As comunicações eletrónicas mantêm um lugar de destaque na economia nacional. Depois de anos e anos de crescimento os números são hoje mais tímidos, mas continuam a revelar a importância do setor na economia. Seja ao nível do investimento, da geração de receitas e mesmo da criação de emprego.


Hoje aprofundamos um conjunto de dados recentemente disponibilizados pelo regulador das comunicações eletrónicas. Mercado das Comunicações na Economia Nacional é o nome do documento, que analisa dados entre 2006 e 2010 e mostra - numa perspetiva evolutiva - as grandes transformações do setor, no que se refere ao seu peso na economia.


Menos emprego, menos receita e menos investimento são alguns dos dados que saltam à vista, na análise que passamos a detalhar.
Ao nível das receitas, os números recolhidos pela Anacom mostram que entre 2006 e 2010, 2007 foi o ano em que o setor conseguiu angariar um maior volume de receitas: 7,76 mil milhões de euros, sendo simultaneamente o ano - nos quatro em análise - em que o volume de investimento foi mais elevado. Atingiu perto de 1,22 mil milhões de euros.


No ano passado por seu lado, o setor gerou 7,60 mil milhões de euros e investiu 1,07 mil milhões de euros, sendo que a esmagadora maioria do investimento foi realizado no desenvolvimento dos sistemas de comunicações. No seu todo, o setor das comunicações (incluindo o setor postal) investiu 1,24 mil milhões de euros em 2010. Em 2007 tinha investido 1,45 mil milhões de euros.

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No entanto, os dados também mostram que embora a receita gerada pelas comunicações eletrónicas tenha baixado ao longo dos últimos anos, o seu peso na economia mantém-se relativamente estável. No final do ano passado a receita das comunicações eletrónicas representou 4,40% do PIB.

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Mostram ainda que os gastos operacionais têm feito uma trajetória inversa ao volume de negócios, aumentando todos os anos. Se em 2006 as despesas operacionais das empresas de comunicações eletrónicas se fixavam nos 6,36 mil milhões de euros, no final do ano passado tinham já aumentado para 7,48 mil milhões de euros.

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À medida que perdeu receita e diminuiu investimento, o setor das comunicações eletrónicas também reduziu as oportunidades de emprego. Em 2006 as empresas de comunicações eletrónicas davam emprego a 13.404 pessoas. No final do ano passado empregavam 12.650 colaboradores,menos 754 que há quatro anos atrás.




No período, a relevância do setor enquanto empregador manteve-se estável. As comunicações eletrónicas perderam 0,01% da sua relevância enquanto empregador. A indústria passou em 2010 a garantir 0,26% dos empregos em território nacional.

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Com altos e baixos no percurso dos últimos anos, o setor daas comunicações continuou no entanto a crescer e os números também espelham esse desenvolvimento. O ativo das empresas de comunicações eletrónicas avançou de 12,43 mil milhões de euros em 2006, para 28,33 mil milhões em 2010. Por seu lado, o passivo também cresceu, de 7,10 mil milhões de euros para 14,77 mil milhões.



Os números da Anacom mostram outros dados curiosos. Permitem por exemplo perceber que 2008 foi o ano, nos últimos quatro, em que as empresas mais investiram em publicidade. As empresas alocaram ao longo deste ano quase 200 milhões de euros para publicidade.




No ano passado, os números revelam-se mais tímidos e vão pouco além dos 150 milhões de euros. Em 2008 as comunicações eletrónicas representavam assim mais de 4% de todo o investimento realizado em publicidade no país, um espaço que recuou até aos 3,2% no ano passado.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Cristina A. Ferreira