A oferta de cursos abertos online, com distribuição generalizada, designados em inglês por MOOC (Massive Open Online Course) já tem quase uma década depois do lançamento da primeira iniciativa por parte da Universidade de Stanford, mas o interesse tem vindo a crescer.
Segundo os números da Class Central, mais de 58 milhões de pessoas em todo o mundo já se terão inscrito em pelo menos um curso do género, e no último ano mais de 23 milhões fizeram a sua primeira inscrição numa das muitas plataformas de MOOC que surgiram no mercado, algumas das quais com cursos gratuitos mas também com ofertas pagas, como a Coursera, a edX ou a Udacity.
O Instituto Superior Técnico arrancou há menos de um ano com a sua própria plataforma, inicialmente com a oferta de três cursos, e tem vindo a alargar a oferta com formação em português e a possibilidade de certificação (ainda não verificada) do IST quando os formandos concretizem, com sucesso, pelo menos 60% das atividades previstas.
Na próxima semana vai começar um novo curso, dedicado à Transformação Digital, e Miguel Mira da Silva, professor associado de Sistemas de Informação no Departamento de Engenharia Informática do Instituto Superior Técnico e coordenador da iniciativa, adiantou ao TeK que já conta com quase 600 inscrições e que é o curso mais popular até agora na plataforma.
“O tema do curso é Transformação Digital mas propositadamente focado nas organizações (empresas privadas e organismos públicos) que existem, pois são estas que mais terão de investir nesta área nos próximos anos”, explica Miguel Mira da Silva.
As inscrições ainda estão abertas e o objetivo é chegar aos mil participantes, juntando o interesse pelo tema e o facto da inscrição na plataforma ser grátis, permitindo ainda aos alunos seguirem a formação à medida da sua disponibilidade.
A plataforma utilizada é proprietária do Técnico, mas baseada no software Open edX, fornecido por Harvard e o MIT, e os conteúdos do curso forma desenvolvidos pela equipa do Técnico, com apoio da FCCN onde os vídeos são gravados.
“Os vídeos têm uma qualidade elevada, incluindo "infográficos" (em vez de slides) e legendas em português”, explica o coordenador do curso.
Para além dos conteúdos habituais neste tipo de cursos, a formação em Transformação Digital introduz algumas novidades que podem fazer a diferença. Uma delas é a participação de especialistas sobre o tema, com sete grandes entrevistas sobre os vários tópicos abordados no curso.
A ideia é que o curso seja baseado em exemplos práticos que concretizem os conceitos teóricos, e vão ser abordados os exemplos da Burberry, Zara e Nike.
Entre as novidades introduzidas nesta formação está o facto de existirem quatro exercícios que são avaliados por outros participantes, em modelo peer review, de forma aleatória e anónima.
As inscrições ainda estão abertas e podem ser feitas online, de forma gratuita, e o curso arranca no dia 3 de julho.
Uma estratégia em desenvolvimento
A plataforma MOOC Técnico está quase a celebrar o primeiro ano e Ana Moura Santos, coordenadora da iniciativa, explica ao TeK que a adesão tem sido positiva, e que já há mais de 2 mil inscritos na plataforma. Em média, cada curso tem entre 300 e 400 participantes e este novo de Estratégia Digital está a garantir números superiores também pela abrangência do tema, e pelo facto de se dirigir a um público mais vasto.
"O interesse depende do tipo de curso e do perfil, já que alguns são os que chamamos ´cursos de graduação´, dirigidos a alunos do secundário e também à renovação de competências", explica, indicando que o perfil médio do utilizador dos cursos MOOC Técnico é de pessoas com 32 a 33 anos de idade.
O Instituto Superior Técnico também desenvolve alguns cursos num modelo de Flipped Classroom, ou Aula invertida, onde os conteúdos publicados online servem de base teórica às aulas curriculares e são usados no decorrer das cadeiras de alguns cursos do Técnico. É o caso do curso de Energy Services, integrado num mestrado do IST.
No futuro o objetivo é poder avançar para a certificação verificada, que dá acesso a um certificado, que será pago, e a ECTS (os créditos do sistema de ensino europeu) que somam para o currículo e a formação dos alunos. A ideia é que cada curso possa valer 1,5 ECTS, já que corresponde a uma parte da disciplina, sendo que essa certificação já terá de ser paga e exige uma verificação presencial, ou através de um sistema remoto validado pela Universidade.
Esta é uma tendência que segue em linha com o que se está a fazer na Europa, como explica Ana Moura Santos. O Técnico está atento às iniciativas que estão em desenvolvimento em França, ba Rússia e também na Suiça, e a outros projetos desenvolvidos em Portugal e pretende continuar a desenvolver o MOOC Técnico para responder de forma mais eficaz às necessidades dos utilizadores.
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