A passagem pelas lojas que começaram a vender o novo tablet da Microsoft a 14 de fevereiro e algumas "voltinhas" com o equipamento não foram suficientes para mostrar o potencial do Surface RT. Mas hoje o unboxing na redação do TeK e as primeiras experiências de personalização ajudaram a consolidar as primeiras impressões.

Muito já se escreveu sobre a nova aposta da Microsoft no mercado de dispositivos móveis e entre as experiências já partilhadas por utilizadores que tiveram acesso privilegiado ao Surface RT é fácil perceber que este não deixa ninguém indiferente. Há quem adore e quem deteste, quem estabeleça comparações negativas com outros concorrentes e quem enalteça as vantagens do ecossistema Windows, da maior conetividade ou da integração com o teclado.

Mas a verdade é que não há nada como pegar num dispositivo acabado de sair da caixa começar a configurá-lo com as contas pessoais, o acesso ao email e aos conectores das redes sociais, as aplicações preferidas, jogos e música.

E isso foi o que fizemos esta manhã aqui na redação do TeK, depois da Microsoft ter cedido uma versão de teste, embora ainda com algumas limitações, como o teclado em inglês.

As primeiras impressões de utilização confirmam o que já se esperava: o Surface tem um aspecto elegante, robusto e de fácil adaptação no formato tablet e é também uma boa surpresa em "modo" notebook, com a capa teclado a constituir uma vantagem adicional para quem prefere não escrever em teclados virtuais.

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O chassis construído numa peça única em VaporMg ajuda à leveza do dispositivo e a um toque agradável de qualidade. O ecrã de 10,6 polegadas e o formato de 16:9 afastam-no das dimensões de alguns dos tablets mais vendidos no mercado mas ao mesmo tempo garantem um paralelo simpático ao formato de notebook quando utilizado com o suporte traseiro (KickStand).

A fluidez na utilização do interface do Windows 8 é a esperada, provavelmente conseguindo alguns microsegundos de rapidez adicional nas funções mais exigentes, mas algo que a curta experimentação não permitiu ainda medir de forma rigorosa. A responsabilidade será do processador ARM NVIDIA Tegra 3 quad core, e dos 2 GB de RAM, mas também da "limpeza" do sistema operativo, ainda quase sem aplicações instaladas e sem muitos dos "empecilhos" que vão tornando o Windows mais lento ao longo do tempo.

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O ecrã sensível ao tato tem uma boa resposta, embora em algumas situações se tenha mostrado mais "teimoso", nada que não se resolvesse com insistência e uma limpeza adicional das dedadas. E a qualidade de imagem é a esperada num ecrã de HD com uma resolução de 1366x768 pixéis.

A transformação de tablet em notebook demora poucos segundos, como mostra o vídeo abaixo, com a capa teclado a ligar-se de forma simples com um característico clique que a Microsoft popularizou num dos primeiros vídeos de promoção do Surface.

Já a abertura do suporte não se revela tão fácil. Pelo menos das primeiras vezes foi necessário usar as duas mãos, olhar cuidadosamente e depois abrir o suporte com cuidado. E no encerramento chegou a haver queixas de que "trilha os dedos".

A aparência é de alguma fragilidade, mas tudo indica que não passa de uma impressão, atém porque o material de construção é o mesmo do chassis e a integração parece fiável.

Só mais uma nota em relação ao suporte: a posição do tablet fica um pouco "verticalizada", num ângulo menor do que o habitualmente usado nos tablets, mas que não atrapalha de forma alguma a visualização de conteúdos no ecrã nem a escrita no teclado.

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Ainda nas impressões gerais é bem-vinda a porta USB - uma das grandes falhas da concorrência Apple - e uma porta direta de vídeo HD, que tem de ser usada com um acessório específico a que ainda não tivemos acesso.

O slot para cartões microSDXC é também uma adição simpática, sobretudo considerando que num Surface de 32 GB ficam livres uns meros 24,9 GB de espaço, embora possam ser complementados com a conta Skydrive ou com a concorrente Dropbox...

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A ligação às capas teclado, feita com um conector magnético, foi a principal atração neste teste. A Microsoft forneceu duas capas - a Touch Cover que se ajusta de forma mais fina ao tablet, num teclado fino e de toque aveludado, enquanto a Type Cover oferece o mesmo relevo de teclas e a rapidez a teclar, mas acrescenta espessura ao pacote final.

Mesmo sendo esta última mais adequada a uma utilização prolongada, e a quem tecla fortemente e com rapidez, como acontece com os jornalistas, a Touch Cover não desilude e é mais fiável do que os teclados virtuais, reproduzindo também um som ao toque de cada tecla.

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Quanto ao sistema operativo é em tudo semelhante ao Windows 8 que já testámos noutros dispositivos, exceto pelo facto de estar limitado na instalação de aplicações. O Windows RT só suporta aplicações desenhadas para o novo interface do Windows 8, quer estejam na loja ou sejam desenvolvidas à medida por empresas e instaladas através de "side loading".

Esta limitação pode ser um problema para os utilizadores que estão habituados a instalar "tudo e mais umas botas" a partir de Cds, pen drives, discos externos e (naturalmente) sites da Internet. Agora terão de ser mais contidos, e podem não gostar...

A verdade é que o número de aplicações na loja continua a crescer e a Microsoft tem-se empenhado em promover junto de empresas e programadores a criação de novas aplicações, sobretudo as que foram identificadas como mais relevantes. Em Portugal Rita Santos, gestora do Windows, garante que já há quatro vezes mais aplicações do que aquando do lançamento do Windows 8, e na altura já eram algumas dezenas.

A ligação a redes wireless é fácil e rápida, como era de esperar, mas o mesmo já não se pode dizer das redes móveis. O Surface RT não está preparado para receber cartões SIM e mesmo a conetividade a Pens 3G ou 4G não é suportada se os operadores não desenvolverem aplicações específicas, e para já só a Vodafone é que o fez.

A alternativa será utilizar um hotspot móvel, que distribui a ligação de rede via Wi-Fi, mas era simpático que a TMN e a Optimus se apressassem a desenvolver também uma aplicação para os utilizadores dos seus serviços de dados móveis.

Quanto à bateria, ainda não tivemos tempo de testar a durabilidade, mas o carregamento tem um pormenor engraçado: o conector escolhido é semelhante ao utilizado nos MacBooks, ligando-se ao tablet de forma magnética, o que facilita o processo.

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E por fim o resultado final: é certo que estas são ainda umas primeiras impressões, mas para já o Surface RT mostrou mais fatores positivos do que negativos. Vamos ver se estas impressões se mantêm consistentes nas próximas semanas...


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Fátima Caçador