A propósito da celebração do Dia Internacional da Mulher fazemos hoje uma homenagem às mulheres que ocupam, ou ocuparam, lugares chave na história das Tecnologias da Informação e da Comunicação. Não há aqui qualquer resquício de espírito feminista, mas um destaque às poucas mulheres que souberam singrar num mundo (ainda) dominado por homens.
Os números divulgados por vários organismos oficiais mostram que menos de 1 em cada cinco profissionais de Tecnologias da Informação e Comunicação é mulher, o que revela um grave défice nesta área. E este é um dos sectores com maior empregabilidade e potencial de crescimento nos próximos anos, pelo que a aposta tem sido em tentar atrair mais jovens para este domínio.
Até porque, a nível da utilização das TIC as mulheres não ficam atrás dos homens, recorrendo da mesma forma aos equipamentos e gadgets e participando ativamente nas redes sociais, na criação de blogs e mesmo nos jogos online. Em algumas áreas lideram mesmo em termos de utilização, nomeadamente em compras online e em redes como o Facebook.
Nos lugares de topo das empresas a falta de um "toque feminino" é também notada. Segundo a Comissão Europeia, apenas um em cada sete membros de direção de empresas é uma mulher.
Sem pretender apresentar uma lista exaustiva, mostramos algumas das principais contribuições femininas na área das TIC, seja em desenvolvimento tecnológico ou liderança de empresas. Das mais recentes CEOs que como Meg Whitman mostraram pulso forte em determinar o futuro das companhias que lideram a figuras históricas, vale a pena passar os olhos pela lista
Augusta Ada King
[caption][/caption] A condessa de Lovelace viveu entre 1815 e 1852 e é referenciada como uma das pioneiras na história da informática por ter escrito a descrição do primeiro mecanismo de Charles Babbage.
A informação escrita por Ada Lovelace (como é atualmente conhecida) foi republicada em 1953 e é a primeira descrição conhecida de um computador e de software.
Em 1989 o departamento de defesa dos Estados Unidos desenvolveu uma linguagem de programação a que deu o nome de Ada em homenagem a Ada Lovelace.
Anne Mulcahy
[caption][/caption] Com a Xerox perto de um colapso financeiro, Anne Mulcahy conseguiu recuperar a empresa de impressão depois de ter assumido a presidência em Janeiro de 2002. Com a sua liderança o investimento na Investigação e desenvolvimento da Xerox duplicou, assim como a aposta nas tecnologias "verdes".
Anne Mulcahy entrou para a Xerox em 1976 como comercial. Para além da Xerox, a gestora integra a administração da Catalyst e do Citigroup, assim como da Fuji Xerox.
Carly Fiorina
[caption][/caption]A liderança da Hewlett-Packard por Carly Fiorina foi tudo menos pacífica. Entre 1999 e 2005 esta gestora fez uma mini revolução na empresa, preparando-a para a concorrência difícil que se fazia sentir de outros fabricantes e garantindo os lugares de lideranças nas vendas de sectores de impressão e PCs de consumo. A aquisição da rival Compaq em 2002 foi a sua jogada de mestre.
Antes de assumir o papel de CEO da HP em 1999 Carly Fiorina tinha sido vice-presidente da AT&T, onde geriu o spin-off da Lucent e a sua oferta pública.
Depois de sair da HP em 2005 Carly Fiorina não voltou a liderar nenhuma empresa de TI, tendo sido conselheira económica do candidato republicano John McCain e assumindo atualmente um lugar no Board of Trustees do MIT.
De acordo com uma notícia do início de Março do The San Francisco Chronicle, Carly Fiorina terá sido submetida a uma operação para remoção de um cancro da mama que foi diagnosticado em Fevereiro deste ano.
Carol Bartz
Já tinha sido referida numa Montra do TeK sobre o "antes" e o "depois" dos patrões da tecnologia, mas merece novamente destaque nesta lista de mulheres que determinam o futuro das tecnologias da informação.
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Carol Bartz tem um longo currículo nas empresas de TI, tendo ocupado a vice-presidência da Sun Microsystems entre 1983 e 1992, passando ainda pela Autodesk onde foi CEO durante quase 15 anos, período durante o qual conseguiu multiplicar por 5 a faturação da empresa.
No seu currículo conta-se ainda a participação no conselho de administração de empresas como a Intel, Cisco, NetApp e Yahoo, onde sucedeu a Jerry Yang na presidência da empresa de Internet num momento conturbado para a companhia. Mas não ficou muito tempo nesta posição, de onde foi despedida a 6 de Setembro de 2011, por telefone.
Cláudia Goya
[caption][/caption] Chegou à liderança da Microsoft Portugal em 2009 e apesar do momento menos favorável a nível económico tem sabido manter a estratégia da empresa de software. Mãe de três filhos e adepta de desporto, Cláudia Goya é a primeira mulher a liderar a divisão local (e premiada) da empresa e faz questão de que a sua gestão permita "continuar num nível de excelência".
Licenciada em engenharia física tecnológica pelo Instituto Superior Técnico, trouxe na bagagem 15 anos de experiência na área de gestão de negócio em empresas como a Proctor & Gamble ou a Galp Energia. Na Microsoft estava há um ano e meio quando foi escolhida para suceder a Nuno Duarte, que assumiu funções no Japão.
É hoje um dos poucos rostos femininos à frente de uma tecnológica com peso relevante no mercado português.
Elvira Fortunato
[caption][/caption] O trabalho na área dos transístores garantiu a Elvira Fortunato um papel de destaque no cenário das TIC. A investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa dirige o Centro de Investigação de Materiais (Cenimat) e venceu uma das Bolsas Avançadas do European Research Council, no valor de 2,25 milhões de euros, o que a transportou rapidamente para as primeiras páginas de vários jornais e revistas.
Elvira Fortunato integra uma equipa que conseguiu tornar o papel parte integrante de um transístor, usando-o como isolante, em vez do tradicional silício, um projeto designado "Invisible". Estes desenvolvimentos podem ser usados no campo da eletrónica descartável, em ecrãs, etiquetas e pacotes inteligentes ou aplicações médicas na área dos bio-sensores.
A mesma equipa desenvolveu com a Samsung uma nova geração de ecrãs planos transparentes baseada na descoberta de um novo material semicondutor para os transístores constituído por óxidos, como o óxido de zinco.
Grace Murray Hopper
[caption][/caption] Oficial da marinha dos Estados Unidos, Grace Hopper foi pioneira na investigação sobre programação informática e esteve entre os primeiros programadores do Mark I. Participou também no desenvolvimento do UNIVAC I (UNIVersal Automatic Computer I), o primeiro computador comercial produzido nos Estados Unidos.
Grace Hopper desenvolveu o primeiro compilador para uma linguagem de programação, o COBOL, mas também trabalhou com outras linguagens, nomeadamente na normalização do FORTRAN.
A investigadora faleceu em 1992.
Margaret Whitman
Da história mais recente da Internet, Meg Whitman destaca-se na liderança do eBay que assumiu em 1998 quando a empresa tinha pouco mais de 100 funcionários e que conseguiu transformar numa máquina gigantesca com mais de 9 mil funcionários em todo o mundo.
Antes de assumir a liderança do eBay, Meg Whitman já tinha dirigido um serviço Internet, o Florist Transworld Delivery (FTD), onde foi presidente e CEO.
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Meg Whitman assumiu no ano passado a liderança da HP depois da saída de Leo Apotheker e do "espalhanço" no anúncio da decisão de vender a unidade de PCs da empresa. Com uma postura mais comedida, Meg Whitman tem tentado acalmar o mercado e definir a estratégia da gigante do hardware, apesar de ter "descartado" os equipamentos baseados em WebOS.
Patricia Dunn
Substituiu Carly Fiorina na liderança da HP depois de 2005 mas o seu mandato foi de curta duração, sendo ensombrado por um escândalo de fuga de informação para a imprensa que culminou na sua demissão em 2006, embora se tenha mantido na administração da empresa até 2007.
Foi considerada em 2005 uma das mulheres mais influentes pela Revista Forbes.
Safra Catz
[caption][/caption] Não ofusca o protagonismo de Larry Ellison, CEO da Oracle, respetivamente, mas Safra Catz não deixa de ter um papel importante na onda de aquisições da empresa. De origem israelita, assumiu o papel de CFO (Chief Financial Officer) da Oracle em Novembro de 2005, depois de integrar o Conselho de Administração desde 2001.
Considerada pela Forbes uma das mulheres mais influentes em 2008, Safra Catz esteve ligada à compra da Siebel e da Peoplesoft.
Viviane Reding
[caption][/caption] É uma das mais insistente defensoras da participação das mulheres nas Tecnologias da Informação na Europa e também por isso não podia ficar de fora desta lista. Foi comissária europeia da Sociedade da Informação e Media mas assumiu mais recentemente o cargo de Vice-Presidente da Comissão, mantendo-se atenta à Agenda Digital.
Viviane Reding tem vindo a enfrentar alguns lobbys nesta área, nomeadamente contra os operadores de telemóveis, batendo-se pela redução da taxa de roaming de voz e dados dentro da Europa.
A reforma das regras do sector das telecomunicações esteve também nas suas mãos.
Muito mais mulheres haveria para referir, que no percurso histórico das TIC quer na atualidade, em Portugal e a nível internacional, mas esta lista não pretende ser exaustiva. No ano passado o TeK dedicou um artigo a 5 portuguesas que influenciam as TIC que vale a pena rever, mas onde constam já alguns dos nomes referidos nesta peça.
Convidamos todos os leitores a deixarem os seus comentários sobre o contributo destas mulheres ou referindo outras que deviam fazer parte desta lista.
Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
Nota da Redação: esta Montra foi originalmente publicada em 2009, sendo agora revista e alargada.
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