A informação é a principal arma ao serviço de um internauta. Numa altura em que se assiste a uma alteração do estilo de vida digital, com os utilizadores quase permanentemente online - ou logados, para usar uma expressão que já entrou na gíria de quem recorre aos serviços que exigem autenticação (muitas vezes constante) do utilizador para que seja possível tirar partido de todas suas funcionalidades-, justifica-se fazer uma atualização nesta matéria.

Terá sido preocupação semelhante a que motivou a elaboração, por parte da ENISA, de um relatório em que a agência europeia para a segurança online explora as implicações de uma "life-logging", que é como quem diz, uma vida com uma forte componente de utilização de serviços que exigem que o utilizador esteja logado (autenticado).

"O life-logging não é um conceito novo: no entanto, a forma como o colocamos em prática, é-o", realça o documento que acompanha a publicação do estudo.

Para chegar às conclusões apresentadas, os responsáveis pela análise partiram de um cenário hipotético composto por uma família de dois adultos e dois jovens, no horizonte temporal de 3 a 5 anos, com diferentes graus de utilização de serviços online que exigissem esta autenticação ou serviços com eles relacionados.

Riscos, benefícios e recomendações são expostos no relatório documento "To log or not to log? Risks and benefits of emerging life-logging technologies" ("logar-se ou não se logar? Riscos e benefícios das emergentes tecnologias de life-logging"), do qual destacamos algumas ideias-chave.

Benefícios
A promoção da interação entre as pessoas - membros de famílias e amigos, e mesmo em contexto profissional, fomentando redes de contactos - e de um acesso facilitado a bens e serviços é apontado como o principal benefício da utilização destes serviços.

O recurso a este tipo de tecnologias ajuda a aproximar familiares e amigos, por maiores períodos de tempo, o que reduz a sensação de isolamento e reforça os laços sociais e melhora a comunicação, defendem os especialistas.

A um nível profissional, estas ferramentas ajudam a tornar os utilizadores a acompanhar aquelas que são as atividades e especialidades dos seus colegas e contactos profissionais, o que pode tornar mais fácil a tarefa de, por exemplo, encontrar as pessoas certas na sua rede de contactos quando precisarem de ajuda num trabalho. Podem também beneficiar da construção de uma "reputação online" ou usá-las para conseguir um emprego - veja-se o caso dos artistas que conseguiram reconhecimento colocando vídeos no YouTube ou dos trabalhadores contratados na sequência de trabalhos expostos em redes sociais.

Riscos
O principal risco apontado é - como expectável - a ameaça à privacidade dos utilizadores.

O perigo de perderem o controlo sobre os seus dados e estes virem a ser usados para fraudes bancárias, prejudicar a reputação da vítima ou deixá-lo suscetível de discriminação, são alguns dos cenários referidos.

A estes acrescem o facto de, para além das ameaças à privacidade por parte das empresas com acesso aos dados e entidades governamentais, existe o risco de acesso indevido - acidental ou propositado - por parte de outros indivíduos.

A dependência de dispositivos (com ligação à Internet) também aumenta os riscos, à medida que os dispositivos móveis, sensores e serviços se tornam alvos mais apetecíveis para os criminosos.

Existem ainda os riscos psicológicos de uma utilização intensiva das tecnologias e serviços online. Um deles é a perda de autonomia dos sujeitos, mas existem também aqueles que podem ter como causa situações ocorridas durante a utilização destes meios, como sejam a discriminação, exclusão, assédio, perseguição online, aliciamento de menores ou mesmo comportamentos paranoicos associados à ideia de que se está constantemente sobre vigilância, entre outros.

Recomendações

"Um utilizador informado é o primeiro passo: o direito a ser esquecido, o direito a ser deixado em paz, etc, sairão reforçados se o utilizador tiver controlo sobre os seus dados pessoais", realça a ENISA. Embora a agência considere que é aos governos e indústria que cabem os principais papéis nesta matéria, deixa alguns conselhos aos utilizadores:


  • Estejam atentos às formas de proteger a sua própria privacidade, por exemplo, fazendo uso das ferramentas disponibilizadas para o efeito.
  • Estejam cientes dos efeitos naqueles que são - acidental ou deliberadamente - afetados pelo uso destes serviços, bem como do impacto nas suas próprias vidas do uso destes serviços pelos que os rodeiam.
  • Usem ferramentas de privacidade amigas do utilizador e pesem bem os riscos e vantagens da utilização de um serviço.

À indústria e fornecedores de serviços são deixados mais recados. Os conselhos recaem, por exemplo, sobre a necessidade de serem concebidos serviços com ferramentas e definições de privacidade que sejam fáceis de usar e entender por um grupo alargado de utilizadores e de disponibilização online de informação sobre que dados estão a ser partilhados, com quem e de que forma.

Fazer com que os internautas estejam conscientes dos riscos que correm ao partilhar aquele tipo de dados, codificar os dados armazenados nos dispositivos dos utilizadores e recorrer a sistemas de autenticação fortes, que incluam múltiplos fatores, para maior segurança.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

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