O iPhone continua a fazer correr rios de tinta, mesmo após o surgimento da segunda geração do telemóvel da Apple, numa actualização que não trouxe nada de surpreendente e que manteve, mesmo, algumas especificações abaixo da fasquia comum do mercado, começando pela fraca resolução da câmara integrada e passando pela ausência de videochamada, suporte para MMS e uma implementação pouco feliz do protocolo subjacente à criação de SMS.

Então, porque é que, após um ano e alguns meses do lançamento do modelo original, qualquer novo telemóvel continua a aspirar a ser um 'iPhone-killer'?

A resposta óbvia é o espaçoso ecrã capacitivo multi-toque.

A resposta menos óbvia é: nunca tinha sido possível assistir, seriamente, a um filme num telemóvel.

Ecrãs amplos constituíam, à altura do lançamento do iPhone, um produto de nicho, ilustremente representados pelos Sony Ericsson da série Pxxx e um interface por toque constituía o dia-a-dia da maior parte dos utilizadores de smartphones com 'pen-input', mais habituados a utilizar a ponta do dedo ou da unha, do que a caneta incluída em Palm's, terminais Windows Mobile ou até no Newton, da Apple.

A verdadeira revolução do iPhone poderá ser considerada como a forma como simplificou o acesso ao vídeo de alta-qualidade, em qualquer lugar, com um mínimo de esforço por parte do utilizador e com uma qualidade de imagem incomparável. Decerto que muitos leitores estarão lembrados das "experiências" com diferentes bitrates, framerates e resoluções, das horas a codificar vídeos de 30 minutos, do codec 3GP, tudo para mostrar ao vizinho um vídeo que se distinguia pior do que o pior vídeo do YouTube.

Esses tempos acabaram. O telemóvel da Apple abriu as portas a uma multiplicidade de terminais verdadeiramente versáteis e se o iPhone está restrito à gestão dos vídeos através do iTunes, os seus rivais já vão bem mais além, incluindo ecrãs de maior resolução e suporte para codecs mais universais, como o Divx.

Apple iPhone

O mais singularmente perfeito reprodutor de vídeo integrado num telefone. Aparte o ecrã de 480 por 320 pixéis, com diagonal de 89 mm, a luminosidade e cor excelentes, o vidro do ecrã, o telemóvel da Apple junta, ainda, um acelerador gráfico independente, responsável por grande parte da prestação gráfica do sistema operativo e claro, da reprodução de vídeo.

Tal como na maior parte dos produtos Apple, a inovação esconde algumas falhas críticas, começando pela já referida câmara de vídeo abaixo da fasquia do mercado e a obrigação de interface com o software iTunes para qualquer tipo de importação de som ou vídeo. A última não é necessariamente um defeito e enquadra-se na estratégia da Apple de apresentar o iTunes como o centro de uma família de dispositivos e uma das peças fulcrais da empresa de Cupertino, a par do sistema operativo Mac OS X.

O telemóvel está disponível na Vodafone e Optimus, por 499 euros, para o modelo de 8GB e 599 euros, para o mais espaçoso modelo de 16GB.

[caption]Apple iPhone[/caption]

Nokia N96

Ainda sem um interface por toque, o modelo de topo da linha multimédia da Nokia, o N96, continua a ser um terminal impressionante, com um potencial muito respeitável para a reprodução de vídeo e áudio, centrado à volta de um ecrã de 71 milímetros de diagonal e resolução de 320 por 240 pixéis.

Como telefone multimédia, o N96 apresenta alguns argumentos de peso, principalmente em áreas onde o iPhone é mais sensível, começando pela câmara posterior de 5 Megapixéis, com focagem automática e Flash e câmara frontal de videochamada. O N96 incorpora ainda algumas nuances 'iPhone', ausentes dos antecessores N95 e que melhoram de sobremaneira a sua utilização, como é o caso do acelerómetro incorporado, permitindo a rotação automática do ecrã em modo horizontal.

Tal como o iPhone, o N96 dispõe de hardware gráfico dedicado, embora este esteja apenas disponível para as aplicações integradas da Nokia. O resultado é que alguns codecs, como é o caso do WMV9, só são suportados no leitor de vídeo pré-instalado.

Às características multimédia, o N96 alia, ao contrário do iPhone, uma das mais comprovadas e estáveis plataformas de comunicações móveis actuais: o sistema operativo Symbian S60, aqui na sua terceira edição, já no 'Feature Pack 2'.

O N96 estará isponível no quarto trimestre de 2008, por um preço ainda por confirmar, mas que deverá rondar, aquando do lançamento, os 600 euros.

[caption]Nokia N96[/caption]

Samsung Omnia i900

Um dos concorrentes mais próximos do iPhone em termos de qualidade de vídeo, com o benefício acumulado de suportar a reprodução de vídeo Xvid e Divx comum (desde que codificado na resolução certa), para além de WMV, H.264 e H.263. Tudo isto num ecrã luminoso com diagonal de 81 milímetros e resolução de 480 por 240 pixéis.

Outras mais valias incluem a câmara posterior de 5 Megapixéis e frontal para videochamada, suporte para formatos musicais mais amplo que o iPhone (incluindo OGG), bem como os interfaces gráficos TOUCHWIZ exclusivos deste terminal, assentes sobre o sistema operativo Windows Mobile Professional 6.1.

Está disponível em Portugal, exclusivamente pela TMN, por 479 euros.

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HTC Touch HD

O Touch HD representa a evolução natural da família Touch, da HTC, que, tendo chegado ao mercado com um dos primeiros ecrãs por toque, logo a seguir ao iPhone, soube consolidar a sua presença em sucessivas declinações, entre as quais se conta o mais recente HTC Touch Pro, vindo, finalmente, colmatar a lacuna das capacidades A/V da sua gama, em parte atribuível ao sistema operativo e em parte, à imaturidade do hardware, com o Touch HD.

Apesar de utilizar o mesmo chip integrado Qualcomm dos Touch mais recentes, contando, à partida, com aceleração gráfica integrada, o Touch HD demarca-se pela utilização de um ecrã com a espantosa resolução de 480 por 800 pixéis, numa diagonal de 97 milímetros, bem acima do iPhone.

Tal como o Samsung Omnia e em parte graças à extensa livraria de software disponível para o sistema operativo Windows Mobile, o Touch HD suporta os mais recentes codecs de vídeo, incluindo Divx e Xvid, WMV9, entre outros.

Após a apresentação dos terminais anteriores, à excepção do iPhone, a câmara de 5 Megapixéis não surpreende, tal como não surpreende a câmara frontal para videochamada.

A memória integrada poderá constituir outra surpresa, desta vez desagradável, já que, ao contrário do Omnia (8 e 16GB), iPhone (8 e 16GB) e N96 (16GB), o HTC Touch HD não incorpora qualquer volume substancial de memória Flash, dependendo, exclusivamente, do suporte para cartões microSD e SDHC.

Não há ainda qualquer previsão de comercialização para Portugal.

[caption]HTC Touch HD[/caption]