Hoje é dia de greve geral. Transportes (mais ou menos) paralisados, serviços e escolas fechados ou a funcionar a meio gás e manifestações agendadas para a tarde fazem parte de um cenário em que também o papel da Internet, enquanto veículo de comunicação e espaço onde inevitavelmente se acabam por refletir as inquietações sociais, se torna incontornável.
À semelhança do que acontece noutros países, também em Portugal a Web tem servido de plataforma à disseminação de ideias, organização de eventos e movimentos de contestação social, que tiram partido dos blogs e redes sociais como forma de mobilização.
Atentos que estamos ao panorama online, teria sido difícil não constatar o surgimento de movimentos, aparentemente sem filiações partidárias, que começam a ocupar um espaço e a marcar presença nas ações normalmente dominadas pelos sindicatos e partidos políticos.
Hoje será um desses casos. Às "concentrações" e desfiles convocados pela CGTP em vários pontos do país vão somar-se as iniciativas de pequenos grupos independentes. Lisboa é a cidade para a qual vimos canalizar mais esforços, mas também há quem assegure ações no Porto ou em Coimbra, por exemplo.
A página da Acampada Coimbra não chega ainda aos mil "gostos" no Facebook, mas isso não impediu o grupo de organizar uma agenda para o dia de hoje onde se inclui a concentração na Praça 8 de Maio, almoço, debate, assembleia popular, jantar e vigília. "Sê activo também na greve geral antes que parem os teus direitos" é o apelo , que o grupo detalha no seu blog - a partir do qual são também fornecidos links para movimentos semelhantes no Porto, Barreiro, Alfragide, no bairro da Graça (Lisboa), em Vila Real, em Braga, Aveiro, no Porto ou em Barcelos.
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No Porto está preparado - e divulgado online - um "piquete flash" para receber o primeiro ministro Pedro Passos Coelho, que vai passar pela cidade em trabalho, esta tarde.
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Na capital do país a mobilização é, como seria de esperar, maior, e feita a partir de diferentes quadrantes, que ainda assim parecem confluir e conseguir encontrar forma de se organizarem entre si.
Por um lado temos perfis criados especificamente com a designação Greve Geral Ocupar Tudo, cujo objetivo será declaradamente mobilizar as pessoas "que se ocupe e bloqueie o centro da cidade entre o Saldanha e o Rossio nas horas anteriores à manifestação que irá até São Bento." As razões são explicadas num manifesto disponível em grevegeral22.tumblr.com. Uma das formas propostas para esta "ocupação" é o recurso à bicicleta, o que deu origem à criação no Facebook do evento Bike The Strike.
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À mesma iniciativa deverão, porém, associar-se grupos que têm vindo a marcar presença online e noutras ações e que já vão contando com um número representativo de membros no Facebook, como a plataforma Artigo 21º.
O nome constitui uma referência ao artigo 21º da Constituição da República Portuguesa, que consagra o Direito de Resistência: "todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública".
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A página conta com mais de 9.500 "gostos" na rede social, onde marca presença de forma bastante ativa, promovendo a divulgação e debate dos temas que vão fazendo a actualidade política.
Quem também tem na Internet o seu habitat natural é o Anonymous Portugal. Cada vez mais ativos no Facebook e contribuindo para a divulgação de vários movimentos, o grupo de hacktivistas tem saltado da frente do ecrã para as ruas para marcar presença nas manifestações de rua, como a de 15 de outubro - que ficou conhecida como a manifestação da "geração à rasca" ou "dos indignados".
Foi para organizar essa mesma manifestação que nasceu aquele que é atualmente um dos grupos com maior divulgação dentro daqueles que hoje passamos em revista: a Plataforma 15 de Outubro. O grupo, que se afirma como de "protesto apartidário, laico e pacífico", disponibiliza na sua página oficial os manifestos que norteiam a sua atuação para as diferentes áreas geográficas onde assegura presença.
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Uma das reivindicações do movimento, que também se bate, por exemplo, pela democracia participativa, pela transparência nas decisões políticas, é o fim da precaridade - a mesma que dá razão à luta de outras plataformas mais ou menos populares, como é o caso dos Precários Inflexíveis ou do recém-criado Movimento Sem Emprego (MSE).
Este "grupo de trabalhadores que alterna a sua condição entre o desemprego, o sub-emprego ou a precariedade", está "empenhado na criação de um movimento para o combate político e para a defesa dos [seus] direitos" e fez saber que também marca presença na manifestação de hoje. Criado este mês, já conta com mais de 1.300 membros no grupo do Facebook.
Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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