Um dia antes de a Apple apresentar as suas mais recentes novidades, entre elas o iPhone 11, a empresa da maçã está envolvida numa nova polémica. Desta vez, a instituição sem fins lucrativos que investiga as condições de trabalho nas fábricas chinesas, China Labor Watch, acusa a gigante tecnológica de "abusar" no número de colaboradores temporários que colocou na fábrica da sua principal unidade, a Foxconn, em Zhengzhou. Em causa estão também outras violações nas leis do trabalho.
Para chegar a esta conclusão, vários investigadores trabalharam na fábrica, tendo um deles colaborado com a empresa durante quatro anos. De acordo com o relatório, as condições de trabalho permaneceram semelhantes ao longo do período em que os investigadores foram colaboradores na fábrica, sendo o salário base "insuficiente para sustentar a subsistência de uma família que vive na cidade de Zhengzhou", observa a instituição. E apesar de as contribuições sociais terem aumentado entre 2015 e 2018, os valores "ainda estão aquém dos requisitos legais”. Para além disso, os dois dias de formações de segurança passaram para um em 2017.
Antes de 2016, a Foxconn raramente recrutava trabalhadores temporários. No entanto, de acordo com a instituição, a percentagem deste tipo de colaboradores na fábrica em agosto representava 50% ou mais da força de trabalho, quando o estipulado pela lei chinesa como máximo é de 10%. E porquê? “O recrutamento de funcionários temporários ajuda a colmatar a escassez de mão-de-obra da Foxconn durante a época alta de produção dos produtos da Apple”, explica a instituição. Outra aposta neste período passou pelo recrutamento de trabalhadores estudantes.
Apesar de os salários destes trabalhadores serem mais elevados que os dos trabalhadores a contrato, tratam-se de colaboradores a curto prazo, sendo os únicos a serem pagos de forma mais elevada. “Portanto, o custo de empregar trabalhadores com contratos temporários é menor do que o recrutamento dos outros colaboradores”.
Desta forma, a instituição conclui que a empresa da maçã tem “a responsabilidade e a capacidade de fazer melhorias fundamentais nas condições de trabalho ao longo de sua cadeia de suprimentos”, em vez de estar a lucrar “com a exploração dos trabalhadores chineses”.
Na publicação onde a instituição aborda o problema, o diretor-executivo da China Labor Watch afirma que a Apple e a Foxconn estão cientes dessas restrições, mas “não implementam esses regulamentos”. E Li Qiang também critica o governo chinês, que diz não aplicar “de forma adequada” as leis, principalmente as referentes aos direitos dos trabalhadores.
Entretanto, a Bloomberg já veio dizer que a Apple negou a maior parte das acusações, mas confirmou que cerca de 50% dos trabalhadores na fábrica chinesa tinham efetivamente contrato temporário, pelo que a lei não foi cumprida. A empresa da maçã diz agora estar a falar com a Foxconn para resolver a questão.
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