No dia 14 de setembro, a consola doméstica gameCube da Nintendo comemorou oficialmente os seus 20 anos. Trata-se de uma plataforma há muito descontinuada e percursora da Switch, Wii U e Wii no segmento doméstico. A consola era mais poderosa que a sua rival PlayStation 2 na altura, mas as grandes vendas da máquina da Sony, catalisadas pelo sucesso da PSOne, acabou por ofuscar o pequeno cubo da Nintendo.
E 2001 foi um ano atípico para a indústria dos videojogos. Não só pelo lançamento de grandes clássicos como GTA III ou Metal Gear Solid 2, mas também ditou o tempo que a Microsoft substituiu a SEGA na construção de consolas. Ou seja, estreou-se a Xbox, ao passo que a Dreamcast falecia. Já a Nintendo vivia um bom momento, com o lançamento do Game Boy Advance em março e depois a Game Cube em setembro.
Veja na galeria os principais jogos da GameCube
A Nintendo perdeu o apoio de várias editoras importantes, como a Electronic Arts, no lançamento de jogos para a sua GameCube, que preferiam a PlayStation 2 como lançamento exclusivo, pois era a máquina sensação da altura. Isso fez com que o catálogo da GameCube fosse bastante limitado face à concorrência, grande parte produzidos pela própria gigante nipónica. Super Smash Bros: Melee, o primeiro Animal Crossing (cujo o mais recente capítulo é um dos títulos com maior sucesso na Switch), Metroid Prime, Luigi’s Mansion, houve muitos títulos memoráveis que sobreviveram ao longo destas duas décadas através de sequelas.
A GameCube foi considerada uma consola com um design único, em forma de cubo pelo qual foi batizada. O resultado foi fruto de uma parceria da Nintendo com uma empresa de design chamada ArtX, com o objetivo de obter uma forma divertida e inovadora. Até então, todas as consolas eram retângulos “espalmados”, permitindo à plataforma da Nintendo distinguir-se no mercado, numa direção semelhante à Apple com os seus computadores Mac a oferecem diferentes cores.
A consola oferecia dois slots para cartões de memória e foi pioneira no conceito de diferentes capacidades para os mesmos, desde dos 2 MB aos 8 MB, oferecendo mais espaço para gravar o progresso nos jogos, sem obrigar a apagar de imediato.
Talvez uma das maiores inovações da GameCube foi a compatibilidade com o Game Boy Advance. Ambas as consolas foram lançadas no mesmo ano, e por isso tiveram em produção em simultâneo, o que permitiu aos engenheiros criarem ligações entre ambas. Assim, era possível ligar o Game Boy Advance à GameCube através do Link Cable. A consola portátil passava a funcionar como um comando adicional para os jogos da GameCube, mas também como um segundo ecrã.
Procurando corrigir o maior erro de sempre na sua centenária existência, a Nintendo estreou finalmente o uso de discos óticos na consola. De recordar que vários anos antes a Nintendo e a Sony eram para lançar conjuntamente uma SNES com suporte a disco ótico. Quando a Nintendo cancelou o projeto, o trabalho estava em estado avançado, fazendo com que a Sony arriscasse lançar a PlayStation, e o resto é história. O sistema da GameCube tinha um formato proprietário e não era compatível com os DVDs e CDs, ou seja, não lia CDs de música que a PS2 e a Xbox conseguiam. A Nintendo queria que a consola fosse uma pura máquina de jogos.
Um dos aspetos interessantes da GameCube é que, apesar dos comandos baseados em sensores de movimento terem sido lançados na Wii, o que a ajudou a tornar-se numa das consolas mais vendidas de sempre; foi no cubo que o desenvolvimento começou. Produtoras como a Factor 5 ainda testaram protótipos na consola, mas a Nintendo decidiu guardar esse grande trunfo para a geração seguinte.
Outra curiosidade sobre a GameCube é que até então, a Nintendo nunca tinha lançado uma consola sem um jogo de Mario na oferta inicial. A gigante nipónica optou por usar o seu irmão Luigi como protagonista de Luigi’s Mansion, tornando-se um clássico instantâneo que ainda recentemente foi atualizado com um novo capítulo na Switch.
Veja na galeria algumas imagens da GameCube:
Por fim, no seu grande contributo para a indústria das consolas de videojogos, a GameCube foi a primeira a introduzir comandos sem fios no mercado, com o seu inovador WaveBird Wireless Controller. O comando era ligado através de frequência de rádio, tendo abolido os habituais fios, algo que obrigou a Sony e a Microsoft a avançarem com as suas opções. A Nintendo relançou o comando para os jogadores mais saudosistas.
20 anos depois do lançamento da GameCube, uma plataforma que não atraiu as grandes editoras da altura, mas a Nintendo continua a introduzir novidades refrescantes na indústria de gaming. A Switch já está no mercado há quatro anos, mas está com uma pedalada para rapidamente se juntar ao pódio das consolas que mais venderam de sempre. E tal como a Wii, as suas características híbridas têm incentivado a concorrência a copiar o seu conceito, não necessariamente a Sony e a Microsoft, mas novos players da indústria dos computadores como a Valve e o seu Steam Deck e outras marcas ligadas aos smartphones.
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