O anúncio da entrada da Microsoft no mercado dos tablets com o Surface parece não ter deixado ninguém indiferente. Os habituais comentários e comparações com a oferta que está no mercado (leia-se iPad e tablets Android) não se fizeram esperar, mas as ondas de choque estão também a sentir-se do lado de parceiros de longa data, que mostram o seu desagrado em relação à estratégia.

A LG comunicou logo nos primeiros dias que vai abandonar o mercado de tablets e concentrar-se nos smartphones, e agora uma entrevista ao vice presidente da Acer revela que a fabricante de Taiwan tem também várias críticas a apontar.

E nas próximas semanas podem ser conhecidas novas reações, depois de alguns analistas já terem revelado que a Microsoft deixou os parceiros "no escuro" em relação ao lançamento do Surface, especulando-se que terá até obtido informação privilegiada quanto aos designs de equipamentos que estes estavam a preparar.

Esta é uma questão de pormenor? Provavelmente não, sobretudo se olharmos para o Windows 8 como uma plataforma concorrente do iOS da Apple e do Android patrocinado pela Google. É que muitos dos parceiros da Microsoft já tinham revelado que estavam à espera do Windows 8 para "abanar" o mercado dos tablets, e podem não ter grande vontade de mudar o "modo" de parceiros para concorrentes...

[caption]Nome imagem[/caption]Mesmo nascendo sob estes maus auspícios, o novo tablet Surface tem direito a ser avaliado pelos seus argumentos face à concorrência. Já passou muito tempo desde que Bill Gates apresentou, em 2002, a sua primeira ideia de Tablet e há alguns pontos fortes que podem ajudar o equipamento a conquistar uma fatia importante no mercado que a Apple ainda domina, apesar da grande variedade de propostas baseadas em Android.

Hoje decidimos destacar 6 dos seus trunfos, abertos a debate, até porque alguns também podem ser considerados desvantagens...

Trunfo 1
Modelo de consumo e modelo profissional

A diferenciação entre um modelo de consumo, baseado num processador ARM, e um modelo mais virado para as necessidades profissionais, com Intel, é um dos trunfos que a Microsoft vai jogar com o Surface. E o objetivo é ter um equipamento que agrade aos responsáveis de TI e seja facilmente integrado nas redes.

O Surface Pro tem mais memória e mais bateria, mas também é mais pesado e mais grosso. E é preciso considerar que outras experiências, de outras fabricantes, com tablets para empresas não foram propriamente um sucesso...

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Trunfo 2
Sistema operativo
Por aquilo que já conseguimos ver - e experimentar - o Windows 8 é um concorrente à altura do iOS e do Android. E o Surface Pro terá a vantagem de conseguir fazer a ponte de familiaridade para os utilizadores do Windows e ao mesmo tempo trazer novas características que são apreciadas na concorrência e até no Windows Phone, com o interface Metro

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A Microsoft não se esqueceu também que o entretenimento é uma das áreas fortes, sobretudo o vídeo, e muniu o Surface de um ecrã HD, de 10,6 polegadas com formato 16:9 widescreen e tecnologia ClearType HD, com luminosidade adaptável.

Agora é preciso dar um maior impulso ao desenvolvimento de aplicações e à integração da música digital para fazer o modelo funcionar tão bem, ou melhor, do que o iTunes da Apple. Porque isso a Google ainda não conseguiu...

Trunfo 3
O melhor tablet Windows 8 (?)
Será que as dúvidas dos analistas quanto à possibilidade da Microsoft ter "informação privilegiada" sobre a integração entre o Windows 8 e o hardware são razoáveis? É verdade que a empresa podia fazer com que o seu tablet garantisse a melhor integração de sempre com o sistema operativo, mas isso podia minar também, de forma definitiva, a sua relação com os parceiros que produzem tablets baseados em Windows.

Até agora os programas OEM permitem a todos os fabricantes qualificados terem acesso a toda a informação, fazer testes de integração e beneficiar do acesso aos técnicos da Microsoft para resolver todos os problemas, o que tem garantido a evolução de um ecossistema robusto de computadores pessoais.

Trunfo 4
Design e estrutura
Mesmo na versão profissional, que só vai chegar às lojas três meses depois do modelo de consumo, a Microsoft conseguiu abandonar a aparência "cinzento" que muitos tablets Windows mantinham.

O chassis criado com a tecnologia VaporMg, que combina no processo de fabrico vários materiais - magnésio e outras partículas – para dar um acabamento mais suave e ao mesmo tempo garantir a leveza e resistência, tem um ar atraente, e as cores das capas permitem uma personalização que muitos profissionais já acolhem com agrado.

E o suporte integrado facilita certamente as tarefas que vão além da navegação web ou o uso das aplicações.

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Trunfo 5
Touch Cover
Com uma espessura de 3 milímetros, a Touch Cover é uma das novidades promissoras no Surface. A tecnologia sensível ao toque "pressente" os gestos e garante maior rapidez a escrever do que os teclados no ecrã. Pelo menos é o que diz quem já experimentou.

Pelas fotos parece que a ligação entre este teclado e o ecrã é fácil e rápida, usando conectores magnéticos que já encontrámos noutros equipamentos, embora para finalidade diferente.

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Trunfo 6
Preço (?)
Este é um elemento que ainda não é conhecido. A informação que foi passada de forma oficial é que "será competitivo", mas não será de estranhar que a Microsoft queira também aqui jogar uma cartada decisiva contra a concorrência, baixando a fasquia face ao iPad e a outros tablets concorrentes.

Até onde pode ir? Sem perder dinheiro haverá aqui alguma margem para ter um pricing mais apetecível nas lojas e junto das empresas, tirando partido de parcerias nos componentes.

Só à data do lançamento, que será em simultâneo com o do novo sistema operativo, é que algumas das dúvidas vão ser esclarecidas. Até lá continuará a haver alguma especulação, mas também é de esperar que a concorrência faça as suas jogadas. E amanhã será a vez da Google mostrar novidades no segmento de tablets...

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Fátima Caçador