Para os que acompanham a evolução do mercado dos smartphones o nome Xiaomi não há de ser totalmente estranho. Para os que ainda não sabem quem é esta empresa, fica a nota de que vale a pena registar o nome pois tem tido um crescimento imponente no país de origem: a China. E quando se abrir mais ao mundo, pode tornar-se numa nova Huawei, Lenovo ou até mais.



A Xiaomi nasceu em 2010 de um consórcio de entidades que queria criar uma nova empresa de smartphones na China: Temasek, Qualcomm, IDG Capital e outros fundos de investimento. Em 2011 foi lançado o primeiro equipamento. Quase três anos depois a empresa tem feito manchetes na imprensa pelas fortes vendas que tem apresentado. Em 2015 os planos são de que as vendas atinjam os 100 milhões de unidades.



O perfil desta empresa parte de uma premissa: na semana passada, em 34 minutos a Xiaomi vendeu 100 mil RedMi Note. Quer isto dizer que a empresa vendeu cerca de 49 telemóveis por segundo. Melhor já tinha sido feito em outubro do ano passado quando 100 mil Mi3 foram vendidos em 90 segundos.



Este tipo de anúncios faz lembrar as segundas-feiras pós-lançamento do iPhone em que a Apple dizia ter vendido X milhões de unidades do novo smartphone em algumas horas.



A escala ainda não é a mesma da Apple, mas a Xiaomi tem outros números para mostrar. Entre 2011 e 2012, em 11 meses, vendeu 10 milhões de unidades do seu primeiro smartphone, o MI One. E foi também com este modelo que começaram as comparações com a Apple: o dispositivo usa um sistema operativo que é um cruzamento entre o iOS e o Android.



Os smartphones utilizam uma vertente do Android que bebe muito do estilo de design limpo e baseado em ícones do iOS.

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Depois toda a estratégia que a empresa tem implementado em torno da marca também faz lembrar a Apple. Um dos argumentos usados pela Xiaomi para não ser vítima de comparações com a marca da maçã era a de que não tinha lojas de retalho próprias, mas até este cenário vai mudar.

A inspiração terá vindo mesmo da Apple e da história da empresa e de Steve Jobs. O CEO da Xiaomi terá lido uma biografia do cofundador da Apple e terá então decidido adotar uma postura de marca como ícone para a sua empresa.

E para si próprio também. Lei Jun tem um estilo estético semelhante ao de Steve Jobs, usando uma camisola preta e calças de ganga em palco durante a apresentação dos novos equipamentos. A diferença apenas reside na estrutura da camisola, que é de mangas curtas para o executivo chinês.

A Xiaomi ainda tem um longo caminho a percorrer e possivelmente nunca vai conseguir transformar-se numa Apple – a história da marca da maçã e a sua aura para com os consumidores é demasiado singular para que possa ser replicada, mesmo que fosse tentado. Apesar de a Apple gostar pouco ou nada que se inspirem em si, acaba por ser um elogio ver uma empresa crescer num dos maiores mercados do mundo.

Em dezembro do ano passado a Forbes publicou inclusive um artigo com o título “Porque deve a Apple comprar a Xiaomi”. A ideia pode parecer descabida, mas uma leitura do artigo trará algumas luzes sobre o tema. Em curtas palavras o que é dito é que a China é um mercado de difícil penetração para as empresas ocidentais e que uma marca da casa seria um convite de entrada muito apetitoso.

As ambições da própria Xiaomi podem ser medidas pela contratação de Hugo Barra, o brasileiro que era vice-presidente do Android na Google. Um homem com a experiência de Barra vai sobretudo ajudar na expansão da marca para os mercados ocidentais, onde há muitos países em que a maior procura por smartphones faz-se em terminais de preço competitivo.

E a Xiaomi, como empresa chinesa que é, consegue apresentar um bom equilíbrio entre especificações de um modelo e o preço pedido. E porque para os consumidores os produtos são a cara de uma empresa, fica uma galeria com os principais equipamentos da Xiaomi. Um conselho: espere até ver as especificações do Mi3.

Qual é a opinião que os utilizadores do TeK têm sobre a Xiaomi? Pode uma empresa apoiar-se nas “artimanhas” da Apple para se alavancar na China e no mundo? Conseguirá atingir a ambiciosa meta de 100 milhões de dispositivos vendidos já no próximo ano?


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico