"Podes descer", "estou a caminho" ou "aparece cá fora" são mensagens que qualquer condutor já enviou a um grupo de amigos quando é o seu dia de dar boleia. Um conjunto de mensagens tão popular como "já cheguei", "cheguei bem" ou "mãe não é preciso preocupares-te mais" para os que têm como tradição viajar e enviar a mensagem a dizer que tudo correu pelo melhor.

Foi a pensar principalmente nestes dois tipos de utilizadores - os que dão boleia e os que viajam constantemente - que a ShakeSend foi criada. Mas a aplicação também se adapta a todos as restantes situações onde o envio automático de mensagens para várias pessoas é uma prática comum.

A ShakeSend tem a vantagem de permitir o envio de mensagens sem ser preciso olhar para o telemóvel. E isto pode ser feito através de um abanão no dispositivo ou através de um toque mesmo que o dispositivo esteja no bolso.

Por este motivo também acaba por funcionar como uma app sensibilizadora para os perigos da utilização do telemóvel durante a condução.

E este é um problema que efetivamente existe nas estradas portuguesas e de todo o mundo. A título de exemplo, numa das últimas operações feitas pela PSP, com o nome de Segurança Ativa e que decorreu em meados de março, no espaço de 24 horas foram cometidas 27 infrações por uso de telemóvel durante a condução. Em 2013 a GNR multou mais de 24 mil pessoas pelo mesmo motivo.

Consciente desta realidade, Georges Ribeiro da Eleven Systems, empresa nortenha responsável pela ShakeSend, considera que existe uma oportunidade para esta aplicação. Outra vantagem está na possibilidade de ser definida uma ordem pela qual as mensagens são enviadas, ou definir mais do que um utilizador para receber a mensagem ao mesmo tempo.

A aposta está a ser feita sobretudo em inglês para tentar também chegar a mercados internacionais. A internacionalização também tem outra razão de ser: as mensagens são enviadas através do Facebook e não através das operadoras de telecomunicações. "Em países como os EUA e a França, a subscrição de um tarifário com plano de dados é muito comum e os utilizadores estão sempre online", explicou Georges Ribeiro.

E isto porque as API de desenvolvimento do Android e iOS também não permitem que seja enviada uma mensagem por um sistema automático, sem que haja uma confirmação. E esta restrição acaba por retirar grande parte do sentido que a Eleven Systems queria dar ao software, já que obrigaria, por exemplo, os condutores a tirarem os olhos da estrada.

A Apple dificultou ainda mais a produção da aplicação. Devido às suas regras de "qualidade" a ShakeSend foi barrada por duas vezes antes de conseguir chegar à AppStore. A negação aconteceu porque a aplicação usava recursos do iPhone para funcionar em background que a Apple considerou como "não justificados".

Perante tantos entraves, porque não foi lançada em primeira mão no Android? "É política da casa lançar sempre primeiro no iOS", explica Georges Ribeiro, ainda que a versão para o sistema operativo da Google esteja prometida, mas não sendo para já uma prioridade neste projeto.

A prioridade passa por estudar serviços alternativos através dos quais as mensagens possam ser enviadas, por exemplo através do Twitter. Quanto à exploração do WhatsApp, um dos mais populares do momento, Georges Ribeiro disse preferir esperar para ver o que vai sair da integração com o Facebook.

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico