Quando em maio a Nokia anunciou o seu novo sistema operativo - a plataforma Asha -, a tecnológica disse que o objetivo era tanto chegar ao consumidor final como à comunidade de programadores.
Através de um novo ecossistema a empresa finlandesa queria atingir novos mercados e atrair milhares de utilizadores que querem transitar para a era dos smartphones. O ponto de partida foi o Nokia Asha 501.

O equipamento bebe muito da parceria que foi firmada entre a Nokia e a Microsoft na linha de dispositivos Lumia. A construção é sóbria e sólida, e se dúvidas há de que são irmãos que nasceram em berços de materiais diferentes então a parte traseira do Asha 501 esclarece tudo. A tampa é removível, o que garante acesso a uma entrada para um cartão microSD - um ponto positivo já que de armazenamento interno o telefone apenas oferece 128MB.

O ecrã de três polegadas é de muito baixa resolução - 320x240 píxeis - o que é notório, demasiado até. A resolução tornar-se desconfortável e ao fim de várias horas de utilização, entre outros equipamentos, dá a sensação de que são os próprios olhos que estão a perder a capacidade de foco.

Apesar de estar pensado para ser um telemóvel colorido com um software colorido, a verdade é que nem as cores têm "vida" neste telemóvel da fabricante nórdica. As fotografias captadas com o sensor de dois megapíxeis também são muito básicas e a fraca qualidade do ecrã não ajuda.

Há apenas um único botão físico na parte frontal, que tem como missão exclusiva permitir o retrocesso dos utilizadores nos ecrãs das aplicações. O sistema operativo Asha foi pensado para ser trabalhado sobretudo à base de gestos e o botão de recuo apenas marca presença como tecla de apoio.

As aplicações são lentas a abrir, mas há um portfólio de software relevante - ainda que não seja de maturidade elevada - a ter em conta e que pode fazer os utilizadores optarem pelo Asha 501 em detrimento de telemóveis não inteligentes. FIFA 2013, Plants VS Zombies, The Sims, Twitter ou Facebook são aplicações que apesar de simples, cumprem bem os seus propósitos.

No geral o Asha 501 é compacto, mas demasiado pequeno para o que os utilizadores podem encontrar lá fora noutras plataformas, incluindo o próprio Windows Phone. A característica mais interessante relativamente à concorrência está na capacidade para suportar dois cartões. Mas agora até a Wiko e a bq são opções a ter em conta neste segmento.

O ponto positivo está mesmo na bateria. Se os smartphones atuais duram em média um a dois dias no máximo de utilização, este Nokia fez lembrar os bons tempos em que o telemóvel só ia à carga de semana a semana. Dependendo do uso que se dava ao Wi-Fi ou da quantidade de chamadas realizadas, a bateria podia durar menos, mas no geral a bateria durou entre quatro a cinco dias para cima.

Além do telemóvel, é preciso falar no sistema operativo. Com o Asha OS a Nokia criou uma versão barata - ou uma versão de entrada se assim preferirem chamar - do Windows Phone. O software está dividido em dois pilares, tal como o sistema da Microsoft.

Existe um ecrã principal onde estão todas as aplicações e existe um ecrã secundário onde o utilizador pode aceder aos software recentemente utilizados ou que têm informações de relevância, como o calendário.

O interface é interessante e o facto de ser baseado em gestos torna o telemóvel moderno. Há um centro de notificações e de comandos rápidos, que desliza da parte superior do ecrã, um pouco como acontece no Android.

Onde o Asha 501 parece completamente errado é no preço. A Nokia está a vender este telemóvel por 75 euros, um preço elevado para o desempenho, para as especificações e para o ecossistema que apresenta. O ideal seria ver este mesmo Asha 501 ser comercializado por 30 ou 40 euros.

Não querendo fazer o telemóvel cair no ridículo, mas pelo mesmo valor é preferível comprar um telemóvel Android ou Windows Phone mesmo que já desatualizados. Por 80 euros é até possível comprar vários tablets, portanto pense bem antes de investir este dinheiro no Asha 501.

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico