Imagine um despiste, numa estrada secundária sem iluminação, no “meio do nada”, numa noite de inverno com temperaturas muito baixas. Alguém acaba por ver o carro acidentado, mas sem qualquer pessoa dentro e liga para o número de emergência com estas informações. Do outro lado, as autoridades decidem accionar a unidade de drones com câmaras térmicas que acabam por encontrar um indivíduo em menos de 20 minutos, caído numa vala. Se tais drones não tivessem sido usados, a pessoa, muito possivelmente, teria morrido.

Quem diz acidentes de viação em que seja necessário detetar pessoas invisíveis a “olho nu”, diz incêndios e outras catástrofes que impliquem acções de busca e salvamento ou de segurança pública. E é a para dar resposta a este género de situações que a DJI vai ter no mercado, dentro de poucas semanas, a Zenmuse XT2: uma câmara térmica que vai equipar os drones empresariais da marca.

A novidade resulta de uma parceria com a FLIR Systems, reconhecida na área dos sistemas de imagens de infravermelhos. O modelo da nova câmara baseia-se na Zenmuse XT, lançada pela marca em 2015.

Com um design robusto (Ingress IP44), capaz de “voar” numa variedade de condições adversas, desde chuva, as altas temperaturas e ao fumo, a Zenmuse XT2 tem uma câmara “visual” que oferece gravação vídeo 4K e fotos com 12MP. Estão disponíveis dois sensores térmicos de 640x512 e 336x256. Mas é pela “inteligência integrada” que a DJI destaca esta nova câmara, capaz de ver aquilo que é imperceptível aos olhos humanos.

MSX (Multi Spectral Dynamic Imaging), QuickTrack, HeatTrack, TmpAlarm, TempCheck e Isotherms são algumas das funcionalidades oferecidas, que na prática se traduzem por, por exemplo, centrar a câmara num determinado ponto, enquanto outro “filtro” diferencia as imagens por campos de calor. Já a função de alarme é capaz de reconhecer se determinado objeto está em risco de exceder uma temperatura que provoque uma explosão.

Foram estas e outras capacidades da nova câmara que ficaram demonstradas, perante jornalistas e parceiros, numa simulação de incêndio que a DJI organizou  em Enschede, na Holanda.

O local é “explorado” por uma organização, a Space53, que envolve o município, corporações de bombeiros, autoridades e instituições educacionais, mas também fornecedores de serviços e integradores de sistemas na área dos drones. “É um ecossistema muito importante que podemos aplicar a nível global, numa qualquer outra cidade”, explicou ao SAPO TEK Tautvydas Juskauskas, responsável pelo desenvolvimento de negócio da DJI Enterprise para a região EMEA.

“Portugal podia ser um bom exemplo de utilização de drones para combater os incêndios florestais”, sugeriu. De acordo com dados atuais, há mais de 50 mil incêndios florestais por ano na Europa, principalmente no sul. “Há corporações de bombeiros nessa região que estão a usar drones, não só para perceber a dimensão do fogo, mas também com câmaras térmicas, com o objectivo de detetarem os chamados hotspots nas áreas afetadas, que não podem ser vistos a olhos nu, mas que podem ser muito importantes para prevenir a propagação de um incêndio”.

A Zenmuse XT2 é compatível com os drones da série Matrice 200 e Matrice 600 Pro. Mas além da possibilidade de integração da nova câmara, que vai estar disponível nas próximas semanas, a DJI está também a assinalar o lançamento de uma nova versão do seu SDK, num esforço ainda maior de personalização, ao permitir instalar ou ligar a soluções e produtos de terceiros.