A partir de hoje, o universo esconde menos um segredo. É que aqui pertinho, em torno de uma estrela vizinha, flutuam sete planetas rochosos semelhantes à Terra.

A descoberta foi publicada esta quarta-feira na revista Nature e anunciada, em direto, através dos canais da NASA, por uma equipa de cientistas internacionais coordenada pelo belga Michaël Gillon da Universidade de Liége.

A importância desta descoberta reside, no entanto, nas características que compõem os planetas descobertos. Isto porque, tal como a Terra, (quase) todos eles têm superfícies firmes e rochosas, uma massa semelhante ao nosso planeta e existem a uma distância à sua estrela que torna possível a existência de água em estado líquido, que é, de resto, uma das condições necessárias para a existência de vida.

As certezas serão difíceis de obter. A estrela em torno da qual estes planetas se deslocam está a cerca de 40 anos luz de distância da Terra. Não é possível aferir se a água existe, se há vida microscópica nas suas crostas ou se as temperaturas são amenas o suficiente para permitir a sua existência. Mas há suposições, e vídeos renderizados.

Em comunicado, Michaël Gillon disse que este "é um sistema planetário extraordinário, não apenas por termos encontrado tantos planetas, mas porque todos são surpreendentemente parecidos com a Terra em termos de tamanho". Ao contrário que se podia pensar inicialmente, a estrela "mãe" deste sistema "é tão pequena e fria" que os planetas serão, muito provavelmente, temperados, podem ter alguma água líquida e, por extensão, vida na sua superfície.

Esta não é a primeira vez que são descobertos planetas com estas caraterísticas, mas o feito é assinalável. Afinal, só em 1995 é que foi detetado o primeiro exoplaneta. É a primeira vez, todavia, "que tantos planetas de tipo terrestre estão na zona habitável", destaca a equipa. A lista de todos os planetas identificados para além do nosso sistema solar, no entanto, já chega às 3.500 entradas.

Estas começaram a ser perseguidas há mais de um ano. Num telescópio robótico, instalado no Chile, começaram por se fazer observações com base no método dos trânsitos, que mede minúsculas reduções no brilho de uma estrela sempre que alguma coisa passa à sua frente, provocando um pequeno eclipse. Se este fenómeno se registar com frequência, é provável que haja um planeta em órbita desta estrela.

Em torno da que ilumina estes sete planetas, a Trappist-1, Gillon começou por descobrir três e fez com que outros telescópios se virassem na mesma direção. Depois de se unirem esforços entre vários países nesta missão, foram identificados mais quatro.

As observações e os registos permitiram descobrir que cinco dos planetas têm um tamanho semelhante ao da Terra. Os restantes, têm uma dimensão intermédia entre Marte e a Terra.

Citada pelo Público, Catarina Fernandes, astrofísica da Universidade de Liége e membro desta equipa, disse que "pelo estudo da densidade dos planetas, pensa-se que seis são rochosos, o que poderá vir a ser confirmado nos próximos meses com continuação dos estudos". O sétimo, ainda deixa margem para dúvidas.

A descoberta deixa também espaço para uma reflexão que Ignas Sellen, da Universidade de Leiden, deixa patente no artigo. Dado o volume da descoberta, os planetas terrestres podem, afinal, ser banais. "Nos últimos anos, acumularam-se provas de que os planetas do tamanho da Terra são abundantes na Galáxia, mas as descobertas de Gillon e dos seus colegas indicam que estes planetas são ainda mais comuns do que se pensava", frisa.

Os planetas, nomeados de acordo com a sua estrela (Trappist-1b, c, d, e, f, g, h), completam uma volta à Trappist-1 entre 1,5 e 12 dias. A estrela tem uma temperatura à superfície de 2.200 graus, contra os 5.500 do Sol e faz chegar-lhes uma radiação semelhante à que a Terra recebe.

Se quiser pode ver tudo em 360º. Não são imagens reais mas podem dar uma ideia do ambiente nestes planetas.

Nota da Redação: Foram adicionados vídeos

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