Chama-se Behrouz Boochani e é um jornalista iraniano curdo que escreveu o livro “No Friend But the Mountains: Writing from Manus Prison", obra que lhe valeu o principal prémio australiano, no valor de 63.000 euros (100 mil dólares australianos) e outro no valor de 25 mil dólares australianos.

O que torna a obra especial é que foi totalmente escrita através do WhatsApp, em mensagens escritas em farsi, desde que foi preso em 2013. Os capítulos do livro foram enviados através de mensagens a um tradutor através da rede social.

O jornalista encontra-se detido numa ilha remota de Manus, da Papua Nova Guine, no Pacífico, à espera de autorização para entrar na Austrália, país ao qual pediu asilo, como refere a BBC. O centro de detenção onde passou anos foi, entretanto, fechado em 2017, mas encontra-se em outras instalações. A publicação refere que a Austrália tem políticas rígidas sobre os pedidos de asilo de refugiados que chegam através de barco, para evitar que emigrantes ilegais entrem no país pelo mar.

tek livro
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Em entrevista à BBC, o jornalista afirma que está com sentimentos paradoxais, destacando estar feliz porque chamou a atenção pela sua situação, mas por outro lado, não tem o direito de celebrar devido aos seus amigos que estão a sofrer na prisão. O seu desejo é sair da ilha e começar uma nova vida. Sobre o uso da ferramenta social, refere que “o WhatsApp é como o meu escritório. Não escrevi em papel porque durante o período que estive preso os guardas podiam invadir o quarto e confiscar a propriedade. Estava preocupado em perder o meu trabalho, por isso foi melhor escrever e enviar por mensagens”.

O jornalista escreve regularmente para o jornal Guardian, do Reino Unido, e é uma voz ativa no Twitter sobre a vida em Manus. Ainda recorrendo ao seu telemóvel, codirigiu o documentário Chauka, Please Tell Us The Time, enquanto permanece retido. Atualmente tem estatuto de refugiado em Papua Nova Guiné, mas o seu desejo é sair da ilha.