Atenção lisboetas que circulam entre a Praça do Comércio e o Marquês de Pombal. De acordo com informações partilhadas pela agente @SweetIris, esta é uma das zonas de maior conflito que existe na capital portuguesa. E o que é que pode fazer? Fácil: ou junta-se à guerra ou continua a fazer de conta que nada disto é real.

Para perceber melhor o que acabou de ser dito, o leitor vai precisar de instalar o jogo de realidade aumentada criado pela Google em 2012: chama-se Ingress e representa uma verdadeira "pedrada no charco" de jogos que são desenvolvidos para dispositivos móveis.

O que os jogadores precisam de fazer é juntarem-se a uma de duas fações existentes - Resistência ou Iluminados - e começar a conquistar território. Isto faz-se através do controlo de portais estratégicos que depois de interligados, criam uma mancha que indica quem "manda" na zona.

Nada disto se vê na vida real. Esta é uma realidade aumentada que só pode ser acedida através de um smartphone ou tablet com a aplicação do jogo instalada. A mistura entre real e virtual acaba por ser um dos atrativos do jogo e é também o motivo pelo qual é tão diferente daquilo que existe atualmente. Para jogar os utilizadores são obrigados a sair para a rua, a explorar e a encontrar sítios que existem de facto. Tudo funciona à base de geolocalização, por isso convém estar equipado.

Próxima paragem: 40.2804158; -7.4922407

Este sábado a cidade da Covilhã recebe o segundo encontro em território nacional que conta com o apoio oficial da Google. E o evento é um pouco o espelho daquilo que está a acontecer no jogo: de um momento para o outro, assiste-se a um grande interesse. Para o encontro da cidade serrana são já 100 os inscritos, o dobro daqueles que em novembro passado estiveram em Lisboa.

E até ao interior do país vão pessoas de todo o lado: do Porto, de Coimbra e até da vizinha Cáceres, em Espanha.

A agente @SweetIris, que dá pelo nome de Iris Andreia na vida real, é um dos elementos que tem viagem marcada para a Covilhã esta semana. Apesar de nunca ter ligado a jogos e a videojogos, o Ingress chamou-lhe a atenção por fazê-la andar por novos sítios no dia a dia e por garantir a possibilidade de fazer algo cativante.

[caption]Ingress[/caption]

Acima de tudo considera-se uma jogadora social que acaba por estabelecer uma ponte de relação entre as duas fações de agentes secretos. Em Lisboa, por exemplo, há um certo domínio dos Iluminados, enquanto do outro lado do rio, na margem sul, o espaço é da Resistência, como explica em conversa com o TeK.

Os turistas baralham um pouco estas contas e é por isso que toda a faixa que liga o Marquês de Pombal à Praça do Comércio, em Lisboa, é um campo de batalha em constante mudança. Isto porque o Ingress é um fenómeno de escala mundial.

"Desde que jogo já fui a sítios que nunca tinha conhecido no Algarve, no Porto e até em Barcelona", salienta Íris Andreia que já tem outra "viagem" marcada: Florença, em Itália, é o destino.

A agente confessa que são precisos muitos tanques de gasolina para suportar esta atividade e que jogar Ingress "exige muito tempo". "Mas a partir do momento em que entras já não sais. E nunca estarás sozinho", relembra.

A mensagem também serve para cativar jogadores novos, justamente um dos grandes objetivos do evento na Covilhã. A @SweetIris vai até à serra não tanto para jogar, mas para conhecer novas pessoas, para tentar subir de nível e conquistar novas medalhas de jogo.

E tal como nos filmes de agentes secretos, também os elementos do sexo feminino podem ter um papel importante no desenrolar desta batalha. Isto porque são cada vez mais. A agente Íris Andreia nunca sentiu qualquer atitude negativa por parte de outros jogadores só por ser mulher e até considera que alguns são inclusive mais simpáticos. No fim destaca sobretudo a ideia de que "são todos jogadores", não havendo motivos para diferenças.

E como há muitos homens adultos dedicados ao Ingress, as mulheres acabam por se sentir cativadas pelo jogo de realidade aumentada e estão também a fazer-se sentir entra a comunidade do jogo: na página oficial no Google+, entre homens e mulheres, são já quase 500, fora os que trabalham por "conta própria".

Agente @KuRTeN16, estás aí?

Os que forem até à Covilhã no sábado, 7 de fevereiro, vão certamente encontrar-se com o agente @KuRTeN16, uma das mentes por trás deste evento - que contou até com o apoio da Câmara Municipal.

Mas os que trabalham com o André Batista - nome que consta nos registos oficiais portugueses - sabem que ele também se movimenta noutras áreas de planeamento. Como o próprio revela ao TeK, já passou noites inteiras em frente ao computador a dar indicações a agentes que estavam na rua em missão de conquista de portais.

[caption]Ingress[/caption]

O planeamento é tudo e @KuRTeN16 esteve envolvido naquele que certamente foi um dos momentos altos do jogo Ingress em Portugal: durante algumas horas a fação dos Iluminados conseguiu ter domínio sobre todo o território português - ilhas incluídas. E a operação que se desenrolou em apenas algumas horas foi bastante complexa. De acordo com as informações partilhadas com o TeK, foram meses e meses de preparação para o "grande momento".

Então mas este é um daqueles agentes de fato, que não suja as mãos? Nada disso. Como serrano que é, @KuRTeN16 já andou à conquista de território enquanto a neve lhe caía em cima. Sempre gostou de jogos de estratégia, "mas este é diferente", explica. "Obriga-te a sair à rua e tem um impacto muito grande".

Apesar de a Covilhã não ter segredos para ele, graças aos turistas que passam pela Serra da Estrela já descobriu novos locais que até então não constavam no seu mapa pessoal.

Agora que já sabe da guerra que está em curso, só precisa de saber mais uma coisa: eu sou o agente @ruiferreira. Encontramo-nos no campo de batalha?

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico