A proposta não é nova e parece (quase) irresistível: em vez de transportarem uma pilha de livros na mochila todos os dias, as crianças e jovens alunos só teriam de usar um leitor de livros digitais (eBook) ou um tablet para carregar a matéria que lhes interessa, levando sempre a informação consigo.
A equação das poupanças é fácil de fazer: menos peso na mochila, mais interatividade nos conteúdos e uma fatura mais "leve" para os pais, já que as editoras poderiam deduzir ao preço final o custo da impressão e da logística associada à produção e distribuição em papel.
Então o que falta para avançar com o modelo? Várias coisas, entre as quais uma norma aberta para a publicação de livros digitais, o interesse dos autores e das editoras e um equipamento apelativo e barato para trazer na mochila.
Na verdade todas estas componentes já existem, mas ainda não de forma suficientemente integrada para estimular o abandono definitivo dos livros em papel. Já são conhecidas diversas tentativas e experiências neste sentido, nomeadamente no Estado da Califórnia, com o impulso de Arnold Schwarzenegger e em várias escolas e universidades que já adotaram este sistema, mas num modelo ainda limitado.
Com o lançamento do iBooks2, realizado com pompa e circunstância na semana passada, a Apple está apostada em mudar a situação. E é bem capaz de o fazer, apesar das muitas críticas que já surgiram ao modelo.
Tirando partido de mais de 1,5 milhões de iPads que a Apple garante já serem usados na educação, a atualização da aplicação de biblioteca virtual do tablet traz para a plataforma do iPad livros didáticos, com conteúdos interativos, para alunos do ensino básico e secundário dos Estados Unidos. Mais baratos, com pesquisa, conteúdos multimédia e possibilidade de adicionar notas pessoais, o modelo parece ser perfeito, vindo acompanhado também com uma ferramenta que facilita a edição de publicações para a plataforma.
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Mas este sistema tem vindo a gerar comentários críticos, sobretudo pelas "condições leoninas" que a Apple adicionou aos acordos com os autores que publicarem livros no iBook, onde define que estes não podem ser distribuídos de forma paga noutras plataformas, como apontaram os jornalistas da Forbes que se deram ao trabalho de ler o contrato.
Como leitor de eBooks o iPad tem também limitações e vantagens, face a outros equipamentos dedicados, como o Kindle ou o Sony Reader, que têm aplicações específicas no mundo da educação. O próprio ecrã - não otimizado para a leitura - e a abertura a um mundo de outras aplicações - nem todas muito didáticas - estão entre as preocupações expressas por pais e educadores no que se refere à sua utilização nas carteiras das escolas.
Mesmo assim é possível que com a sua força de marketing a Apple inicie uma nova revolução e promova a maior publicação de conteúdos educativos online. E isso pode beneficiar todas as plataformas, se as normas utilizadas forem abertas e o modelo de publicação incluir outros equipamentos, entre os quais os computadores portáteis e modelos baseados no Classmate da Intel, que foi recentemente renovado.
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A Intel e a Microsoft estão, aliás, entre as empresas mais ativas na promoção do uso de computadores e tablets na escola, não apenas como forma de acesso a livros mas também a outras ferramentas educativas. O Classmate - e o modelo Magalhães em Portugal - são bons exemplos desta aposta que passa também pela formação e envolvimento dos professores.
No mundo dos tablets e leitores de eBooks não faltam também concorrentes para esta visão. O Kindle, e o mais recente Kindle Fire, assim como o Nook da Barnes and Noble estão entre os que mais cresceram em vendas no último Natal, contribuindo para que um em cada cinco norte-americanos já tenha consigo um destes gadgets. E os preços baixos ajudam a esta disseminação.
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A Amazon está mais adiantada e já tem a funcionar um serviço de eBooks educativos que funcionam também em iPad, PC e Mac. E é possível também alugar os livros, em vez de os comprar.
Outros fabricantes já estão de olho no mercado educativo e a Motorola tem a decorrer um projeto piloto numa escola em San Diego com o seu tablet Xoom, e sistema operativo Android. A iniciativa está a ser desenvolvida desde novembro do ano passado, nas aulas de matemática e ciências, dando aos alunos acesso a livros digitais, equipamento de gravação multimédia, acesso a conteúdos online e à produção de trabalhos com o Google Docs.
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Para além das ferramentas de software, hardware e conteúdos, falta ainda provar o benefício de todos estes gadgets aplicados à educação. Até porque para criar conhecimento é preciso muito mais do que inundar os jovens com informação e os próprios currículos escolares e os educadores mostram alguma dificuldade em aplicar o modelo em sala de aula...
Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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