Aparte ser um sonho de todos os utilizadores Mac, o iPhone original foi, acima de tudo, uma realidade para o mercado de comunicações móveis norte-americano, país onde o telemóvel da Apple provou, com números e pela influência nos media, ser o caso de sucesso que hoje conhecemos.

Apesar da primeira geração do iPhone ter sido vendida em França e no Reino Unido, embora de uma forma quase experimental e do mercado de desbloqueio ilegal de iPhones importados ter-se revelado o principal vector de disseminação internacional do telemóvel, a Apple cedo compreendeu as enormes diferenças entre o mercado de telecomunicações móveis de consumo dos Estados Unidos e na Europa, tendo reservado uma entrada triunfal no mercado europeu para a segunda versão do seu telemóvel, agora com 3G e tecnologicamente a par da oferta estabelecida na Europa há já alguns anos.

O que faz algum sentido, já que os grandes trunfos do iPhone, para além das suas funções de iPod, totalmente replicadas no iPod Touch, disponível em Portugal a partir dos 280 euros, prendem-se exactamente com a sua ligação à rede móvel e aparte as funções de voz e SMS, com a velocidade dos dados acedidos através do browser incorporado, o Safari Mobile, do cliente de email e das diversas aplicações http até agora disponíveis, para além das futuras aplicações disponíveis na App Store. A integração de GPS é, igualmente, uma novidade considerável, embora, por enquanto, limitada ao software de localização pré-instalado, o Google Maps, que apenas permite a visualização da localização actual e de rotas, sem oferecer verdadeira navegação em tempo-real.

Para além dos dados de alta velocidade, todas as restantes novidades anunciadas por Steve Jobs na WWDC' 08, incluindo a loja de aplicações, integração empresarial com servidores Exchange, email Push por Exchange ou através do novo serviço de subscrição de email MobileMe, jogos, etc. Estarão brevemente disponíveis para a anterior geração do iPhone, de forma gratuita e para o iPod Touch, mediante o pagamento de um valor que não deverá ultrapassar os 10 euros, através da actualização de firmware 2.0, prevista para breve.

Entretanto e no caso específico de Portugal, as duas operadoras com acordos de distribuição com a Apple, Vodafone e Optimus, já divulgaram uma das facetas do iPhone 3G que mais controvérsia tem causado na imprensa e junto dos utilizadores de diversos países: os tarifários e contratos.

Outra das supostas novidades do iPhone 3G seria uma dramática descida de preço, possibilitada pela permissão da Apple de subsidiação do seu terminal pelas operadoras. A jogada de bastidores da Apple com as operadoras móveis pressupunha que a empresa de Cupertino deixasse de receber uma fatia dos lucros dos planos e comunicações associadas ao seu terminal, tal como acontecia com a operadora móvel norte-americana AT&T, passando igualmente a permitir que as operadoras paguem uma parte do valor final do telemóvel, resultando num preço de venda supostamente mais baixo. É claro que o processo de subsidiação prevê uma obrigação contratual de permanência do cliente na rede, geralmente variável de acordo com o maior ou menor preço final do terminal.

Em Portugal e na maior parte dos países da Europa, onde existe uma preponderância quase absoluta de tarifários pré-pagos recarregáveis, sem contrato ou mensalidades associados, a subsidiação é um processo mais ou menos transparente, já que o cliente pode adquirir um telemóvel bloqueado à rede bastante mais barato do que o equivalente desbloqueado, sem contrato e representando o bloqueio à rede o único vínculo obrigatório da transacção. Os clientes móveis mais antigos lembrar-se-ão que nem sempre foi assim, já que, há alguns anos, tanto a Telecel como a TMN obrigavam a contratos de permanência com tarifas mensais obrigatórias na compra de alguns telemóveis.

O iPhone pré-pago

Tanto a Vodafone como a Optimus irão, todavia, exigir contratos de permanência na rede, com tarifas mensais variáveis, para efectuar a subsidiação do iPhone 3G. Ambas as operadoras vão, igualmente, disponibilizar o iPhone para utilização com cartões pré-pagos, sem subsidiação, por 499 euros para o modelo de 8GB e 599 euros para o modelo de 16GB, incluindo, em ambos os casos o valor de retoma de um equipamento usado, de dez euros.

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Os clientes que optem pela versão pré-paga do iPhone não incorrerão em quaisquer encargos mensais, para além dos seus consumos habituais. A Optimus disponibiliza, todavia, um tarifário pré-pago dedicado ao iPhone e com obrigatoriedade de consumo mensal mínimo, o iPhone Total. A mais valia é dada pelo consumo de dados e mensagens SMS incluídas. Por 20 euros mensais, totalmente aplicáveis nas comunicações de voz, os clientes Optimus com um iPhone recebem 250MB de tráfego internet, incluindo email, 250 SMS para Optimus e tarifas específicas de voz e SMS.

Já a Vodafone permite aos clientes que adquirem um iPhone pré-pago a manutenção do seu actual tarifário, oferecendo todavia um aditivo iPhone independente, referente apenas aos dados móveis, com um plafond de 250MB, por 19,90 por mês.

Aqui surgem, igualmente, as primeiras controvérsias, já que a Vodafone oferece actualmente, em qualquer telemóvel que o suporte, o aditivo Navegar, incluindo tráfego html ilimitado, mediante uma política de utilização responsável, por cerca de 7,44 euros por mês e o aditivo Internet Móvel, incluindo tráfego html, navegação no portal Vodafone live!, Vodafone Messenger e Vodafone My Mail, por 9,82 euros mensais, mais uma vez restrito a uma política de utilização responsável.

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Dado o carácter internacional da Vodafone, será ainda lícito comparar a sua oferta portuguesa com a que efectua noutros países europeus, como é o caso da Itália, em que o produto correspondente ao aditivo iPhone, sem obrigatoriedade e recarregável, custa apenas 3 euros semanais e inclui 150MB utilizáveis no mesmo período. A versão de subscrição do aditivo custa 10 euros mensais e inclui 600MB de tráfego de dados. Ambos os aditivos são independentes do tarifário.

O iPhone pós-pago

Face ao preço proibitivo da versão pré-paga do iPhone, principalmente se comparado com modelos com especificações técnicas equivalentes, da Nokia, Sony Ericsson, Samsung e outras marcas disponíveis nas operadoras, a aposta parece ser nas versões pós-pagas, com contratos de 24 meses e com preços que começam nos 129 euros.

Assim, na Vodafone, com contrato de obrigatoriedade de 24 meses e tomando como exemplo o tarifário best iPhone 500, com um valor mensal de 64,90 euros e incluindo 500 minutos de conversação e 250MB de dados mensais, o valor de aquisição do iPhone será de 129,90 euros, o que face à obrigatoriedade contratual e ao valor mensal traduzir-se-á num valor final de 1.687,50, no decurso do contrato.

A Vodafone disponibiliza ainda planos pós-pagos com um custo mensal de 29,90 e 44,90 euros, incluindo, respectivamente, 100 minutos e 230 minutos de comunicações voz e os mesmos 250MB de dados, sempre num período contratual de 24 meses. O plano best iphone 100, por 29,90 mensais, traduz-se num valor de aquisição do equipamento de 299,90, enquanto o plano best 230, por 44,90 euros permite adquirir o iPhone 8GB por 219,90 euros.

As ofertas da Optimus pressupõe o mesmo período contratual de 24 meses, estando divididas nos planos iPhone 15, iPhone 30 e iPhone 50. A título de exemplo, um cliente poderá adquirir o iPhone 3G na Optimus por 150 euros, mediante a contratação do plano iPhone 50, incluindo uma mensalidade de 65 euros, contemplando o consumo mínimo obrigatório de voz, o valor residual do equipamento, 500MB de tráfego internet e 500 SMS para Optimus, com uma tarifa de voz e SMS de 0,099 euros.

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No fim do contrato e mediante as condições descritas, o iPhone 8GB terá um custo final de 1.710 euros na Optimus.