Chama-se Jinwang e é uma aplicação de monitorização de dados que deteta ficheiros alusivos a atividades terroristas e ilegais, sejam eles vídeos, imagens, e-books ou documentos. O Mashable escreve que as autoridades da região autónoma de Xinjiang estão a obrigar os utilizadores locais a instalá-la nos seus equipamentos e, quem não o fizer, sujeita-se a uma pena de 10 dias de prisão. O portal norte-americano cita a Radio Free Asia.
Caso a aplicação identifique ficheiros "suspeitos", os utilizadores serão prontamente notificados para os eliminar.
O órgão asiático adianta ainda que a aplicação vai armazenar os registos das conversas mantidas na rede social chinesa Weibo e na aplicação de mensagens WeChat. Os dados do cartão SIM e as credenciais de acesso às redes Wi-Fi também serão guardados em servidores do governo.
Esta é uma aplicação de vigilância que declara prontamente as intenções do executivo em monitorizar as atividades dos utilizadores locais, identificando os seus ficheiros e reportando o seu conteúdo a uma autoridade com poder para atuar sobre aqueles que tiverem conteúdos considerados ilegais.
Apesar das manifestas intenções do governo chinês de controlar a internet do país, esta é uma medida sem precedentes, mas que, de acordo com o The Next Web, se explica pelas características geográficas e demográficas daquela região. Com pouco menos de 22 milhões de habitantes, Xianjiang faz fronteira com oito outros países (Mongólia, Cazaquistão, Paquistão, Índia, Quirguistão, Tajiquistão, Rússia e Afeganistão) que, ao longo dos anos, alavancaram a criação de uma comunidade multiétnica onde surgiram vários conflitos separatistas e ataques terroristas. A maior tensão mantém-se entre os muçulmanos de Uyghur, de ascendência turca, e a comunidade de chineses Han, que têm ocupado as áreas de extração de petróleo e gás natural.
Este é um exemplo clássico de vigilância em que a privacidade e a liberdade é subtraída em nome dos interesses da administração local. Esta última alega motivos de segurança, mas o poder que lhe é imputado com esta decisão dá-lhe também um privilegiado palco para a perseguição de indivíduos e comunidades.
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