É como se as águas já tivessem rebentado. A Sony está pronta para dar à luz a nova PlayStation no mercado português. A consola da tecnológica japonesa - a par da Xbox One - tem dominado as atenções da imprensa especializada. E não é para menos. A última grande estreia da PS foi em 2006.

Entretanto já passaram quase sete anos e a tecnologia evoluiu bastante, principalmente em áreas que na data eram pouco preponderantes - caso da mobilidade e das redes sociais. Mais do que evolução gráfica, é importante perceber como evoluíram as consolas para se adaptarem a estes novos conceitos.

A Sony Portugal tem dado a conhecer com antecipação a nova consola à imprensa e o TeK foi ter o primeiro contacto. A sensação imediata com que se fica é a de que a Sony consegue endereçar as três principais necessidades dos gamers: jogabilidade, conectividade e mobilidade.

Os interessados em comprar a consola vão poder contar com vários eventos de meia-noite espalhados de norte a sul de Portugal. De quinta para sexta-feira muitas lojas de retalho vão abrir portas para os jogadores mais famintos saciarem a fome. O preço é de 399, mas sobre este tema podem encontrar outras considerações mais à frente.

Insert Coin

Começando pelos jogos. Há de facto um salto notório a nível gráfico e de poder de jogo nos títulos que foram experimentados. Mas estão longe de ser a revolução visual que muitos estavam à espera certamente. E cada vez menos se vai notar esta diferença entre gerações de consolas e motores gráficos.

A resolução Full HD e a fluidez imparável dos títulos dão outro aspeto aos jogos, sem dúvida, mesmo os que nem se focam tanto na parte gráfica.
O TeK experimentou alguns dos títulos de lançamento que a Sony tem preparados para a PlayStation 4: Knack, Killzone ShadowFall, FIFA 2014, Call of Duty: Ghosts, Assassins Creed IV: Black Flag, Blacklight Retribution, Contrast e Resogun.

A opinião que fica é de que existem jogos de terceira geração e meia e jogos de quarta geração. Assissins Creed IV é um dos jogos 3,5G. Está melhor graficamente, os cenários apresentam detalhes e sombras que na PlayStation 3 não se destacam, mas o jogo não representa uma revolução visual. O mesmo se passa com o Call of Duty: Ghosts.

O problema para estes jogos é que algumas televisões ao lado estava um jogo que foi criado e desenhado especificamente para a PlaySation 4: Killzone Shadow Fall. E aqui sim já se começa a perceber o que estas consolas de nova geração têm para dar.

[caption]PlayStation 4 TeK[/caption]

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As texturas, os brilhos e as diferenças de tons estão mais reais do que nunca graças à potência gráfica da consola. A fluidez também é notória, mesmo em cenários pesados e com muitas personagens no ecrã. Apesar de o jogo não estar a receber as melhores críticas, sobretudo pela jogabilidade linear, quem quiser ter a verdadeira experiência PlayStation 4 tem que dar uma oportunidade a este jogo. Nota-se aqui uma diferença de qualidade significativa e assinalável.

Os gráficos melhorados da PS4 também representam uma oportunidade para títulos menores e para produtores independentes. O jogo de plataformas Knack por exemplo aproveita pouco da potência que a consola disponibiliza, mas não deixa de ser visualmente atrativo. Mais do que a definição, o TeK volta a destacar a fluidez que o título apresentou. As transições entre ecrãs de jogo são "reais", não havendo uma quebra notória como acontecia há alguns anos.

Por isso é que no início do texto se diz que falta preparação aos jogos. Muitos dos títulos grandes que são apresentados na lista inicialmente disponível para a PlayStation 4 são versões "trabalhadas" do jogo que foi criado para a PS3.

Agora quando em 2014 chegarem jogos como The Order: 1886, Infamous: Second Son, Metal Gear Solid V: The Phantom Pain, The Witcher e Final Fantasy XV: Lightning Returns é que os jogadores vão sentir e aproveitar nas melhores condições a PS4.

PlayServices

Talvez seja este o tópico de análise onde residem os grandes fatores de diferenciação da PlayStation 4 - sim, porque a Xbox One também vai ter potência gráfica.

A Sony apresenta um conjunto de funcionalidades próprias que dão mais significado ao ato de jogar. Primeiro a opção de partilha de jogo. Com a PS4 é possível publicar os últimos 15 minutos jogados nas redes sociais e é possível fazer um live stream da ação que está a decorrer através de um serviço próprio: o Share.

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No comando de jogo existe inclusive um botão dedicado para a partilha, o que mostra a importância do fator social na nova consola.

Esta ligação com o mundo pode parecer presunçosa, mas os gamers são sujeitos orgulhosos - tanto dos feitos como das peripécias que vão sofrendo nas várias aventuras. E certamente que este será um serviço que a PlayStation vai dizer daqui a uns tempos que é um dos "mais usados em toda a plataforma, por milhões de utilizadores".

Depois há o Playroom. Podia ter figurado na parte dos jogos, mas acaba por ser mais uma funcionalidade do que um título. Aqui a Sony explora as capacidades do Eye Camera, dos sensores integrados no comando e a Realidade Aumentada. Na PlayStation Vita a Sony já tinha dado um "cheirinho" da realidade aumentada, mas com a PS4 vai um passo mais longe.

A experiência com os AR Bots pode ser realmente divertida. Mais do que falar, fica o vídeo de apresentação no programa norte-americano do apresentador Jimmy Fallon que mostra, na perfeição, as potencialidades deste modo de entretenimento em realidade aumentada:

Depois o serviço de streaming de jogos - de jogos, repita-se - para a PlayStation Vita. A Sony aproveita as duas consolas que tem da melhor maneira possível. A Vita além de ter o seu conjunto de jogos próprios, vai poder reproduzir quase todos os títulos da PS4.

E isto é a portabilidade ao maior nível. Além da tecnológica japonesa ter renovado as aplicações móveis para smartphones e tablets, o facto de poder largar a consola e ir para outra divisão da casa e continuar o jogo é um elemento de peso. A Wii U da Nintendo já faz isto muito bem, diga-se de passagem. Mas no caso da Wii U o comando com ecrã secundário não funciona como uma consola independente, caso o jogador assim o entenda. Aqui a Sony sai a ganhar.

Por fim o interface de utilizador. A Sony criou uma experiência unificada. Usar a Vita, usar as novas apps móveis e usar a PlayStation 4 é tudo familiar. Existem funcionalidades chave como a lista de amigos, a possibilidade de ter conversações com outros jogadores, fazer uma festa de jogo e aceder à PlayStation Store.

Por explorar fica os serviços de conteúdos - se é que vão existir em Portugal. Fica para uma fase em que a consola chegue às redações para um teste mais aprofundado.

Maquinaria da pesada

A nível de especificações a PlayStation 4 está na linha da frente - algumas análises mais detalhadas apontam mesmo a consola da Sony como ligeiramente superior em capacidade à Xbox One. E sobre as espeficicações o TeK já se debruçou.

Fala-se agora da construção. A PlayStation 4 come-se melhor com os olhos do que com as mãos. A consola é visualmente apelativa e tem um design arrojado graças às suas linhas quadradas, mas desalinhadas. Um quadrado negro com uma luz em degradé que a atravessa. Uma peça que se encaixa sem problemas numa sala de estar moderna.

Mas, quando a consola é tocada e sentida com as mãos, fica a sensação de que o material de construção não é o mais apelativo. A consola não é feita para se mover de um lado para o outro, mas aparenta ser frágil e com uma qualidade de construção questionável. Mas também, a PlayStation não é como um smartphone, que se exibe diariamente.

Existem pormenores que a Sony trabalhou de forma muito atenciosa, como o facto de conseguir esconder quase todos os elementos não estéticos - botões de iniciar e ejetar disco, e entradas multimédia misturadas com um ladrilhado na parte traseira.

Depois há o comando. Muito bem conseguido. Suficientemente igual aos antecessores para ser em tudo familiar, com elementos diferenciadores o suficiente para parecer renovado e revolucionário. O painel sensível ao toque que existe no meio do periférico é também ele clicável, algo que acabou por surpreender. E desta característica a Sony vai conseguir criar muito gimmick para os jogos.

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Não foi sentida uma grande diferença nos dois joysticks, mas já há uma diferença considerável nos botões traseiros, agora assemelham-se mais a gatilhos. No geral o comando parece ter uma nova textura, agradável ao toque, e as cores vermelha e azul prometem dar cor à jogabilidade.

Mas o que mais visualmente chama a atenção na quarta incursão do Dual Shock é o LED traseiro, a luz que muda de cor e ajuda a identificar os jogadores, a luz que "comunica" com a Eye Camera e permite formas diferentes de jogo. Possivelmente se não existisse não haveria problema, mas é um extra bem-vindo e que é funcional.

Em resumo, a PlayStation 4 é uma consola verde, mas que faz crescer água na boca. Tudo o que faz, faz bem e muito depressa - trocar de jogos demora tanto como cinco a seis segundos, o que é impressionante.

O timing para o lançamento da consola parece correto - antes do Natal, mesmo a tempo de entrar no sapatinho de muita gente. Dificilmente os gamers estariam dispostos a mais um ano sem a entrada de uma "grande" consola.

Mas fica a sensação de que faltam jogos, jogos com qualidade e pensados exclusivamente para o poder de fogo da PS4. Não se pediam dezenas de títulos no dia de lançamento, mas ter o Killzone como a única grande bandeira da inovação da consola parece pouco. Mais dois ou três títulos e os jogadores iam ficar loucos de entusiasmo.

Por fim a análise ao preço. 399 euros. Parece mais do que justo e parece ter acertado na mouche. Existem especificações de topo, existem características únicas, há um Dual Shock novo e há um serviço de jogo baseado na cloud que está na calha.

Se vale a pena comprar? Recolha-se durante uns momentos, leia a análise alargada de factores a ter em conta na escolha de uma consola e decida em consciência. Pagar 400 euros por um produto completo, que só tende a melhorar, e que vai durar entre seis a oito anos é um investimento seguro.

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico