experiência de utilização quase se equipara a um Android puro – outra tendência verificada nos LG, mas não tanto nos Samsung -, trazendo meia dúzia de aplicações proprietárias da Sony. A Video Unlimited, por exemplo, nem sequer funciona por cá.



Por defeito também não existem “truques” interessantes de software que existem e diferenciam os telemóveis da concorrência. Mas no geral a experiência é a de utilização “sem limites”.



E defeitos, não há?

Ao primeiro pensamento e tendo em conta as experiências que foram feitas, são poucas as falhas a apontar ao telemóvel da Sony. Apenas precisou de ser reiniciado uma vez por não reproduzir um vídeo, enquanto tudo o resto estava a funcionar.



A bateria do telemóvel é possivelmente o elo mais fraco. Uma utilização intensiva, com execução constante de aplicações e ligação à Internet quase 24/7 dá para um dia. Uma utilização menos exigente dá para mais.



Mas olhando para outros equipamentos, como o G3 e como o Huawei P7, fica a sensação de que a concorrência é melhor neste campo.



E fica também o seguinte pensamento: neste momento, e dado o estado evolutivo dos smartphones, não há grande margem para erro. Existem bons dispositivos com bons desempenhos abaixo dos 200 euros. Ou seja, as marcas que querem colocar no mercado telemóveis premium não podem falhar ou podem falhar muito pouco. E é isso que tem acontecido. Cada vez mais os topo de gama Android apresentam-se dignos desse nome e a concorrência tem sido positiva para o mercado – o consumidor tem saído a ganhar.



Considerações finais

No fim colocam-se duas questões: vale a pena investir no Xperia Z2 e se tiver o Xperia Z1, vale a pena fazer a atualização?



Na primeira questão é um “sim” redondo. O Z2 é um topo de gama em toda a linha e se se sente atraído pelo design sólido do telemóvel, terá aqui um companheiro para vários anos. E se for um utilizador que tira bastantes fotografias com o telemóvel ou precisa de um equipamento sempre disponível para produzir conteúdos, este é sem dúvida uma das melhores opções do mercado.



O único senão para um investimento no Xperia Z2 é... a chegada do Xperia Z3. Já começam a surgir os primeiros rumores e as primeiras imagens, e é possível que em agosto, na IFA em Berlim, seja apresentado um novo modeo. Entre o anúncio do Z1 e do Z2 apenas passaram seis meses, pelo que não seria de estranhar uma nova atualização em menos de um ano.

[caption]Sony Xperia Z2[/caption]

Agora a segunda questão: se já tem um Z1, mantenha-se com ele. As diferenças para o Z2 não são tão abismais que justifiquem um novo investimento na casa dos 630 euros. O Z2 é melhor - é um facto -, mas será 630 euros melhor? Claramente que não.



Se conseguir vender o seu Xperia Z1, então a conversa é outra. O facto de o Xperia Z2 ter 3GB de RAM, um processador melhor e uma versão otimizada do Android fazem dele um telemóvel mais capaz para enfrentar os desafios e as exigências da evolução mobile.



Por fim fica um “apelo” à Sony: aprendam a otimizar o espaço como a LG tem feito. No dia em que a Sony produzir um equipamento de margens reduzidas, mas com o mesmo tamanho, conseguirá criar um equipamento mais atraente e mais futurista. Possivelmente as margens “negras” dos Xperia Z escondem muita da tecnologia que faz deste telemóvel um equipamento “especial”, mas o futuro passa sem dúvida pelos equipamentos espremidos ao máximo e a Sony terá que recuperar terreno neste campo.



Será o Z2 inferior ao LG G3? De todo, em alguns aspetos é até superior. Mas na luta pelo melhor smartphone do mercado todos os pormenores contam.

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico