Cada vez somos mais dependentes do smartphone. Sejam documentos pessoais, bilhetes de avião, agenda, emails, comunicação com familiares e colegas de trabalho, tudo gira em torno do pequeno equipamento. O smartphone tornou-se o verdadeiro computador de bolso, aquele que verdadeiramente vai para todo o lado com o utilizador, sendo ainda peça central no entretenimento durante o tempo livre.
Por isso, a gestão da sua autonomia é uma dor de cabeça que as fabricantes querem cada vez mais retirar dos utilizadores. Aquela ansiedade de ver a percentagem a diminuir com a utilização e fazer contas de quanto tempo tem de autonomia ou onde se pode dar um “encosto” para durar mais tempo. Se há poucos anos o remédio para essa ansiedade eram os power banks (lembra-se de como eram úteis na procura de criaturas em Pokémon GO?), hoje em dia ninguém deseja carregar mais um “tijolo” no bolso.
A tecnologia das baterias tem evoluído bastante, tornando-se mais finas e pequenas, mas ao mesmo tempo com maior capacidade. No entanto, as fabricantes têm vindo a transferir os problemas da autonomia não pela capacidade de carga das baterias, mas sim para o tempo que se demora efetivamente a recarregá-las. Se estiver cinco minutos à carga, quanto tempo poderá durar? Se calhar, algumas horas, dependendo da velocidade de carregamento. Por isso, não é difícil de ligar a ficha a uma tomada num restaurante ou outro espaço público e recuperar um pouco de energia. Um boost que certamente vai garantir continuar a utilizar o equipamento por algum tempo.
Veja na galeria imagens de carregadores de smartphones das principais marcas
A velocidade de carregamento e as novas tecnologias associadas têm vindo a ser bandeiras na lista de funcionalidades dos novos equipamentos revelados. Os anúncios de quanto tempo se demora a carregar uma certa percentagem da bateria são comuns durante as apresentações. Mas tem de estar atento a alguns fatores. O primeiro é a velocidade de carregamento resultando na potência em watts que o smartphone é capaz de absorver. Depois, a capacidade da própria bateria, pois certamente que 5.000 mAh vai demorar mais tempo a carregar que uma de 4.000 mAh. Mas lá está, a capacidade já nem é verdadeiramente um assunto.
Este é mesmo um jogo de cintura que as fabricantes têm feito. Muitas vezes os topos de gama são lançados com capacidade de bateria inferior, para serem mais finos e leves. Sendo depois compensados com sistemas mais rápidos de carregamento.
O que nos vendem as marcas?
Algumas fabricantes têm vindo a fazer um grande investimento na investigação das tecnologias de carregamento rápido e de baterias. Por exemplo, em junho, o Vivo iQOO 7 era considerado o smartphone mais rápido a carregar, suportado por um sistema de 120 W, capaz de carregar a sua bateria de 4.000 mAh dos 0 a 100% em cerca de 18 minutos.
Mas atualmente as principais marcas têm três pilares tecnológicos em torno do carregamento: a velocidade de carga com fio, sem fios, assim como a capacidade de carregamento reverso, ou seja, o próprio smartphone recarregar outros equipamentos, normalmente em situações de “emergência”.
Mas a segurança de carregamento também é uma preocupação das fabricantes, como a deteção de voltagem, corrente, temperatura, assim como a presença de objetos de metal. Esta última é uma das funcionalidades que a Vivo lista na sua página dedicada ao tema do carregamento. A fabricante diz que quando objetos de metal, tal como chaves ou moedas são detetados, uma luz de aviso vermelha acende no seu equipamento e a energia é desligada. O seu sistema deteta ainda estática.
Se a marca tem a capacidade de carregamento de 120 W por cabo, a tecnologia FlashCharger do Vivo X80 Pro garante carregamento wireless a 50 W, ou seja, 23 minutos para carregar 50% da bateria. E no que diz respeito ao carregamento inverso, o carregador suporta o sistema Qi, garantindo um máximo de 15 W de velocidade de energia a outros equipamentos.
A propósito do recém-lançado Oppo Reno8, a fabricante chinesa salientou a importância na investigação de novas tecnologias para a bateria. Seja por uma questão de capacidade, tornando-as mais pequenas, finas, mas também com mais autonomia, que garante smartphones com um design mais delicado; a empresa pretende que as baterias não sejam o principal motivo para a “morte prematura” de um smartphone. Por isso é uma das fabricantes a garantir o dobro de vida útil das baterias, para uma média de 1.600 ciclos, ou seja, quatro anos de utilização.
A tecnologia Super Vooc Flash 4.0 da Oppo é a mais recente geração do seu sistema de carregamento, prometendo um carregamento completo de bateria em 73 minutos. A empresa conseguiu otimizar a sua tecnologia para ser 12% mais rápida que a geração anterior. O seu sistema de recarregamento via wireless tem 30 W para carregamentos de 80 minutos.
Segundo o DXoMark, benchmark conceituado de testes de câmaras de smartphones, também tem um ranking relativo às baterias, tendo já colocado o mais recente Reno8 5G em terceiro lugar. Curiosamente, a anterior geração, o Reno6 5G, mantém o primeiro lugar.
Também a Xiaomi tem vindo a trabalhar para resolver os principais desafios de recarregamento. O seu sistema HyperCharge garante velocidades de recarregamento de 120 W nos seus modelos 11T Pro por cabo, quase o dobro dos 67 W do anterior Mi 11 Ultra. A tecnologia da Xiaomi funciona por um sistema de bateria dupla, cada uma com 2.500 mAh de capacidade, que vão sendo alimentadas de forma independente, acelerando o processo.
A empresa aposta ainda num sistema de refrigeração utilizando uma solução de grafeno e sistema líquido para acelerar a condução de energia e aumentar a sua eficiência de recarregamento. E apesar da velocidade, a Xiaomi afirma que a segurança vem em primeiro lugar e apresenta diversos mecanismos de segurança para impedir sobreaquecimento ou sobrecarregamento do sistema, valendo-lhe alguns certificados da TÜV Rheinland. No entanto, apenas garante até 80% da sua capacidade original ao fim de 800 ciclos, ou seja, metade da oferta da Oppo.
Apesar de não vender diretamente produtos ao público, a Qualcomm, que é mais conhecida pelos seus processadores Snapdragon, também tem tecnologia de carregamento rápido. O Quick Charge 5 utiliza velocidades superiores a 100 W, prometendo carregamento de 50% de bateria em cinco minutos, através do seu sistema de Dual Charge, no fundo semelhante à Xiaomi. Alega também que carrega os smartphones com menos 10º de temperatura e 70% mais eficiente para a bateria que anteriores versões.
Qual é a velocidade máxima de carregamento rápido?
Até agora temos visto as fabricantes anunciarem sistemas de carregamento até 120 W, capazes de alimentar rapidamente os smartphones. Mas sabia que esta capacidade é apenas metade daquela que um carregador consegue fazer? Segundo dados da USB Implementers Forum, o USB evoluiu de uma interface de transferência de dados, com alguma circulação de energia, para a principal fonte de carregamento de energia com uma interface de dados.
Segundo as especificações do USB 3.1, revelado em 2021, suporta até 240 W de energia através do cabo USB-C. Antes desta atualização, o sistema suportava o máximo de 100 W. No entanto, as fabricantes teriam de atualizar os seus cabos para suportar os 240 W, que vão passar a ser úteis para alimentar equipamentos como portáteis de gaming, workstations ou mesmo monitores.
Um dos rumores para o lançamento do novo iphone 14 é que o seu sistema de carregamento poderia receber uma atualização e ser mais rápido. E mais rápido significava um aumento para 30 W, que é considerado o máximo que a ligação Thunderbolt (USB-C da Apple) permite. Mas olhando para as especificações dos novos smartphones da Apple, estes carregam 50% da bateria em 30 minutos, “com o adaptador de 20 W ou superior”, refere a empresa.
No entanto, como a Apple deixou de fornecer o carregador na caixa (levando o Brasil a decidir suspender as vendas do iPhone), não se sabe ao certo a capacidade máxima de carregamento dos equipamentos. Outra referência diz respeito ao carregamento sem fios, neste caso o sistema Qi é de apenas 7,5 W, quando comparado com os sistemas de 50 W de Android, ou até 15 W através do sistema proprietário MagSafe.
Os rumores apontam para que a Apple abrace verdadeiramente o carregador universal USB-C no próximo ano com o iPhone 15, A Apple tem sido pressionada para aderir ao sistema de carregamento universal, cujo padrão escolhido foi o USB-C, que na União Europeia entra em vigor em 2024 e que os reguladores dos Estados Unidos querem adotar.
Na questão das preocupações dos utilizadores sobre os carregamentos rápidos, a tecnologia tem evoluído muito rapidamente nos últimos anos. Antes era considerado perigoso para o smartphone “abusar” dos carregamentos rápidos, salientando-se o medo de sobreaquecimento das baterias e respetiva redução da esperança de vida das mesmas. As fabricantes de smartphones circundavam esse receio através de software, cortando a energia que entrava no smartphone através de planos horários de carregamento. Por exemplo, o utilizador poderia configurar o tempo de repouso, quando colocava o equipamento de noite a carregar, evitando assim o excesso de energia no sistema quando este chegava aos 100%, mantendo-se ligado à corrente.
Mas atualmente os smartphones têm mecanismos de segurança tanto em hardware como software que protegem a integridade da bateria no interior dos equipamentos. A capacidade de dissipação do calor e a entrada de energia que é absorvida no carregamento evitam danos gerais. A Samsung, por exemplo, tem um sistema adaptativo que apenas utiliza carregamento rápido até uma certa percentagem de bateria, diminuindo depois o fluxo na alimentação.
Em termos de conclusão, para usufruir de carregamento rápido, deve ter em consideração tanto o cabo como o respetivo adaptador. De salientar que nem todas as fabricantes estão a incluir os carregadores mais rápidos com os smartphones. Ou seja, muitos destes carregadores são considerados acessórios vendidos à parte. E mesmo que o smartphone inclua o carregador, não significa que este é a versão mais potente disponível no seu catálogo.
Assim, deve ainda ter em atenção ao equipamento quando pretende escolher um novo carregador. Deve verificar as especificações no manual ou na etiqueta de homologação do smartphone, e procurar a sua potência máxima em watts (W). Os smartphones têm entre 18 a 80 W de capacidade e claro, os mais recentes podem chegar aos 120 W, como referido. Deve assim comprar um carregador que seja compatível tanto com os requisitos de energia como o tipo de carregamento do smartphone. Por exemplo, a Oppo tem o seu sistema proprietário como o Warp Charge, mas a maioria utiliza o USB Power Delivery que é o protocolo standard.
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