Apesar da encriptação de mensagens, que tanto o WhatsApp como o Telegram garantem, ambas as aplicações foram afetadas por uma falha de segurança grave. O problema foi detetado pela Symantec, criadora do antivírus Norton. De acordo com a empresa, a falha permitia a alteração de imagens e ficheiros de áudio partilhados através de ambas as plataformas.
Na prática, isto pode ter feito com que um dos ficheiros que enviou nos últimos dias não seja exatamente o mesmo ficheiro que o destinatário visualizou. Num cenário hipotético, o malware permitiria que um hacker alterasse os números de um NIB que foi fotografado e enviado a um contacto para este fazer uma transferência, fazendo com que o dinheiro seguisse para a conta errada.
A encriptação é uma funcionalidade essencial para quem faz questão de manter as suas conversas privadas e longe das lentes das grandes tecnológicas. No entanto, a encriptação não garante que as apps sejam imunes a ataques informáticos. Em maio passado, por exemplo, foi descoberta uma vulnerabilidade no WhatsApp que potenciava a instalação de spyware através de uma simples chamada telefónica. O Telegram descobriu, em 2017, que as contas dos seus utilizadores podiam ser roubadas por hackers, também graças a uma falha de segurança.
A Symantec esclareceu que esta falha deriva do facto de alguns ficheiros partilhados na app serem alojados em cartões de memória, o que, em consequência, facilita a interação de outras aplicações com os mesmos. Num teste conduzido pela empresa, com recurso a um tipo de malware que permite a edição instantânea de ficheiros multimédia, foi possível aceder à memória de um outro telefone e substituir os rostos das pessoas que surgiam numa fotografia enviada pelo WhatsApp, pela cara do ator Nicolas Cage.
Por agora, para se proteger, terá de alterar as definições de armazenamento das aplicações. No caso do Telegram, terá de desligar a opção "Guardar na galeria"; no WhatsApp, terá de desligar a opção que possibilita a exibição de ficheiros recebidos na galeria.
Em comunicado, o WhatsApp disse já ter analisado o problema e sublinhou o facto de as suas práticas de segurança estarem em linha com o recomendado pelos sistemas operativos. Um futura correção irá ter implicações na forma como os utilizadores partilham e armazenam ficheiros nos seus smartphones.
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