A nave espacial Lucy vai ligar os seus motores principais pela primeira vez esta quarta-feira, 31 de janeiro, mais de dois anos depois de ter deixado a Terra.

A manobra fará queimar cerca de metade do combustível a bordo e, juntamente, com outro procedimento maior marcado para o próximo dia 3 de fevereiro, vai levar a nave da NASA a acelerar em mais de 3.217 quilómetros por hora.

A velocidade máxima da missão já tinha sido alterada em cerca de 16 km/h, mas a mudança foi suficientemente pequena para ser alcançada pelos propulsores secundários e menos potentes da nave espacial.

Batizada em homenagem ao mais antigo fóssil humano descoberto até à data - por sua vez inspirado na canção dos Beatles “Lucy in the Sky with Diamonds” -, Lucy tem como tarefa estudar os misteriosos "asteroides troianos".

Vistos pela comunidade científica como "restos" da formação do Sistema Solar, há 4,5 mil milhões de anos, os dois grupos de rochas, todas com nome escolhido em referência a personagens da mitologia grega, acompanham o planeta Júpiter numa espécie de escolta, à frente e atrás, na órbita do Sol.

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Lançada em outubro de 2021, Lucy ainda tem um longo percurso pela frente antes de visitar a estas autênticas “cápsulas do tempo”, como são consideradas. À medida que avança na sua viagem de 12 anos, já aproveitou para captar algumas fotos da Terra, numa operação necessária para ganhar impulso gravitacional suficiente para continuar o percurso.

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A NASA explicou que a primeira das fotografias, “recortada” pela agência devido à sua dimensão, foi a uma distância de 620.000 quilómetros da Terra, através do instrumento Terminal Tracking Camera (T2CAM) que, no futuro, será responsável por monitorizar os asteroides que acompanham Júpiter.

Já a segunda imagem foi captada a uma distância de 1,4 milhões de quilómetros da superfície terrestre e, se olhar com atenção, conseguirá ver um vislumbre da Lua à esquerda.

O que há para fazer (e ver) no caminho até Júpiter?

Após a manobra de aceleração e o procedimento previsto, o próximo marco importante para a Lucy será um sobrevoo a cerca de 370 quilómetros da Terra, no final deste ano, momento em que receberá uma segunda assistência gravitacional do Planeta Azul.

Desta forma, mudará a atual órbita, que apenas roça o principal cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter e que permitiu que visitasse o minúsculo asteroide Dinkinesh, ou “Dinky”, no início do passado mês de novembro.

Vejo o vídeo da NASA

A nova órbita resultante levará a nave espacial além do cinturão principal de asteroides, entre Marte e Júpiter, e a aproveitar a oportunidade para visitar o pequeno corpo principal da estrutura, de nome Donaldjohanson (em homenagem ao paleontólogo que descobriu o esqueleto Lucy), em abril de 2025.

Só após esse encontro, Lucy estará efetivamente a caminho de Júpiter e do domínio dos Troianos que partilham a órbita do gigante gasoso em redor do Sol. Primeiro vai visitar o “acampamento” de asteroides troianos antes do planeta, com foco em Eurybates e no seu satélite ou “lua” Queta, em agosto de 2027. Depois, terá outros quatro asteroides na região que sucede o planeta, e mais três luas, eventualmente fazendo uma visita final à Terra em 2031, dois anos antes que a missão chegue ao fim, em 2033.