O Samsung Galaxy Gear foi uma das estrelas da feira tecnológica internacional de Berlim, a IFA. Disponível em dezenas de mercados, incluindo Portugal, o novo equipamento da empresa asiática pode ser comprado por 299 euros - um valor muito superior ao de alguns smartphones "jeitosos" que se encontram no mercado.

O TeK já teve a oportunidade de ter um primeiro contacto com o relógio inteligente da tecnológica sul-coreana, podendo o leitor revisitar as primeiras impressões sobre o equipamento.

Independentemente dos pontos positivos que o dispositivo tem a seu favor, levantam-se algumas questões que colocam em cheque fatores importantes na definição de um equipamento como relógio. Quando bem pensados, esses fatores podem até tornar-se inconvenientes tendo em conta o conceito tradicional de relógio de pulso.

Durabilidade da bateria

A Samsung diz que o Galaxy Gear tem uma autonomia de um dia, cerca de 24 horas. No melhor dos casos e com uma utilização cuidada, pode chegar até dois dias completos - o cenário menos provável. Tirando os mais entusiastas, será difícil ver alguém trocar o relógio tradicional que dura meses e meses sem precisar de substituir a pilha ou bateria, por um relógio que é preciso carregar diariamente.

E tal como acontece com smartphones e tablets, muitas vezes os utilizadores acabam por se esquecer de controlar os níveis da bateria dos equipamentos.

Que horas são?

Apesar do ecrã ser um Super AMOLED, em ambientes de forte luminosidade ver as horas pode tornar-se uma tarefa complicada. Além de que, o relógio entra em estado de hibernação para poupar bateria e as horas deixam de ser mostradas. Um relógio que limita a visualização das horas?

Baixos níveis de personalização

É certo que o Galaxy Gear está disponível em cinco cores diferentes, mas as braceletes do equipamento não são removíveis. O utilizador fica assim confinado ao que comprar, quando nos relógios tradicionais pode trocar elos, braceletes e outros materiais.

[caption]Gear 2[/caption]

Outra contrapartida está no facto de a bracelete conter o sensor fotográfico, ou seja, mesmo que haja uma forma de alterar a bracelete, o mais provável é ficar sem a câmara fotográfica e de vídeo.

Unissexo, unidade, unitamanho

O relógio inteligente da tecnológica sul-coreana tem um ecrã de 1,63 polegadas, o que resulta num equipamento de tamanho considerável. E este tamanho é sempre o mesmo, impendentemente do tamanho do pulso da pessoa, da mão e do braço. E independentemente do sexo e da idade - o Gear é igual para todos.

Não seria de estranhar que no espaço de um ano a Samsung venha a lançar mais do que um modelo do relógio.

Usabilidade das aplicações

A Samsung conseguiu a proeza de convencer várias equipas de desenvolvimento a criarem aplicações específicas para o relógio. Muitos dos nomes apresentados - são mais de 70 as apps nativas - são de peso e têm vasta influência no segmento dos smartphones e dos tablets.

Contudo nem todas as aplicações vão ser úteis num relógio, sobretudo as que recaem sobre conteúdos como texto e imagens.

Um relógio-lapa

O Galaxy Gear perde boa parte das suas funcionalidades se não estiver ligado a um smartphone. O pior é que o número de equipamentos suportados é baixo, muito baixo. Atualmente apenas o Galaxy Note 3 emparelha com o relógio, estando previsto que o Galaxy S 4 e outros equipamentos da linha Galaxy venham a suportar o equipamento. E mesmo neste cenário, a compatibilidade é limitada.

[caption]Gear 3[/caption]

Notificações q.b

Apenas são apresentados dois tipos de notificações com informações completas: o das SMS e o das chamadas. Nas restantes aplicações o utilizador recebe de facto uma notificação, mas é convidado a consultar o telemóvel para saber mais sobre o que se trata. As notificações limitadas também retiram muito do "bom motivo" para se ter um smartwatch.

€€€

Como não podia deixar de ser, no fim tudo se resume ao preço do equipamento. Por muito premium que possa parecer este Galaxy Gear, desembolsar quase 300 euros por um relógio pode ser um entrave para muitos potenciais consumidores, inclusive os mais jovens.

Tendo em conta as restantes inconveniências do relógio, o preço parece demasiado puxado, mesmo para as especificações técnicas que apresenta.

O TeK convida agora os leitores a deixarem outras considerações sobre o relógio inteligente da Samsung, sejam elas positivas ou negativas.

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico