Com o fenómeno de generalização dos blogs a produção de informação tem saído cada vez mais dos seus domínios profissionais. Já não cabe apenas à imprensa dar a informação e fazê-la chegar ao mundo. Hoje em dia marcam presença em conferências de imprensa bloggers que ganharam voz pela dedicação às plataformas de criaram e pela credibilidade de um trabalho que de hobbie passou a full time. Na tecnologia há vários exemplos, mas não só.

Por todo o mundo nasceram ao longo dos últimos anos vários projectos que se tornaram casos sérios de jornalismo colaborativo, uma designação que não é consensual. Muitos partiram da intenção de dar espaço ao cidadão repórter. Produto da Web 2.0, a ideia visa aproveitar a omnipresença que pode ter um meio alimentado por cidadãos de todo o mundo, a contribuir com fotos ou artigos de texto.

O Ohmy News é talvez o primeiro grande projecto criado nesta lógica. A ideia surgiu de um jornalista profissional e ao longo dos anos tem acumulado milhares de contributos, contando hoje com cerca de centena e meia de colaboradores a tempo integral ou parcial em mais de 100 países e recebe contributos de mais de 50 mil cidadãos-repórteres em todo o mundo.

Para o caso de achar que está na altura de dar largas ao jornalista que há em si, deixamos-lhe o Ohmy News como primeira recomendação, na versão internacional, que a versão original é algo enigmática para a larga maioria dos ocidentais.

[caption]OhmyNews[/caption]

A imprensa tradicional também adoptou o conceito e hoje a grande maioria tem um espaço dedicado ao leitor. É uma forma de criar um maior sentimento de proximidade com o tradicional destinatário da notícia, mas também, mais uma vez, de poder chegar mais rápido a qualquer local. Uma estratégia que nas grandes catástrofes tem dado os seus resultados: quase nada já fica por mostrar.

A poderosa CNN é uma das cadeias de televisão com relevância mundial a dar espaço ao cidadão-repórter. E não é que a visibilidade da marca pode mesmo dar força especulativa a algumas informações relatadas pelos utilizadores do canal iReport? Exemplo disso foi o rumor recente, ali escrito, de que Steve Jobs teria tido um ataque cardíaco. Resultado: descida imediata no valor das acções da Apple.

Se quer escrever para o mundo ler e ter alguma expectativa de reconhecimento esta pode por isso ser uma opção. Claro que depois também precisa de fontes bem colocadas, para garantir que pelo alguns dos olhos do mundo estejam virados para si.

A estação televisiva está atenta ao que vai sendo veiculado na plataforma, livremente e sem edição e acaba mesmo por investigar algumas histórias e transformá-las em notícia à séria. Nesses casos identifica-as.

[caption]iReport[/caption]

Nos Estados Unidos há muitos exemplos do género iReport que ganharam especial relevância durante o período das eleições que elegeram Obama para a presidência dos Estados Unidos. As principais cadeias televisivas do país, e até mesmo redes sociais como o MySpace, tiraram partido da vontade de participar na tarefa de informar o mundo de vários milhares de americanos e garantiram a cobertura mais eficaz de sempre do processo eleitoral.

Outro caso de sucesso internacional é o Now Public que tira partido da interacção com populares serviços como o Twitter e o YouTube e chama a participar quem está "na cara da notícia". Neste caso, à margem de grupos de media organizados.

[caption]Now Public[/caption]

Focando atenções em Portugal as opções também são várias. A repercussão do que por lá se escreve não é comparável, mas talvez tenha mais relevância o seu testemunho de um acidente na A5 ou do avistamento de um leopardo na Serra da Sintra para um português do que para o resto do mundo. Entre as opções à disposição do cidadão-repórter português que quer escrever na língua de Camões destacamos o Jornal de Notícias. É um dos meios com espaço para as fotos e textos enviadas pelos seus leitores na secção Cidadão Repórter.

[caption]Cidadão Repórter[/caption]

O semanário Sol já nasceu com uma forte componente de interactividade com o utilizador e dá espaço ao leitor através de blogues, álbuns ou fóruns de discussão. Se tudo o que por lá se mostra ou escreve está sempre relacionado com a actualidade noticiosa? Nem por isso, mas não deixam de ser espaços dedicados ao leitor.

No universo SAPO também nasceu em 2006 uma iniciativa para dar espaço aos factos e às imagens relatadas pelo cidadão. Embora sem grande dinamismo na actualização de conteúdos o Cidadão Repórter mantém-se, assim como a possibilidade oferecida a quem participa de verem o seu contributo destacado na homepage do portal, se tiver relevância para isso.